🎪
A estranheza perdurou por um tempo.
A casa do prefeito ficava na área mais privilegiada da cidade, mas não era um bairro residencial no qual várias casas foram feitas uma ao lado da outra e sim com lotes espaçosos e cheios de verde, como ainda era primavera a maioria florida. Com isso, tiveram que atravessar e sair do jardim, e andar um quarteirão até ver movimento de pessoas transitando novamente.
Era o limite de Áster, grudado naqueles dois que aos seus olhos eram patetas. Um mais que o outro, mas ainda assim.
— Com licença cavalheiros, mas aonde estamos indo os três? — ele resolveu perguntar, já que nenhum deles se desgrudou nem falou coisa alguma.
— Desculpe... Eu só... — ele começou, mas não terminou o que dizia.
— Vamos continuar andando ou ficar nessa ciranda parada no meio da rua? — Áster relembrou e os três voltaram a caminhar, mas ainda estavam grudados.
O Mágico deixou isso de lado, afinal ter em quem se escorar não era de todo ruim, pensando em outras coisas. Lisandro é claramente uma pessoa pacífica e até boba ao extremo, pela imaturidade da idade, e provavelmente por ter vivido até então sob a proteção do prefeito, literalmente o homem mais poderoso da cidade.
Lidar com pressões não eram o forte dele, certamente o motivo de ter reagido de maneira exagerada. Outra hipótese era que estivesse na fase de rebeldia.
De qualquer maneira, Áster achava que sabia bem até onde devia levar certas coisas, e não queria que suas mentiras por conveniência ou brincadeiras se esticassem entre o relacionamento de duas pessoas que só tinham um ao outro em termos de família.
— Lisandro, você não tinha que ficar tão bravo com seu pai só por conta de... Bom, você não tinha, é isso que eu queria dizer, não quero me envolver no drama de vocês a esse ponto. — ele resolveu falar.
No entanto o outro parou no lugar enquanto ele ainda terminava, retirando o braço unido ao de Áster — E o que você sabe, Áster? Hã? Eu não faria isso sem motivo, você não entende nada.
O Mágico franziu o cenho e fechou completamente a expressão, porque aquela voz alterada não era o que esperava no momento por mais que Lisandro já tivesse se alterado minutos atrás.
— Com licença? Observe seu tom garoto, se não quer conselhos ouça coitado depois, mas não ouse falar assim comigo.
O de cabelos longos não foi flexível, afinal aquele Barentino era só um garoto com questões de apego e olhos funcionando para entender que Áster era uma pessoa bonita, um excelente estepe para alfinetar o prefeito.
Fora isso, que tipo de conversa ou aprofundamento tinham tido para que ele tivesse alguma importância substancial?
Lisandro por outro lado o encarou por dois ou três segundos de olhos arregalados, antes que esses começassem a lacrimejar.
— Não. — Áster apontou para ele da mesma maneira que fez com Pégaso antes, e assim como foi da outra vez não adiantou nada.
O filho do prefeito realmente começou a chorar sem fazer nenhum som, mas deixando que as lágrimas caíssem.
Áster estava sem ação.
A única coisa que conseguiu fazer foi se aproximar de Kader o empurrando sutilmente e cochichar — Jared, faz alguma coisa.
Jade apontou para si mesmo — Eu? Foi você quem brigou com ele. — ele sussurrou de volta.
— Mas você é o neutro é você quem tem que consolar essa criança.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Queda de Áster
Fantasy18+ Áster é um mágico e ilusionista trambiqueiro de primeira linha que viaja com seus amigos de volta à sua antiga cidade com o circo, o Arcana, no entanto suas intenções vão além de fazer apresentações e shows. Quando um objetivo obscuro assombra...