09: A generosidade de Áster

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Cartas: Morte, Dez de Espadas, Cinco de Copas, A Torre.


Áster estava claramente se divertindo.

Enquanto sobrevoavam a cidade, conseguia vez os antigos colegas de trabalho no desfile de rua, e Abigail entre eles, com seu vestido listrado, segurando na porta aberta ele ria das reações que podia enxergar.

— Eu ainda não acredito que você investiu uma noite inteira nisso, Abigail vai querer te matar... Você não está morrendo de sono? — Quimera perguntou, o puxando um pouco pela cintura para que se afastasse da beirada da porta do dirigível, vendo que ás vezes o outro chegava a colocar um dos pés casualmente para fora.

— Dálio você consegue sossegar por cinco minutos? — Emília ralhou com o ruivo, que já tinha ido em todas as janelas, verificado algumas das caixas e sentado em várias posições de assentos do zepelim.

— Eu estou experimentando, tá bom? Eu vinha na carroça nas viagens, na carroça! Uma vez eu vim junto com dois cavalos. — ele reclamou, experimentando um chapéu de palhaço e depois jogando de lado, se aproximando de Emília saltitando e ocupando o lugar ao lado dela.

— Dálio... Não acha que pular aqui poderia causar um acidente? — foi Jade quem perguntou, sentado afastado da janela, fechando os olhos sempre que arriscava ver a altura.

— Relaxa, relaxa.

— Pra onde nós vamos? - Quimera perguntou, entrelaçando o braço ao de Áster ao caminhar com ele, que tirou as bagunças de um dos assentos para ela se sentar em seguida.

— Pode dar a volta pela colina — ele se aproximou e tocou o ombro de Narciso — Tem outro campo aberto, vamos ficar lá. — Áster terminou, se voltando para Quimera novamente.

— Mas e o trem? — ela perguntou e Dálio se virou para trás, ajoelhando no assento para ver Áster também.

— Não se preocupe. — Áster respondeu, mas sabia como Quimera funcionava. Ela parecia concordar, mas assim como ele tinha mania de analisar muito as coisas, por mais que ele fosse pelo viés de experimentar e ousar, e ela pelo viés de se preocupar — Confie em mim. Eu sou um Mágico, afinal. — ele sorriu e ela acabou cedendo um sorriso também.

Narciso entendia tudo de máquinas e consertos, já tinha aprendido a pilotar o dirigível quando trabalhavam para Abigail, então bastou relembrar o que já sabia para estacionar muito bem, posando aonde Áster indicou.

A porta foi mantida aberta, e antes mesmo que o dirigível tocasse completamente o chão, Dálio foi o primeiro a sair dele, girando no lugar para ver o campo.

Primavera, próximo a um rio, um campo aberto, não poderia dar em outra coisa. Vários tipos de flores rasteiras e árvores preenchiam o lugar completamente, o sol forte era parado pela sombra das árvores, algumas delas tinham até frutas prontas.

— Eu não acredito nisso, como é que eu não vim aqui antes? Emília sai de dentro, vem ver!

— Não. — ela respondeu sentada, mas Dálio resmungou e correu para o dirigível, a puxando pelo braço para o lado de fora, mostrando e apontando para todas aquelas cores, enquanto a expressão dela não mudava em nada.

— Que lugar... Perfeito, É o outro lado do rio? — Quimera perguntou.

— É uma nascente diferente, mas os dois desaguam naquele perto do trem. — Áster contou, apontando.

Na temperatura infernal de Aquino Branco, em preparação para o verão que chegaria assim que a primavera acabasse, ficar perto do rio, na sombra das árvores sentando nas pedras frias, era literalmente o lugar mais fresco da cidade para se estar, e as chuvas fortes do verão fariam o rio encher demais. Aquele era um bom momento, calor o suficiente, mas não correndo o risco de trombas d'água.

A Queda de ÁsterOnde histórias criam vida. Descubra agora