Antes de realmente irmos ao cinema, JJ tomou uma rota diferente para comprar milk shakes e batatas fritas no McDonalds. Meu coração meio que palpitava dentro do peito, parte por vergonha da última vez em que nos encontramos, parte porque ele realmente estava lindo. Decidi varrer qualquer tipo de pensamento quando o carro morreu no estacionamento. Paguei pelos ingressos da última fileira e, durante o caminho até as poltronas, JJ segurou a minha cintura de um jeito carinhoso e protetor, me guiando para que eu não tropeçasse e acabasse de cara no chão
– como na noite do plano horrível de John B e Sarah, em que terminei a noite cuspindo uma cachoeira de sangue. Tomei o meu assento, apoiando a cabeça na parede e ele veio logo depois. Enfiei a mão na sacola de papel para pegar a batata ao passo que JJ abria a tampa do milkshake.- Como está a boca? - perguntou com um quê de sarcasmo que me fez querer socá-lo, e socá-lo de verdade.
- Ótima - dei de ombros, abrindo um meio sorriso falso.
Depois de mergulhar um palitinho dentro do copo, levei até a boca e comi. Ele fez o mesmo, rindo ao me encarar.
- Sabe que não precisa ficar env...
- não estou. - interrompi. - Hoje estou plenamente consciente das minhas ações, das regras e dos limites que você estabeleceu entre nós.
Pensei que JJ ficaria ofendido ou magoado, mas não. Na verdade, o sorriso em seus lábios cresceu, lindo e absurdamente malicioso.
- Ok. Então você não se importa se eu... Beijar aqui – enrijeci ao sentir seus lábios roçarem no meu pescoço. – Não é?
Oh, céus.
O ar parou de circular nos meus pulmões. Fiquei imóvel por alguns segundos, reprimindo meus desejos primitivos e neguei com a cabeça.
- Sim – respondi, com meus olhos fechados. - Eu vou me importar porque... Porra, você vai estar cruzando os limites, JJ. E se você fizer isso de novo, eu juro por Deus que vou arrancar as suas bo...
- Então pare de me puxar, princesa.
- O quê?
- Suas mãos, Kiara. Eu não estou te segurando. É você quem está me puxando para perto.
Oh.
O impacto das suas palavras me fez voltar à realidade. Minhas mãos estavam enroscadas em sua nuca, acariciando os fios loiros. Me afastei subitamente, sentindo minhas bochechas aquecerem. Ele riu baixo, recostando em seu lugar ao enfiar um punhado de batatas na boca.
Meus ombros murcharam no momento que os créditos iniciais surgiram. Começamos a reclamar sobre como os trailers eram demorados e, depois, quando passei a elogiar a beleza incontestável de Bradley Cooper, JJ revirou os olhos e colocou a mão na minha boca. Mordi seus dedos com força e ele gritou tão alto que achei que fôssemos ser expulsos. Não aconteceu. Precisei me esforçar para conter a risada quando a primeira cena do filme começou.
- Que filme é esse? – perguntou, roubando as minhas batatas.
- 365 dias – respondi. -A Sarah disse que é ótimo e cheio de ação. Achei que você iria gostar.
Ok. Um cara morreu. Uma mulher gata parecia no meio de uma reunião de emprego e... Ela começou a usar um vibrador? Oh. E o outro cara –o sobrevivente musculoso - recebeu um boquete.
Uma nuvem enorme e pesada de constrangimento cobriu a minha cabeça quando JJ deu uma risada fraca. Quis que a poltrona me absorvesse, engolisse outra dimensão – qualquer uma que me me mandasse para impedisse de viver aquele momento.
- Realmente, é cheio de ação. - disse com uma risada sarcástica que fez meu rosto inteiro arder. - Eu amei.
Soquei o seu braço.
- Eu vou matar a Sarah.
- Jesus, eu tenho certeza que acabei de ver o pau dele.
Soltei uma risada, chupando o milkshake pelo canudo ao olhar para qualquer lugar que não fosse a maldita tela. Quando toda a cena constrangedora passou, JJ ergueu o suporte de copo e me puxou para perto. Seu braço rodeou meus ombros e eu me aconcheguei no peito dele.
- Esse cara é um psicopata - resmunguei, franzindo a sobrancelha.
- Ufa, achei que você fosse defender ele igual fez com o Da...
- Não ouse trazer Damon Salvatore para essa discussão! – exclamei subitamente.
JJ riu, olhando fixamente para mim.
- Shhh! – algumas pessoas da fileira de baixo sussurraram.
Nossos ombros murcharam e eu voltei a me aconchegar nele. Então, surgiu a cena do banheiro. Quando Massimo pegou Laura pelo pescoço quase engasguei. Eu não era uma pervertida – principalmente levando em consideração a minha falta de experiência - mas... Meu Deus.
JJ deve ter percebido porque senti seu corpo tremer em uma risada e sua mão correr pelas minhas costas delicadamente.
-O que foi, princesa? Isso é uma indireta para eu fazer o mesmo com você?
Não quis socá-lo – o que era uma grande surpresa -, mas só porque a minha mente estava ocupada demais pensando em... Não.
Eu precisava parar.
- Não – ri fraco. - Isso é coisa de gente apaixonada, lembra?
Seus dedos adentraram nos meus cachos, acariciando a minha nuca de um jeito que me fez amolecer.
- É. Tem razão – disse, com os lábios grudados na minha têmpora em um beijo gentil.
☁️
Depois de ter passado por mais um estágio do meu purgatório na terra - e com isso eu me referia especificamente aos momentos constrangedores –, JJ me levou para casa. A garagem estava vazia, então não ameacei cortar as suas bolas fora quando ele pulou do carro.
- Que horas o teu pai chega? – perguntou enquanto eu destrancava a porta.
- Não sei, toda vez é uma surpresa.
Entrei, mas JJ continuou parado em cima do tapete como uma visita. Quase fiz uma piada sobre ele ter esquecido como usar a porta da frente porque sempre pulava pela janela para me ver, mas era meio trágico então resolvi deixar para lá.
- Não vai entrar?
Ele negou com a cabeça.
- Não quero que seu pai espanque o meu lindo rosto com um taco de beisebol – brincou, colocando as mãos dentro da jaqueta jeans.
Encostei meu corpo no batente, tão perto dele que senti sua respiração quente passear por mim.
- Tem razão.
- Você acabou de concordar?
Franzi as sobrancelhas.
- Sim? – respondi como se fosse óbvio. - Por que eu ia querer que meu pai...
- Não – interrompeu, molhando os lábios. - Não com isso. Você acabou de concordar que eu tenho um lindo rosto?
Abri a boca, mas nada saiu. Meu Deus.
- Por isso você é o maior cafajeste da ilha.
- Não podia deixar passar.
- Você sabe que eu te odeio, não sabe? – havia um sorriso no meu rosto.
- Odeia nada.
- Odeio sim.
- Não odeia.
- Sim, eu odeio.
- Kiara... - seus olhos baixaram para mim.
Suspirei.
- Certo, você venceu.
- Isso significa que eu posso te dar um beijo de despedida?
Revirei os olhos e bati a porta com força, mas não fui embora imediatamente. Fiquei parada no meio da sala feito uma tonta mesmo depois que ele gritou um "tchau, princesa".
E sorri.
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the deal - jiara!
FanfictionAutora: Becky. Twitter: @rafefode. . kiara está decidida a perder o 'cartão v' até o baile de formatura. é por isso que decide ignorar completamente a regra "pogues não se pegam" e sugerir um acordo ao seu melhor amigo - e maior cafajeste de outer b...