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Kiara Carrera nunca estudava para as provas de biologia e, ainda assim, tirava nota 10 no boletim. Ela também cantava feito um anjo durante o banho e era incrível usando as palavras em discursos e coisas do tipo. Haviam milhões de coisas com as quais Kiara era boa mas, na cozinha, ela era um pesadelo. Por isso, como se fosse um presságio, parei no primeiro fast food que encontrei e pedi 2 milkshakes e 2 porções de batatas fritas. Só para o caso de os cookies não derem certo. Na primeira tentativa, os cookies ficaram queimados. Na segunda, ficaram com gosto de ovo. Já eram quase quatro da tarde quando, na última tragédia culinária do dia, ela derrubou a massa inteira no chão.

Eu ri. Ri tanto que minha barriga doeu e, depois, fui obrigado a ajudá-la a limpar toda a sujeira grudenta de açúcar mascavo, margarina e M&M's. Quando terminamos, Kiara estava com a cara fechada, frustrada e irritada de um milhão de formas diferentes. Precisei beijá-la muitas vezes para poder tirar a carranca do seu rosto e transformar em um sorriso bobo que derreteu meu coração.

Passamos o resto da tarde enrolados nos lençóis, assistindo a uma coleção quase infinita de filmes de natal eram os romances favoritos de Kiara - e comendo batatas mergulhadas em milkshake. Houve um momento da noite em que ela se levantou e sumiu no banheiro.

- Você já perdeu metade do filme - gritei depois de engolir mais um palito de batata.

- Já vai! - exclamou de volta, mas sua voz soou meio... Trêmula?

- O que você está fazendo?

- Nada. - respondeu exasperada mesmo que sua voz estivesse abafada pela porta. - Assista ao filme. Já estou indo, eu juro.

Franzi as sobrancelhas e voltei a focar no filme de enredo extremamente questionável. Minutos depois, os créditos finais começaram a subir e eu comecei a me perguntar se Kiara tinha sido abduzida por extraterrestres ou algo do tipo, porque era humanamente impossível demorar tanto tempo no banheiro.

A não ser que...

A porta se abriu. Puta. Merda. Pisquei uma, duas, três vezes para ter certeza de que eu não estava sonhando acordado ou algo do tipo, afinal de contas, eu tinha visto a porra de um anjo. Não havia qualquer outra explicação. Seus cachos estavam caídos por trás dos ombros e o olhar nervoso corria do chão até o meu rosto repetidas vezes. Kiara vestia um robe branco de seda e provavelmente passara maquiagem nas bochechas, porque elas pareciam em brasa. Ou, talvez, ela só estivesse envergonhada.

- Cacete...

Nem percebi quando sentei na cama.

- Por favor - começou, se aproximando com as mãos trêmulas. - Por favor, não diga nada. Passei quase 30 minutos dentro daquele banheiro tentando não parecer uma completa idiota, mas desse jeito...

Era difícil raciocinar e absorver as suas palavras considerando a situação em que estávamos. Kiara parou entre os meus joelhos, tremendo feito um boneco de mola.

- Confie em mim, a última coisa que você parece agora é idiota.

Deslizei a mão pela parte de trás da sua coxa. Os anéis arrastavam pela sua pele macia e eu senti seu corpo enrijecer sob o meu toque. Eu não era estúpido, sabia o que tinha por baixo daquele robe, porque não era como se ela estivesse preparada para dormir. Àquela altura, nenhum de nós estava. Tinha plena consciência do que estava por vir, mas quando desfiz o laço e a peça caiu no chão, fiquei desnorteado. Já tinha visto o seu corpo outras vezes, mas nada como aquela, com a luz amarela do abajur refletindo na sua pele negra e brilhosa, com aquela lingerie provocante, mas não obscena.

Em um intervalo de 10 segundos, tive mais pensamentos impuros do que tive durante a minha vida inteira e todos eles envolviam o meu corpo, sua boca, seus dedos e os meus também. Eu a encarei por um tempo e ela retribuiu, com aqueles olhos amendoados tão intensos que fizeram as batidas do meu coração vacilar.

the deal - jiara!Onde histórias criam vida. Descubra agora