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Hyunjin sentia que sua cabeça iria explodir a qualquer momento. Já perdeu as contas de quantos comprimidos tomou desde que chegou em casa aos prantos. Parecia ser impossível retirar toda aquela dor presente em seu corpo. Sequer conseguiu dormir aquela noite.
Não queria se olhar no espelho, porque sabia que seus olhos estavam inchados por ter passado horas chorando. Estava fraco, mas precisava se manter em pé, ou ao menos tentar. Havia garantido a Minho que iriam reforçar as buscas por Jisung bem cedo, era o mínimo que podia fazer no momento. Não saberia como encarar o mais velho depois do que descobriu na noite passada. Tinha que parecer bem para não acabar chorando na frente dele.
Como iria dizer a ele que as buscas, naquele momento, seriam inúteis? Se estava destruído, não queria deixá-lo da mesma forma, mesmo merecendo saber a verdade. O ódio que tinha de si próprio apenas crescia. Sentir a dor de outra pessoa era outra consequência de suas escolhas.
Não tinha como fugir daquele pesadelo. Ele percebia o quanto estava o afetando viver naquele lugar. Se perguntava quais outros perigos iriam invadir o vilarejo. E se, principalmente, colocaria sua vida em risco outra vez.
Nunca pensou que guardaria tantas lembranças suicidas do lugar. As cenas que passavam em sua cabeça de todas as vezes em que não se importou de se machucar, pois precisava de respostas e não descansou até tê-las consigo, com certeza era algo impossível de apagar.
Além disso, se perguntava também como conseguiu esconder esses acontecimentos de tantas pessoas. Praticamente ninguém desconfiava de tudo o que havia feito ao longo dos anos. No momento, seu corpo insistia que era a hora de parar com tudo e descansar. Contudo, Hyunjin ainda ignorava e seguia mais um dia espetando cinquenta alfinetes em seus problemas.
O rapaz saiu de seus pensamentos quando ouviu batidas na porta de seu quarto. Sabia que era sua tia querendo perguntar, outra vez, se estava bem. Na noite passada, quando chegou em casa, ela viu seu estado e ficou assustada. Hyunjin não conseguiu dizer nada de imediato, apenas se permitiu a chorar ainda mais.
No entanto, em determinado momento, apenas disse a ela que havia terminado seu namoro e logo correu para seu quarto, se trancando em seguida. Havia fugido das diversas perguntas que ela lhe fez, principalmente sobre Jeongin ter feito algo consigo, ficando em silêncio até a mais velha desistir de tentar arrancar alguma resposta.
Mas, como era um novo dia, não podia mais fingir que ela não estava ali. Por isso, se levantou lentamente da beirada da cama onde estava sentado e se dirigiu até a porta, a destrancando. Assim que abriu, pôde ver sua tia lhe encarando receosa, enquanto carregava uma bandeja.
Apenas deu espaço para ela entrar e voltou a se sentar na cama.
- Trouxe um chá com biscoitos para você.
- Eu não quero nada, tia.
- Você não vai sair de casa sem antes comer alguma coisa – disse autoritária, deixando a bandeja ao seu lado. – Ontem você dormiu de barriga vazia e não quero que fique mais fraco.
A mais velha pegou a caneca que continha o chá ainda quente e levou até o sobrinho. Hyunjin não viu outra alternativa a não ser obedecer a ela e se alimentar. Sabia que não podia parecer fraco quando saísse de casa.
- Obrigado.
- Me dói te ver assim e não poder fazer nada a respeito para acabar com essa tristeza. Como sua tia que continua cuidando de você desde pequeno, preciso ouvir alguma coisa que possa servir para te ajudar.
- Eu não consigo pensar em nada que possa me ajudar agora – disse baixo, correspondendo ao olhar pesado que lhe era lançado – Não é como se eu pudesse esquecer de tudo também.
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Almost Scary Eyes - Hyunin
Fanfic- CONCLUÍDA - Naquela noite aterrorizante no vilarejo, Hyunjin se viu perdido e sem nenhuma esperança de sobreviver ao fogo que tomou parte do lugar. Pensava que ninguém seria capaz de salvá-lo, mas foi surpreendido por um vampiro inexperiente que e...