05: Farei uma estadia no purgatório

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Carta: 6 de Espadas Reverso

(Problemas a caminho, falta de progresso)

Curiosidade: Áster nasceu no dia 06/06


Os gritos foram altos, enquanto Áster caía sem parecer desacelerar ou estar sendo segurado por algum cabo.

Jade descruzou os braços, de longe vendo o acidente acontecer. Assim que o corpo tocou o chão, uma grande quantidade de pétalas de flores diversas supitou de suas roupas, levantando uma nuvem colorida, enquanto as luzes piscavam algumas vezes, como se estivessem estragadas.

Ele desapareceu em meio as flores, ou se transformou nelas, era difícil dizer.

As pessoas se levantavam de seus assentos, crianças começaram a gritar também, e o restante estava simplesmente estático no lugar.

Foi o momento em que as luzes deixaram de piscar, e focaram nas escadas largas entre os assentos com estepe, em volta do picadeiro.

Áster descia calmamente, com um sorriso amplo e o par de caninos levemente destacados, abrindo os braços quando a pequena multidão se colocou de pé, tanto para vê-lo quanto para aplaudir, dessa vez sem a ajuda de Dálio para puxar as palmas.

As roupas de Áster tinham mudado já que o sobretudo foi deixado no chão no meio do palco com aquela pilha de flores, uma bengala com cabeça de harpia prateada em sua mão era o que ele usava para se mover sem problemas, de seus ombros tule fino e roxo se arrastava até o chão como uma capa a medida que ele descia retornando à sua posição.

Era difícil distinguir os comentários, as crianças maiores estavam eufóricas, e todos os adultos com companhia tinham algo a comentar. Quem veio sozinho se virava para o lado, afirmando o que ouvia.

— Eu não consigo acreditar... — Lisandro comentou ficando ao lado de Jade, batendo palmas e encarando Áster sem piscar, os olhos azuis brilhando refletindo as luzes no picadeiro.

— Bom... Ele combina com o nome dele. — Jade acabou respondendo, passando a bater palmas também, tinha que admitir.

Áster realmente era um astro, uma estrela.

A Cabaretier voltou a anunciar seu nome com todas aquelas firulas. Áster diminuiu o sorriso enquanto as luzes também diminuíam a intensidade, ele retirando um baralho de sua cartola depois de virar o chapéu ao contrário e nada cair, manipulando as cartas nas mãos com maestria sem sequer olhar para o que fazia, chamando alguém do público para cooperar, fazendo uma adivinhação de cartas e acertando, diante dos olhos de todos, e dizendo ao convidado para que retornasse ao seu lugar.

A cada passo dele, uma salva de palmas se erguia.

São Aquino Branco tinha uma nova estrela, ainda que temporária, e certamente não falaria de outra coisa nos próximos tempos.

Quando ele terminou sua apresentação de abertura, que eram uma amostra do que ele faria, chamou os quatro amigos para agradecerem no palco.

O cheiro de quitandas e pipoca voltou a ficar evidente quando a lona se abriu com um aceno de mão de Áster — Estejam todos convidados para comprar dos produtores locais.

Até mesmo esse gesto que devia estar sendo coordenado por alguém segurando a lona gerou mais burburinhos surpresos.

As luzes se apagaram no palco, iluminando apenas a saída, e aos poucos a tenda se esvaziava novamente. Lisandro chamou homens que provavelmente trabalhavam para ele para ajudar a organizar a bagunça, e os cinco não estavam em nenhum lugar que se pudesse ver até então.

A Queda de ÁsterOnde histórias criam vida. Descubra agora