GIZELLY
Calcei meu chinelo, ajeitei meu cabelo em um coque frouxo e segui para fora da casa. Na metade do caminho pela garagem, escutei o trinco sendo destravado. Rafaella havia aberto o portão lá da cozinha onde ela está. Abri o mesmo e o sorriso de orelha à orelha que estava estampado no rosto de Flávio, morreu no momento em que ele me viu. Saí segurando o portão, impedindo dele bater e nos deixar do lado de fora. Permaneci com minha mão ali.
- Boa noite, Flávio!-
- Boa noite, Gizelly. A Rafa está?-
- Sim, está lá dentro.-
- É que fiquei de ver o Nini.-
- Eu queria bater um papo com você antes. Pode ser?- Perguntei e ele assentiu curioso. - Bom, é bem simples e rápido. Eu vou ser bem direta. Quero te pedir pra tratar dos assuntos em relação ao Nicolas comigo, a partir de agora.- Falei sem rodeios e ele franziu o cenho.
- Por que? O que houve com a Rafa? Ta tudo bem?-
- Sim, tudo bem com ela e com o seu filho.-
- Então por que eu tenho que tratar dele com você? Não entendo.-
- Porque se você não entende ou não sabe, eu sou a provedora da minha casa. E tudo em relação à eles, aos três, diz respeito à mim.- Eu tentava manter meu tom calmo e sereno. Mas ele já estava ficando nervoso com a confusão, porém, também mantinha o nível.
- Mas é meu filho, Gizelly. E você não pode fazer isso.-
- Posso e estou fazendo! Não estou aqui por minha conta. Rafa e eu conversamos e essa foi uma decisão das duas. Afinal, ela não é a mãe?- Falei e ele soltou uma risada sem humor.
- Gizelly, me desculpe! Te respeito pra caramba, mas isso não ta certo. Não tenho que falar nem combinar nada sobre meu filho com você. Não aceito isso, ele tem uma mãe e....-
- Ei? Baixa a bola!- Falei mais ríspida e logo me acalmei para não alterar o tom. - Você prefere levar para o lado mais formal?- Perguntei num tom mais calmo e ele me olhou ainda mais confuso. - Se você quiser, nós levamos. Aí você responde alguns processinhos, e eles englobam não só o abandono, mas também as necessidades de alimentação, a assistência médica e psicológica, exames, internações... O próprio parto, medicamentos, necessidades, os tratamentos durante a gestação as quais você esteve por fora de tudo, e mais algumas coisinhas que não vou pontuar agora.- Falei de uma só vez e suspirei antes de continuar: - É muita coisa representando os nove meses que você esteve fora.- Terminei minha fala e o vi com os olhos espantados. - Então? Vai querer enfrentar a Rafaella na justiça? Porque se quiser, estamos aí. Você volta pra casa daqui mesmo e só ver seu filho depois da decisão do juiz.- Ele engoliu em seco. Firmei meu tom de voz antes de continuar. - Tenho todas as provas de que eu estive ao lado dela, quando ela esteve sozinha Flávio. As despesas durante a gravidez, as contas em meu nome no período em que ela esteve de licença. Tudo!-
- Olha Gizelly, não quero criar confusão entre a gente. Eu só quero poder ver meu filho em paz.- Sua voz saiu um pouco medonha.
- Não era o que parecia. Parecia que você estava usando esse privilégio para se reaproximar da Rafa e alimentar seus caprichos.-
- Ta louca, Gizelly?! Eu amo meu filho. Jamais usaria ele.-
- Espero que seja sincero quando você diz isso. Porque seria uma vergonha, um homem desse, usando um bebê de apenas seis meses pra conseguir o que quer.-
- Jamais faria isso...- Disse por fim e um silêncio se instalou por alguns segundos, ele logo voltou a dizer.
- Você pode trazer meu filho aqui fora?-
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Procura-se uma Mãe! 2 Parte final.
FanfictionÚltima parte e final de Procura-se uma mãe.