13: Respirando contra meu rosto, surpresa

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— Só temos o sofá, o que você acha? — ele devolveu depois de um momento, esperando uma resposta, colocando o copo com água no chão.

Pessoas tão altas como eles não caberiam no sofá nem sozinhos sem dobrar as pernas.

Dividir um espaço pequeno então era impossível, fora o fato de que o de cabelos longos certamente iria ignorar a possibilidade que era remota e absurda, afinal ele estava doente e seria estranho.

Áster não estava em condições de manter uma conversa, no entanto.

Antes que Jade pudesse perguntar de novo, a sala já tinha se tornado silenciosa exceto pelo ressonar do outro. Sentado no chão, na penumbra, ele ficou parado por um tempo observando os padrões de desenho do tapete surrado antes de se virar e colocar o lençol sobre Áster, encarando o rosto adormecido sob a pouca luz.

Ele encarou e encarou, até levantar o indicador prestes a tocar a bochecha do mais velho. — Como você pode dormir assim, hein? — murmurou.

O que tem de errado com essa pessoa?

Agindo sem pensar, ou pensando em coisas absurdas a ponto de chegar no estado em que estava, e depois dormindo na casa de alguém totalmente desconhecido.

Bom, de qualquer maneira ele parecia estar realmente muito mal.

— Você bateu a testa quando caiu? Tem alguma coisa de errado com a sua cabeça? Hm? — Jade murmurava, quando mudou de ideia sobre pressionar a bochecha do outro para ver se havia alguma marca na testa, mas mesmo dormindo Áster se retraiu do toque.

Sem conseguir responder a pergunta de um jeito satisfatório, ele colocou as roupas de Áster com rum derramado dobradas em cima do par de botas, se escorando no sofá, dando um longo suspiro, apoiando a cabeça e fechando os olhos.

Balançando a cabeça ele se aproximou da pequena televisão CRT, ligando.

O televisor piscou antes de acender, super luminoso e barulhento, o fazendo saltar no lugar e apertar o botão de mudo, olhando para trás com os lábios pressionados. Áster nem se mexeu no sofá mesmo depois disso.

Jade suspirou em alívio, pegando o controle e deixando o volume mínimo, colocando num dos canais em que passavam novelas durante a madrugada inteira, e desenhos animados logo antes de amanhecer.

Nas semanas antes que deixasse a capital, era assim que ele virava as noites, se possível também com algum livro em mãos, para evitar pensar demais, na verdade para evitar ouvir qualquer pensamento seu. Dessa vez com os olhos vidrados na tela ele assistia um filme.

"Colocarei tudo de lado e pedirei que acabe com a minha agonia."

"Não entendo.

"Eu te amo. Ardentemente"

...

— Cara? — Jade puxou o ar surpreso olhando em volta tentando se situar, mas soltando uma pequena interjeição de dor. Tinha dormido sentado no chão, apoiado contra o sofá, era Nilo quem tinha acabado de entrar pela porta, já era manhã e ele nem tinha se dado conta.

No momento não havia parte de seu corpo que não estivesse doendo. — Ai...

— O que tá fazendo no chão? — os olhos de Nilo desviaram para a pessoa no sofá, deitada de costas para a porta, os cabelos cumpridos tinham parcialmente escorregado para fora do sofá, indo de encontro ao tapete.

Jade também ficou surpreso, Áster esteve tão quieto que ele chegou a se esquecer de que ele estava ali. Ao menos isso queria dizer que ele não tinha voltado a passar mal. — Cara, eu fiquei fora por umas horas e você já trouxe uma dama pra cá? — Nilo perguntou, trazendo a atenção de Jade novamente para si.

A Queda de ÁsterOnde histórias criam vida. Descubra agora