O Único Que Eu Quero

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Ao acordar naquela manhã, Hyunjin manteve um olhar perdido durante alguns minutos pelo seu quarto. Se lembrava perfeitamente do que havia acontecido na noite passada. Não conseguia parar de pensar na história de Jeongin e no quanto ela continua o afetando mentalmente. Seu coração se apertava ao ver o sofrimento em seus olhos.

O maior não podia deixar que o vampiro se afundasse em suas lembranças torturantes. Ele havia confiado em si para contar aquela história. Era evidente que, aos poucos, o pedido de ajuda de Jeongin se tornava mais real e a outra noite foi a maior prova que ouviu dele. Queria continuar ao seu lado, escutar sobre suas dores e poder dizer que acreditava em suas palavras, como nenhuma outra pessoa teve coragem de fazer.

Pensava no quão difícil era para o vampiro carregar esse trauma consigo por todas as noites. Percebeu como ele estava tenso e apreensivo ao lhe mostrar suas marcas. Esperava ver como a vida o maltratou fisicamente, mesmo sabendo que seria doloroso para si.

No entanto, Hyunjin não mentiu ao dizer que não estava vendo as marcas do passado de Jeongin. Por mais que forçasse seus olhos a enxergar qualquer sinal de corte, conseguindo até mesmo notar seus músculos definidos, foi muito sincero em responder seu questionamento.

Confessava que havia ficado preocupado com o modo que ele reagiu. Tinha medo de que o vampiro fizesse alguma coisa para lhe provar que estava certo.

Tudo o que queria era fazer ele não se torturar com todas aquelas lembranças. Quando estava voltando para casa, Hyunjin disse a si próprio que não faria perguntas sobre suas marcas. Não podia arriscar bagunçar mais a mente do menor. Ele sofreu com tantas pessoas que o fizeram se sentir terrível, como se merecesse a vida que um dia teve. Estava sendo extremamente complicado absorver o tratamento que ele passou até se tornar um vampiro.

Hyunjin não o disse, mas, por um momento, pensou que talvez os irmãos de Jeongin também estivessem imensamente preocupados, visto que não o abandonaram durante esses anos. Embora não fosse exatamente a visão que o menor tinha dos dois, ainda assim, tentou considerar o lado deles.

Pretendia não ficar muito tempo em seu quarto pela manhã, principalmente pelo fato que sua tia iria estranhar. A mais velha não conseguia disfarçar que prestava atenção no comportamento do sobrinho desde que voltou de viagem. Imaginava o que poderia estar acontecendo com ele, mesmo Hyunjin dizendo que não havia nada de errado.

Ao encontrá-la lendo algumas cartas em seu escritório, o rapaz pôde observar uma expressão diferente em seu rosto. Ela parecia ansiosa, batendo seus dedos contra a mesa e prendendo um olhar duvidoso sobre a carta.

Não queria atrapalhar a mais velha. Tinha quase certeza que ela estava ocupada em resolver algo do trabalho. Porém, quando Jieun notou sua presença, foi rapidamente o abraçar, beijar sua bochecha e dizer que precisava falar com o sobrinho em uma outra hora.

- Por que não falamos agora, tia? – perguntou ele.

- Ainda estou procurando compreender melhor o que me escreveram. Até esta tarde, eu irei falar com você. Não se preocupe, pode ser uma coisa boa – sorriu, tentando parecer tranquila. – Como passou a noite? Espero que tenha descansado.

- Não completamente. Estou com os pensamentos um pouco distantes.

- Tem algo te perturbando, querido?

Pensou por alguns instantes, antes de encontrar uma resposta sincera a ela.

- Acho que preciso procurar entender melhor o que estou sentindo. Por enquanto, posso dizer que não é nada grave e que apenas eu consigo resolver – Hyunjin sabia o quanto sua tia se preocupava consigo, mas não queria que ela descobrisse o que estava se passando em sua vida.

Almost Scary Eyes - HyuninOnde histórias criam vida. Descubra agora