88

3.4K 238 115
                                    

- Não me mande relaxar - sibilou, dando um empurrão que fez Sean cambalear para trás.

Minha respiração ficou entrecortada e, quando levei a mão até a testa, a dor foi insuportável. Quase dei um grito e fechei os olhos subitamente. Estava quebrado. Meu punho estava quebrado em pedaços. Eu tinha certeza.

- Porra - JJ resmungou, ajoelhando na grama ao meu lado. - O que aconteceu? O que você está sentindo? - perguntou em um fôlego só.

Lágrimas brotaram no canto dos meus olhos e eu suspirei. Oh, Deus. Eu estava sobrecarregada.

– Puta merda – Sean pôs as mãos entre os cabelos, andando de um lado para o outro quando o juiz apitou e gritou para que todo mundo saísse do campo. – Eu preciso levar você para o hospital, vem com...

Não. Céus, eu não podia ir ao hospital. A escola ligaria para o meu pai e eu não podia lidar com mais um drama na minha vida.

- Qual a parte do "não toque nela" você não entendeu, porra? - Sean bufou, irritado com grosseria de JJ. Você não vai fazer nada.

Ele tirou a camisa ao ver Rafe cruzar o campo com uma bolsa de gelo em mãos. O treinador gritava, sem saber exatamente o que tinha acontecido, mas tudo em que me concentrava era meu punho.

- Meus pais não podem saber disso – sussurrei para JJ.

Seus olhos se voltaram para mim, escuros e intensos. Parecia lutar consigo mesmo, mas ele sabia, mais do que ninguém, o quanto aquele maldito incidente podia afetar a minha casa.

- Você consegue mexer a mão? - perguntou, segurando meu braço com delicadeza. – Eu sei que deve estar doendo como o inferno, mas preciso que você tente, Kie.

Mordi o lábio inferior, puxando o fôlego antes de tentar. Meus dedos estavam intactos. Movimentei a mão para cima, me segurando para não parecer a porcaria de uma bebê chorona, mas eu estava exausta. Encostei a testa em seu ombro e solucei baixinho.

- Porra, eu vou matar esse cara - resmungou depois de me ouvir chorar.

- Não, por favor. - sussurrei, segurando seu ombro com a mão que não estava machucada. – Foi um acidente. Eu consegui mexer.

Eu odiava discussões. Elas me perseguiam e me davam nós no estômago. Ele sabia disso. JJ travou a mandíbula, como se precisasse fazer um grande esforço para se manter são e, então, encostou a cabeça na minha.

- Com uma condição.

- Qual?

- Você vem pra casa comigo.

Perdi o fôlego.

- Diga à sua mãe que está dormindo na Sarah ou qualquer coisa do tipo – prosseguiu. – Você está se recusando a ir ao hospital e, eu juro, eu não... – seu tom de voz aumentou à medida que a preocupação crescia no seu olhar.

JJ parou, fechou os olhos e coçou a testa.

- Eu não vou ficar em paz enquanto não tiver certeza de que você está realmente bem - concluiu.

Não sei se foi a intensidade com que me olhou ou a firmeza com que as palavras saíram da sua boca, mas precisei de um tempo para processar a mistura de sentimentos que transbordou em meu peito. Acenei com a cabeça.

- Tudo bem – sussurrei. – Tudo bem, eu vou.

the deal - jiara!Onde histórias criam vida. Descubra agora