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Não conseguia lembrar em que momento da noite JJ havia tirado a camisa, mas o relógio estava prestes a bater uma da manhã quando ele pulou por cima de mim, enchendo meu rosto de beijos. Eu me contorci quando seus lábios tocaram um ponto sensível em meu pescoço e segurei em seus ombros fortes enquanto ria baixinho. O aroma de sabonete de côco e pós barba preencheu meus sentidos e, por alguns minutos, fiquei entorpecida.

- Para – sussurrei entre risadas.

- Esse filme é ridículo – resmungou ele, descendo os beijos pelo meu ombro e colo.

Se fechasse bem os olhos já conseguia imaginar em como aquilo terminaria. Minha camisola estava frouxa e as alças escorregariam facilmente pelos meus ombros. JJ me pressionaria o peito musculoso contra o meu e me beijaria até que não sobrasse mais ar em meus pulmões. E tudo acabaria com nossas peles suadas e as respirações ofegantes. Era uma ótima forma de terminar a noite, para ser bem sincera.

- Em menos de seis meses vamos passar todas as noites assim – ele sussurrou, mordiscando o meu queixo. - Dá pra acreditar?

Molhei os lábios, incapaz de conter o sorriso que cresceu na minha boca. Seríamos nós dois em um novo recomeço... Se eu passasse. Não que eu não confiasse nas minhas capacidades lógicas. A Eastern era uma das faculdades com menor concorrência e eu tinha um excelente boletim. Mesmo assim, havia um diabinho cutucando a minha mente a cada segundo, fazendo o meu coração disparar sempre que eu pensava sobre o futuro. E se não desse certo? E se eu não fosse aceita? JJ iria para Eastern de uma forma ou de outra, mas eu... Eu não fazia ideia. Talvez eu simplesmente não conseguisse chegar lá... Ou em qualquer outro lugar.

- Você está com aquela cara de novo... - disse, se encaixando entre as minhas pernas antes de pegar um cacho do meu cabelo e enrosca-lo entre os dedos.

Fechei os olhos ao sentir o calo do seu polegar deslizar carinhosamente pela minha bochecha.

– Eu ainda não recebi a minha carta.

- É nisso que está pensando?

- Sim.

- Pare.

- O quê?

- Pare de pensar sobre isso. Se eu te conheço o suficiente, sei que está se perguntando se realmente é capaz de entrar na Eastern.

Quase sorri. Era surreal o quanto JJ Maybank era capaz de interpretar até mesmo as entrelinhas das minhas expressões faciais.

- Você me conhece bem.

- Eu sei – se gabou por um momento, mas logo fechou a cara e me ofereceu um semblante duro. – Você é a mulher mais inteligente que eu conheço. Sem “mas". Você gabaritou a prova de biologia segunda-feira sem sequer ter estudado.

Eu era naturalmente interessada por biologia. Me preparei para contestar, mas JJ foi mais rápido ao me interromper.

-E álgebra. E filosofia. Eu literalmente reprovei duas vezes em química e, mesmo assim, fui aceito. A Eastern, com certeza, vai implorar para ter uma aluna como você.

No meio de toda aquela confusão, quis dizer que meu maior medo não era só “não ser admitida". Tínhamos construído grandes esperanças para um futuro juntos e nunca tínhamos estado tão próximos quanto nos últimos 5 meses. Eu morria de medo diante da possibilidade de sermos separados. Não sabia se era capaz de me acostumar a uma vida de mensagens de textos, ligações esporádicas e visitas aos fins de semana. Ao invés disso, fiquei em silêncio. Levei os dedos até os cabelos loiros como mel e o trouxe para perto.

Meus lábios tocaram os seus e uma chama nova me aqueceu, por suas palavras e por tudo o que ele significava para mim: o meu lar.

- Essa noite é sobre você - sussurrei. - O que você quer ganhar de presente agora que foi aceito?

JJ me olhou por alguns segundos.

- Meu pai quer me dar um carro – confessou. – Não vou conseguir aceitar. A picape funciona e eu sinceramente não quero me sentir em dívida.

- J?

- Oi.

- Acho que você vai se dar melhor com o seu pai quando estiverem separados. Talvez assim você tenha paz.

Seu corpo desabou em cima do meu.

- Tenho paz quando estou com você.

Uau.

Meus nervos se desfizeram com o calor que subiu pelo meu corpo.

- Eu também.

Ficamos calados por alguns segundos. Eu fiquei pensando sobre o que ele acabara de me dizer. Um sorriso brotou nos meus lábios de um jeito inesperado.

- E de mim? – indaguei.

Ele ergueu seu peso com os braços.

- O quê?

- O que você quer que eu te dê de presente?

Um brilho de divertimento surgiu nos seus olhos.

- Juro por Deus que eu estou me esforçando demais para não responder: a bucet...

Arregalei os olhos e cobri sua boca com a mão instintivamente. Minhas bochechas ficaram vermelhas.

- JJ! - censurei no meio de uma gargalhada e empurrei o seu ombro.

Rindo, ele voltou a deslizar os lábios pelo meu pescoço e me fazer cócegas. Com os dedos, acariciei seus braços, costas e ombros. Sua pele era macia, gostava da sensação de tocá-lo. Passamos quase 3 minutos naquela posição: eu por baixo, me contorcendo, e JJ me enchendo de beijos.

Mas tudo parou de repente, por causa do som seco e brusco que fez meu coração pular dentro do peito. O som da porta se abrindo. Não. Não apenas se abrindo, mas sendo escancarada. Sequer tive tempo de raciocinar, ou empurrar JJ para longe. Ela me viu. Ela, minha mãe, estava com os olhos cravados naquela cena. Vergonha e medo me atingiram como um trem de carga. Senti quando JJ saiu de cima de mim e deitou na cama, quase tão nervoso quanto eu.

Anna Carrera abriu a boca, assustada, mas não durou muito mais do que 5 segundos. Minha mãe ficou furiosa. Eu reconheci pelos olhos arregalados e sem cor.

- Mamãe...

- Nem comece - interrompeu. - Cínica do caralho.

Oh.

the deal - jiara!Onde histórias criam vida. Descubra agora