10: Temporada assustadora

97 12 64
                                    


🎪

A estranheza perdurou por um tempo.

A casa do prefeito ficava na área mais privilegiada da cidade, mas não era um bairro residencial no qual várias casas foram feitas uma ao lado da outra e sim com lotes espaçosos e cheios de verde, como ainda era primavera a maioria florida. Com isso, tiveram que atravessar e sair do jardim, e andar um quarteirão até ver movimento de pessoas transitando novamente.

Era o limite de Áster, grudado naqueles dois que aos seus olhos eram patetas. Um mais que o outro, mas ainda assim.

— Com licença cavalheiros, mas aonde estamos indo os três? — ele resolveu perguntar, já que nenhum deles se desgrudou nem falou coisa alguma.

— Desculpe... Eu só... — ele começou, mas não terminou o que dizia.

— Vamos continuar andando ou ficar nessa ciranda parada no meio da rua? — Áster relembrou e os três voltaram a caminhar, mas ainda estavam grudados.

O Mágico deixou isso de lado, afinal ter em quem se escorar não era de todo ruim, pensando em outras coisas. Lisandro é claramente uma pessoa pacífica e até boba ao extremo, pela imaturidade da idade, e provavelmente por ter vivido até então sob a proteção do prefeito, literalmente o homem mais poderoso da cidade.

Lidar com pressões não eram o forte dele, certamente o motivo de ter reagido de maneira exagerada. Outra hipótese era que estivesse na fase de rebeldia.

De qualquer maneira, Áster achava que sabia bem até onde devia levar certas coisas, e não queria que suas mentiras por conveniência ou brincadeiras se esticassem entre o relacionamento de duas pessoas que só tinham um ao outro em termos de família.

— Lisandro, você não tinha que ficar tão bravo com seu pai só por conta de... Bom, você não tinha, é isso que eu queria dizer, não quero me envolver no drama de vocês a esse ponto. — ele resolveu falar.

No entanto o outro parou no lugar enquanto ele ainda terminava, retirando o braço unido ao de Áster — E o que você sabe, Áster? Hã? Eu não faria isso sem motivo, você não entende nada.

O Mágico franziu o cenho e fechou completamente a expressão, porque aquela voz alterada não era o que esperava no momento por mais que Lisandro já tivesse se alterado minutos atrás.

— Com licença? Observe seu tom garoto, se não quer conselhos ouça coitado depois, mas não ouse falar assim comigo.

O de cabelos longos não foi flexível, afinal aquele Barentino era só um garoto com questões de apego e olhos funcionando para entender que Áster era uma pessoa bonita, um excelente estepe para alfinetar o prefeito.

Fora isso, que tipo de conversa ou aprofundamento tinham tido para que ele tivesse alguma importância substancial?

Lisandro por outro lado o encarou por dois ou três segundos de olhos arregalados, antes que esses começassem a lacrimejar.

— Não. — Áster apontou para ele da mesma maneira que fez com Pégaso antes, e assim como foi da outra vez não adiantou nada.

O filho do prefeito realmente começou a chorar sem fazer nenhum som, mas deixando que as lágrimas caíssem.

Áster estava sem ação.

A única coisa que conseguiu fazer foi se aproximar de Kader o empurrando sutilmente e cochichar — Jared, faz alguma coisa.

Jade apontou para si mesmo — Eu? Foi você quem brigou com ele. — ele sussurrou de volta.

— Mas você é o neutro é você quem tem que consolar essa criança.

A Queda de ÁsterOnde histórias criam vida. Descubra agora