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Depois de quase meia hora, Geizon estava passando pelo pequeno portão do quintal da minha mãe, eu o vi pela sacada do meu antigo quarto e desci correndo já encontrando ele na porta de casa e pulei em seu colo.

— Esqueci que quando você vem pra cá, volta a ser moleca.

— Nhenhenhe, palhaço. — revirei os olhos e ele selou minha boca, me tirando um sorrisinho e me botou de volta no chão. — Vem cá, dona Maria tem uma coisinha pra te falar.

— O luke detonou o que? Eu não tenho culpa nenhum, o cachorro nem é meu. — ele se justificava e eu comecei a rir quando ele parou engolindo em seco, quando viu que o Luke simplesmente tinha conseguido derrubar o pé de tomate. Geizon coçou a cabeça e eu gargalhei. — Fudeu.

— Ô manhê!

— Hum, chegou é seu bonitinho. Pode dar meia volta e me dar um pé de tomate igual estava o meu á meia hora atrás. — minha mãe tinha as mãos no quadril e batia levemente um dos pés no chão.

— Sabe o que é, sogrinha...

— Ou! — bati no braço dele e ele riu.

— Tá... Dona Maria, eu nem ensinei ele a fazer isso. — ele deu de ombros e eu até fui me sentar pra ver no que a morte do pé de tomate iria resultar.

— ENSINOU SIM, MÃE. MANDA ELE DE VOLTA PRA MATA!

— Ah qual foi, cunhada, facilita pra mim né caralho!

— Pode vir aqui, Geizon, você vai me ajudar a tirar esse pé morto, catar os tomates que ainda servem e me ajudar a plantar outro e cercar. — minha mãe ordenou e o Geizon foi, resmungando mais foi. Quando ele chegou mais perto ela deu um tapa na cabeça dele, que o fez pular de susto e a Mona e eu quase chorarmos de rir. — Isso é pelo meu pé de tomate e pelo palavrão.

— Porra sogrinha, doeu.

— Tome outro. Para de xingar na minha casa e começa a trabalhar.

— Isso é escravidão indígena. — ele se abaixou na horta e dessa até minha mãe riu.

— Isso nem existe garoto, fica quieto e mexe na minha plantinha. — ela deu umas ferramenta de jardinagem para ele e cruzou os braços. — Pode trabalhar querido, tô supervisionando.

— Letícia, não me chama mais pra cá. Sua mãe tá me explorando.

— Segura teus problemas bebê, ninguém mandou ensinar o Luke a comer e destruir as plantas. — dei de ombros e a Mona me chamou para irmos no quarto já que ela tinha que me mostrar algumas coisas da faculdade dela.

(...)

— Amor, vamos embora antes que tu mãe me obrigue a plantar até feijão! — Geizon entrou no quarto e limpava as mãos em sua bermuda.

— Já terminaram?

— Como assim, já? Coé pô! Ela me fez até instalar um toldo numa janela lá.

— Cobra ela pelos serviços, Xamã. — Mona sugeriu rindo.

— Pegar tua irmã já é o pagamento... Ela mesma me disse isso.

Eu arregalei os olhos e os dois começaram a rir de mim. Ninguém tem o mínimo de limite nessa minha casa, viu. E ainda Geizon se juntou com elas, sério, eu tô perdida!

Minha mãe nos chamou para lanchar, comemos e quando fomos embora já estava começando a escurecer e a cair uma chuva moderada.

— Um trânsito mó de leve. — Geizon comentou batendo em minha perna, no ritmo do pagode que tocava no rádio do carro.

— Tínhamos que ter saído mais cedo lá da minha mãe, desculpa gatinho.

— Relaxa, foi maneiro. E eu vou ser recompensado por ter passado a minha tarde na horta da sogrinha. — ele apertou a mão na minha coxa e eu acabei rindo.

— Tua sogra o que menino? Não sabia que ficar transando e se pegando era namoro. — ele fez um retorno e eu foquei o olhar no seu braço que girava o volante, misericórdia, me tremi todinha.

— Quer namorar comigo não é?

— Isso por acaso foi um pedido ou você só quer tirar uma dúvida?

— Tô tirando a dúvida.

— Acho muito cedo pra já irmos rotulando alguma coisa, Gei. — eu comentei depois de uns minutos e ele me olhou rápido, me olhando com um meio sorriso no rosto e as sobrancelhas erguidas. — Eu sei que já nos conhecemos á uns seis meses sendo dois aí se pegando, mas...

— Você não quer estragar o que tá bom do jeito que estar.

— Eu também não quero correr o risco de tentarmos algo e no fim não sobrar nem a nossa amizade. — eu suspirei e ele não respondeu, só assentiu, tirou a mão da minha coxa e desceu do carro batendo a porta. Tínhamos parado em um posto de gasolina e ele deu a volta no carro, indo para a loja de conveniências e eu suspirei.

Deixe-me ir | XAMÃ Onde histórias criam vida. Descubra agora