41: Paredes contam segredos

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AJUSTES FEITOS AO ENREDO: Jade não tem mais a profissão de policial, isso foi REMOVIDO. Se por acidente em algum lugar ainda estiver constando essa informação, apenas desconsidere. O casal principal agora está em maior evidência, e pequenos detalhes cruciais foram adicionados nos capítulos: 2, 23, 33. O capítulo 36 ganhou acréscimos de cena. O capítulos 23, 24, 25 são do passado de Áster, com alguns toques novos... E esse também.


PASSADO

Enquanto aquela criança de treze anos descia com a cadeira de rodas, o outro esperava sentado nos degraus, observando, já que não podia ajudar. No andar de baixo a cada já não era mais tão mal iluminada, e como era dia, não haviam barulhos estranhos, apenas os pássaros do lado de fora de uma manhã pacífica.

Michel conseguiu posicioná-la corretamente, e a travou no chão, antes de passar o dorso da mão pela testa e suspirar depois de ter tão trabalhosamente descido com a cadeira — Pronto! — Anunciou e subiu a escada depressa, oferecendo ajuda a Elói para que ele pudesse se colocar de pé também. Não conseguia se firmar no chão, mas conseguia dar passos adiante, o que facilitou para que pudesse descer as escadas com ele, sendo ajudado degrau por degrau.

— Não tinha que fazer isso, Michel... De verdade. — O loiro sussurrou, com a expressão de quem não se achava importante o suficiente para demandar o menor esforço. Michel clicou a língua e continuou descendo, ainda sem responder.

O pai de Elói estava fazendo coisas muito estranhas com ele, além dos abusos físicos. Ele estava mantendo o filho cativo e ignorado numa casa estranha como aquela, fora os frascos de sangue que esse rapaz bebia sem saber.

Era nojento, repugnante.

O mais novo não dormiu durante a noite, pensando sobre tudo isso. A única boa referência que tinha era de Nora. Fora a parte de ela ter ido embora, durante todos os anos em que viveu com a mãe não houve um único dia em que ela lhe tratou mal, ou feriu sua dignidade. Quando passeavam pela cidade que ficava perto da fazenda, ela garantia que ninguém fizesse nada de ruim com ele.

Por isso achou que era muito injusto que Elói não tivesse alguém assim por ele ali — É só um pouco de sol todo mundo precisa de sol... — O albino murmurou, começando a empurrá-lo na direção da porta. É claro que secretamente seu coraçãozinho estava acelerado e temeroso, afinal não podia agir livremente há anos, apenas a ideia de escapar por algum tempo naquela casa o afligia com medo.

Estavam sozinhos na casa, exceto pela empregada, que logo apareceu — ...O que está acontecendo, o que está fazendo? — Ela perguntou gaguejando, sem se aproximar deles, secando as mãos.

O mais novo balançou a mão — Nós queremos ir lá fora, não conte a ninguém. Se quiser pode vir, não tem que ficar limpando a casa o dia inteiro, a gente não vai contar se for lá fora um pouquinho também. Né, Elói?

O mais velho sorriu — Claro que não.

Ela pareceu ainda mais preocupada — M-mas... Seu Salomão não permitiu nada disso, se ele vir...

— Não vai. — Michel respondeu, enquanto ajudava o outro a sentar na cadeira.

— Mas a dona Elisa deve voltar... Eu não sei se deviam estar aqui embaixo, eles vão brigar com vocês...

— Por que não cala a boca? — A mulher piscou, quando Elói voltou a falar, dessa vez já acomodado, num tom ríspido e impaciente. Nenhum dos dois disse nada, até que ele suspirasse cobrindo o rosto com as mãos — É terrível ficar lá em cima. Não ver a luz do dia. Será que não posso ficar um pouco com meu irmão do lado de fora, sem que ninguém brigue com a gente?

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⏰ Última atualização: Jul 01, 2022 ⏰

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