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— Ah, você chegou... — Quimera cumprimentou, assim que o de cabelos cacheados voltou da rua, depois de ir a venda e passar na casa de Nilo sem encontrá-lo ele tinha ligado para Santiago também sem sucesso, então a solução foi voltar logo para o trem, antes que escurecesse.Era fim de tarde do outro dia. Áster não se levantou da cama cedo para preparar nada, então todos num acordo silencioso supuseram que ele não viria comer, e assim foi.
Só saiu mais tarde, não falando muito, provavelmente exausto depois de toda a confusão, Jade o sentiu revirar na cama algumas vezes, mas preferiu deixá-lo em paz.
— Sim, fui comprar algumas coisas que estão acabando. — Ele sorriu, mostrando um pouco do que tinha pego — Quer ajuda aí? — Perguntou, colocando as sacolas de lado e se agachando ao lado da moça, segurando os ramos das plantas para lhe passar a medida que pedisse.
Olhando ao redor, via Narciso construindo alguma coisa com madeira, Emília estava dentro de seu vagão e Dálio que acenou para Jade bisbilhotava o serviço do outro, comendo um cacho de uvas.
— Aonde Áster está?
— Deve estar no campo, colhendo coisas pra chá, acho que vi ele saindo do vagão, mas já faz um tempo. Ele disse que quer que todo mundo desça pra casa. — Quimera respondeu, e o mais novo assentiu, cruzando os braços e se escorando numa das árvores, segurando as folhas. Ele realmente saía com certa frequência, na maioria das vezes voltando com muitos Dentes-de-Leão.
A moça lhe encarou sem que ele notasse, se aproximando um pouco também — Ele ficou quieto de novo não é?
Jade deixou de encarar o vagão amarelo que tinha a porta aberta, se voltando para ela — Hm?
— Áster. De vez em quando ele simplesmente se fecha, ou fica calado por dias. Nós estamos acostumados, talvez você não esteja.
— Eu entendo, também me canso fácil quando fico cercado de pessoas, além do que foram mesmo dias difíceis. Fora o fato de ele ter que dividir o vagão com alguém.
— Mas Áster gosta de você, não é nada pessoal, nunca é. E Lisandro já foi, Narciso teimou e lavou o colchão pra você quando quiser voltar, se estiver achando estranha a situação, e tudo mais.
Jade ajudou, cavando com ela para que colocasse a muda de agrião. — Eu não vou voltar pro terceiro vagão por enquanto... — Comentou, sem realmente falar que foi Áster quem pediu que ele o fizesse companhia, e ficasse com ele — Não sabia que gostava de jardinagem também.
— Não é o meu forte, mas vou tentando passar o tempo. Estou pensando em descer e ajudar Esmeralda com quitandas por uns dias, mas vou esperar Áster melhorar pra pedir a opinião dele.
O outro franziu o cenho — Não acho que precise disso. Ele te adora e quer te ver bem, acho que você pode ir sem se preocupar, a partir de amanhã se quiser. Eu mesmo falo com ele, quando ele acordar.
Quimera pensou por um instante, abrindo o sorriso gengival — É verdade, né?
— Claro. — Ele assentiu, e ela sorriu de volta.
Eles cuidavam do lugar ao redor e saíam para o rio com muita frequência, quando não isso, jogavam jogos de tabuleiro ou cartas juntos, ouvindo música, bebendo chá. Mas talvez depois de trabalhar tanto na vida, viajando por todo lado e fazendo mais de uma apresentação por dia no Candace, Quimera tivesse se acostumado a ter o que fazer o tempo todo, tanto que ela era quem mais ia para o Arcana, ensaiar e dançar por lá, seguida por Emília e Dálio por último, sendo que Narciso geralmente ia para fazer companhia para quem fosse para a tenda, se ele não estivesse ocupado mexendo no trem, cortando lenha ou ajeitando a escada improvisada da colina.
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A Queda de Áster
Fantasy18+ Áster é um mágico e ilusionista trambiqueiro de primeira linha que viaja com seus amigos de volta à sua antiga cidade com o circo, o Arcana, no entanto suas intenções vão além de fazer apresentações e shows. Quando um objetivo obscuro assombra...