23: Michel

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Faixas de luz amarelada atravessavam as cortinas transparentes dessa cor, trazendo calor para a salinha já cheia de brinquedos e livros espalhados

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Faixas de luz amarelada atravessavam as cortinas transparentes dessa cor, trazendo calor para a salinha já cheia de brinquedos e livros espalhados. Talvez a maior parte não fossem brinquedos de verdade, mas desde a hora em que acordava iria passear pela casa e recolher tudo o que "precisaria" usar. Talvez alguns copos, talheres, insetos e vasos de planta estivessem envolvidos nisso.

A criança tinha os cabelos de um tom esbranquiçado que passava um pouco dos ombros, com um dos dedinhos esticados para mexer nas plantas que cultivou há um tempo junto da mãe. Mas para seus sete anos de idade ainda havia alguma dificuldade em aprender tudo sobre elas, e não entendia bem todas as palavras dos livros para ler e compreender corretamente — Qui-me-ra.

Sua leitura ainda saía soletrada por conta de certas sílabas, mas a mãe dele tinha dito que com treino logo iria ser igualzinha à dela mesma, então ele pensou que era melhor ler todos os dias, para que isso acontecesse.

— Michel... — Ele piscou, ouvindo a voz da mãe vinda da varanda da casinha — Pela quinta vez, venha tomar sol. Agora.

— Não posso...! Eu assistindo elas. — Se virou novamente para os vasinhos, sentado no chão de perninhas cruzadas, com um dos livros com as fotos das plantas ao seu lado, conferindo as imagens tentando achar as correspondentes a aquelas plantinhas.

A mulher de cabelos longos, escuros e ondulados que combinavam com a pele se aproximou com as mãos no quadril, e suspirou vendo o menino ainda ali. O sol logo ficaria forte demais para ele, Nora precisava apressá-lo, mas Michel parecia estar totalmente focado naquilo, já que ela disse que no início da primavera elas iriam florir.

— Mesmo se você ficar aí olhando elas não vão crescer — Ela disse.

O outro arregalou os olhos violeta que ficavam mais vibrantes durante o dia, se voltando para ela imediatamente — Elas não vão?

— É claro que sim, não era o que eu queria dizer, só não crescem da noite para o dia, é isso. — Nora se corrigiu, pressionando o indicador na ponta do nariz do menor — Você está fazendo um ótimo trabalho, floquinho.

Michel por outro lado ainda tinha o cenho franzido, esfregando o nariz dolorido que ela tinha tocado. Se não era o que ela queria dizer, então porque não disse o que queria dizer?

— Que mulher mais confusa... — Ele murmurou, se sentando de novo, mexendo numa mecha do próprio cabelo.

— Pare de repetir tudo que ouve nos filmes — A mais velha reclamou, acabando por se ajoelhar para ficar ao lado dele também, mirando os olhos castanhos para os vasinhos de plantas na janela aberta, recebendo a brisa da manhã — Já escolheu um nome para todas elas?

— Elas já têm nome, por que mudar?

— Você gosta delas? — Ela inclinou a cabeça para ele aproveitando a deixa para arrumar o cabelo cumprido do menor, que assentiu — E você se lembra do nome de todas elas? — Michel negou — Então como diz que gosta tanto, narizinho queimado?

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