17.1 | Sororidade? Competição feminina?

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A L I C E


Meu Deus. Eu deixei bem claro o que eu queria, Alice.

Giovana alega, impaciente, parada bem em frente à minha mesa.

De pé, com os braços cruzados, a loira me encara com tanto ódio que é quase como se pudesse soltar jatos de fogo com o poder da mente. Se de fato pudesse, não tenho dúvidas de que já teria me acertado incontáveis vezes.

Mediante o meu silêncio, ela continua:

— Você claramente não me deu ouvidos.

Eu suspiro, exausta, recostando-me contra o estofado da cadeira. Acontece que eu estava bem cansada de toda essa situação.

Eu podia lidar com Giovana me ignorando.

Eu podia lidar com suas respostas curtas e grossas.

E também podia lidar com sua cara feia sempre que me via pelos corredores da empresa.

Mas eu definitivamente não podia lidar com isso.

Eu disse que ela estava me tratando de forma diferente, não disse? Pois bem. Estava mesmo.

Nos últimos dias, ela se empenhou bastante em transformar as minhas longas horas de trabalho semanal em um Inferno. E me dar ordens de cinco em cinco minutos.

Alice, faça isso.

Alice, faça aquilo.

Alice, você fez isso errado.

Alice, refaça isso.

Alice, por acaso você é surda?

Por Deus, eu estava a ponto de enlouquecer!

Mais um pouco e ela estaria me pedindo para levar Morgana, sua cachorrinha endiabrada, para o banho e tosa. Ou então preparar seu café.

Quando Felipe me disse, semanas atrás, que Giovana tinha seus surtos vez ou outra, eu não acreditei muito. Mas agora? Agora eu estava sentindo tudo isso na pele.

Era pavoroso. Horripilante.

Sempre que eu escutava sua voz chamando meu nome, calafrios percorriam meu corpo de forma instantânea. Era automático.

E o mais engraçado de tudo é que, aparentemente, ela estava agindo assim apenas comigo. Como se eu fosse o problema.

— Giovana, por favor... — minha voz sai em um sopro, tão baixa que ela quase não me escuta.

Eu juro que estava tentando, com todas as minhas forças, ser educada. Não levar para o pessoal. Mas estava ficando cada vez mais difícil.

Cansei de ser passiva.

Cansei de acatar suas ordens e responder aos seus comandos grosseiros com um sorriso no rosto e palavras gentis.

Eu não tinha sangue de barata. Se ela queria me tirar do sério, estava conseguindo.

— Por favor, Alice? — vocifera, sua voz soando tão aguda que, por um breve momento, preciso me esforçar para não pedi-la para se retirar. As pessoas do lado de fora com certeza estão escutando tudo, já que as paredes por aqui não são exatamente o que posso chamar de grossas. — Isso aqui está um lixo!

Então joga na minha mesa — sem cuidado algum, vale ressaltar —, todas as planilhas que eu levei, no mínimo, umas oito horas para fazer e organizar.

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