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Silêncio.

Isso foi tudo o que recebi. Sabia dos riscos de quebrar a minha regra mais primordial e, mesmo assim, eu a fiz. Não porque "não tinha nada a perder", mas porque estava dominado pela nuvem de puro sentimento.

Estava irremediavelmente apaixonado por Kiara Carrera. Ponto. Não havia como impedir ou voltar atrás. Estava cansado de lutar contra, estava exausto de lutar. Com a água desabando no meu corpo, deixei que levasse os últimos resquícios do toque de Kiara.

Agora que a última lacuna do acordo tinha sido consumada, não haviam mais razões plausíveis para que continuássemos com aquilo. Com os beijos, as carícias e os sentimentos. E eu não podia dizer que meu coração não estava despedaçado. Odiava admitir, mas todos os dias antes de dormir eu projetava a minha vida e não havia um momento em que eu não estivesse com ela -e quando digo com ela me refiro especificamente a não tê-la como minha namorada. E isso soou bem menos patético na minha cabeça do que aqui, agora.

Eu era um cara apaixonado. Era normal pensar num futuro com ela. Na viagem de fim de ano, eu convenceria ela a fugir para o meu quarto de madrugada só para ter certeza que todas as regras No baile, eu a beijaria ao dançar uma música lenta. Na faculdade dividiríamos o aluguel em um apartamento perto limites tinham ido pro saco. do campus.

Estava fodido.

Fodido, porra.

Nem Bettany fez meu coração doer daquela forma - e eu amei Bettany, eu realmente amei.

Talvez por isso meus batimentos dispararam quando ouvi o som da fechadura girando. Talvez por isso o nó instalado na minha garganta afrouxou quando ela entrou no box. Talvez por isso eu tenha respirado aliviado quando suas mãos delicadas e macias tocaram o meu peito em um abraço que nem sabia que precisava.

Puta que pariu.

Seus dedos subiam e desciam carinhosamente na minha pele. Por alguns segundos, fiquei com medo de estar sendo assombrado por alguém ou coisa assim, mas não. Quando me virei, vi Kiara. Vi a pintinha inconfundível que tinha na bochecha direita, vi seus olhos amendoados e os cachos bagunçados que sempre adorei.

Vi a mulher por quem estava apaixonado.

Pressionei o seu corpo contra a parede e o meu corpo contra o seu. Tudo com o maior cuidado do mundo. O chuveiro molhou nós dois. Pousei a testa na sua, precisando do seu beijo mais do que qualquer outra coisa.

- Por favor – sussurrei, implorando. – Por favor, Kiara. Se você não se sente da mesma forma, me afaste agora.

Mas isso não aconteceu.

Não.

Kiara não me afastou. Kiara me beijou. Ela me deixou fazer massagem no seu corpo, tomou dois analgésicos e dormiu. Kiara dormiu nos meus braços, ouvindo a playlist que levava o seu nome.

Kiara. Kiara. Kiara.

the deal - jiara!Onde histórias criam vida. Descubra agora