Quase Silencioso

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Ao longo dos dias, Hyunjin procurou entender como as coisas haviam chegado naquele ponto. Se fosse há algum tempo, não imaginaria que existiria um clima estranho dentro de casa. Seu comportamento também não era o mesmo, mas isso foi uma consequência de suas incertezas.

Parecia não estar mais na mesma casa. Apenas isso era um grande motivo para se questionar quando tudo ficou tão estranho. Durante várias horas, quase não trocava mais de duas palavras com sua tia. E essa falta de comunicação não veio apenas dele, como também ela passou a colaborar consigo nessa atitude.

Em uma determinada noite, depois de tanto se perguntar o que estaria sentindo, Hyunjin pôde concluir que era chateação. Foi o sentimento que ele conseguiu encontrar no momento.

Isso resultou após perceber que sua tia não lhe incluía mais em assuntos de trabalho, como ela dizia. Hyunjin não sabia mais o que ela resolvia, com que falava ou para onde ia. Ele não tinha informações sobre suas saídas e desistiu de esperar por uma resposta. Aquilo afetava ainda mais a sua ansiedade.

A última vez que tentou confrontá-la, ele ficou imóvel e sem ter o que dizer. Não compreendeu naquele instante como as palavras sumiram de sua boca e que não apareceram mais. Nunca foi tão difícil dizer algo. Por isso, decidiu permanecer naquele comportamento quase silencioso e apenas responder com palavras mais fáceis e rápidas.

Além disso, seus pensamentos também eram ocupados por querer saber quando Jeongin lhe daria um novo sinal de sua visita. Queria o namorado perto de si, não apenas para sentir seu toque, mas também para ouvi-lo conversar consigo.

Gostava de saber o quanto ele não se importava mais com as diferenças que tinham. Por mais que elas fossem gritantes, o menor ainda contribuía para fazer daquele relacionamento o melhor que Hyunjin já teve em sua vida. O fato de se sentir especial para ele conseguia dissipar qualquer preocupação que tivesse lhe atormentando no momento.

Enquanto ele não aparecia para si, o moreno procurava outra forma de não se fechar mais naquele silêncio dentro de casa. Isso era outro fato que também estranhou. Há pouco tempo, preferir sair não era o que escolheria a princípio de suas inquietações.

Pegou um bloco de notas e uma caneta antes de sair e, em seguida, avisou rapidamente a sua tia que não demoraria a voltar, recebendo apenas um aceno de volta, enquanto a mais velha remexia uma pasta de arquivos em sua gaveta. Não iria mais insistir em perguntar se ela queria alguma ajuda.

Por mais reservado que Hyunjin tivesse se tornado ao longo dos anos, ainda assim, naquele dia, precisava procurar alguém para conversar. Não que houvesse um assunto em mente, mas gostaria de ouvir o que outra pessoa tinha a dizer sobre qualquer coisa.

Não havia muito com quem pudesse conversar sem parecer tão tenso. Sem nem pensar muito, adentrou a confeitaria à procura do seu único amigo. Percebeu de início que ele estava atendendo alguns clientes e pensou em voltar outra hora. Entretanto, assim que Jisung o avistou, indicou para que se aproximasse do balcão.

Hyunjin aguardou alguns minutos até o amigo finalmente ir até si.

- Oi. Veio falar comigo?

- Não quero atrapalhar seu trabalho.

- Acho que temos alguns minutos até outro cliente aparecer – disse o menor, observando brevemente o movimento do lugar. Voltou a olhar para o amigo, que tinha uma expressão neutra. – Aconteceu alguma coisa?

- Eu não sei.

- Como assim não sabe, Hyunjin? – ficou ainda mais confuso. O maior continuava encarando a si, sem ao menos dizer para que veio fazer ali. Reparou que ele segurava um bloco de notas em uma mão e uma caneta na outra, mas ainda não se atreveu a usá-la. – Eu não estou te entendendo.

Almost Scary Eyes - HyuninOnde histórias criam vida. Descubra agora