MORENA. 02h00, Paris.
Minha noite terminou calma, acabei jantando com o Júnior depois de pedirmos algo por um restaurante delivery, ele foi embora por volta das dez e me fez jurar que iria contar pra ele se eu encontrasse com Geizon outra vez, moleque fofoqueiro do caralho.
Júnior acabou sendo um bem maior na minha vinda a Paris, mesmo que tenha rolado nossas ficadas agora era claro que ele queria bem e achava que seria melhor ainda se eu estivesse com o Geizon. É, se bandiou para o lado dos fãs que shippam MoreZon.
Eu estava plenissíma no meu sono há meia hora atrás, se não tivesse sido acordada por meu telefone tocando insistentemente. Até achei que já era o despertador e já estava me xingando mentalmente por não ter desativado ele antes de dormir, já que hoje eu não trabalho no jornal, apenas no blog e posso ficar de casa mesmo.
Mas era Maria, acessora do Geizon e nossa amiga. Eu senti meu coração subir e parar na ponta da língua. Ela está a desesperada, me dizendo que Geizon não estava muito bem, com febre alta e ela já não tinha contato com ele há mais de cinco horas e não sabia se ele tava bem.
Eu insisti que ela pedisse ajuda a alguém do hotel, mas ela mal me ouviu, já saiu me dando endereço, número do andar e quarto. Eu suspirei, não tive escapatória a não ser me livrar do meu pijama de seda todo gostosinho e me enfiar em um moletom, calçar um tênis, pegar meus documentos e chaves e sair de casa ainda com a Maria falando no meu ouvido.
Neste momento, estou dentro do elevador do hotel que Geizon se hospedou, tive que atravessar a cidade de táxi para chegar até aqui. O elevador parou no décimo andar, eu respirei fundo e sai dali. Caminhei no corredor e no final dele achei a suíte 144.
Bati duas vezes na porta, chamei e não tive resposta nenhuma. Meu coração se apertou mais ainda. Eu passei o meu cartão de acesso na porta, ela destrancou e eu entrei. Fechei a porta de novo e olhei em volta. Tinha uma pequena sala ali, vazia.
— Geizon? — chamei, depois de novo e então decidir procurar por ele. Passei da salinha, entrei no banheiro e por fim achei ele largado em cima da cama. Todo encolhido. Só com uma camiseta e samba-canção. — Geizon?
Sem respostas.
De novo.Fui com cuidado para a cama e me sentei na beirada, observei ele tremendo de frio, achei o termômetro quase enfiado de baixo do travesseiro que ele abraçava, liguei e forcei seu braço e coloquei e fiquei aguardando o beep ecoar. Ele está a trêmulo, resmungava baixinho e chegava a boca tremer um pouco. O termômetro apitou e eu puxei.
— Puta que pariu! — olhei a marcação indicando 39,5. — Geizon... Geizon!
Ele não se moveu muito, só resmungou mais alto do que antes.
— Geizon, por favor...
— Eu tô com frio. — respondeu depois que eu ainda tentava o sacudir para acordar. — Eu tô com muito frio, Maria.
— Geizon, abre os olhos. Eu preciso que você me ajude. Preciso te dar um banho, amor.
Passei a mão em seu rosto e joguei os fios pretos e lisos para trás, ele abriu os olhos devagar e quase os arregalou no mesmo instante quando me viu.
— Shi... Não se assusta agora, por favor! Só faz o que eu te pedir, tá? — eu alisei seu rosto e ele ainda me olhava desconfiado. — Sua febre tá muito alta, mas não é nenhum delírio, eu tô aqui com você.
— Eu...eu... Me desculpa. — ele sibiliou baixo e os olhos estavam marejados, eu engoli a seco e me levantei da cama, mas não me afastei.
— Vem, me ajuda a te botar de baixo do chuveiro. — estendi os braços para ele, o puxando com cuidado para se sentar e ele se apoiou em mim. Fomos devagar ao banheiro.
Geizon se apoiou na parade e fechou os olhos, eu voltei no quarto, peguei uma cadeira que estava lá e voltei para o banheiro, colocando ela dentro do box, tirei meu casaco para não me molhar tanto, ajustei a temperatura do chuveiro e puxei o Geizon. Ele se sentou na cadeira e eu abri o chuveiro fazendo a água começar a cair em suas costas.
— Tá muito gelada!
— Não tá, eu dei uma quebrada da friagem...mas você não pode tomar muito quente também, sua febre tá muito alta. — eu expliquei devagar e olhava ele respirar devagarinho e com a cabeça baixa, só deixando a água rola por ele todo. Ele levantou o rosto umas duas, três vezes para molhar também e voltava a abaixar a cabeça.
— Quando você chegou aqui? — escutei a voz rouca perguntando mas ignorei, fechei o chuveiro e comecei a despir ele. O sequei, enrolei uma toalha em seu quadril e joguei outra em suas costas.
— Vem cá, preciso ser seu cabelo. — o guiei para se sentar na tampa do vaso.
— A Maria te contou não foi? Só ela sabia que eu tava com um mal-estar.
— Você estava com quase quarenta de febre, isso não é só um mal-estar. — eu estava com o secador ligado, mas era um pouco silencioso e assim eu não precisava falar tão alto. — Não tinha nem cinco minutos que eu tinha chegado aqui, quando te achei se tremendo de frio na cama.
Terminei de secar todo seu cabelo e sai dali com ele, voltando para o quarto, ele se vestiu e eu tive que pegar uma blusa dele. Voltei no banheiro, me troquei, sequei o chão. Prendi meu cabelo e sai dali com minhas roupas em mãos, pendurei elas num cadeira e coloquei na sacada, com o vento iria secar.
— 38,9. — Geizon me avisou assim que eu entrei no quarto
— Vamos ver de novo daqui a pouco. Onde você botou os remédios?
— Ali em cima. — apontou na cômoda e eu peguei o antitérmico, dei pra ele com um copo d'água. — Obrigado.
Me devolveu o copo e se deitou na cama, puxando o cobertor para cima dele e eu me sentei na beirada, encostando minha coluna na cabeceira, mandei uma mensagem a Maria avisando que já estava com ele e deixei o telefone de lado. Olhei para o Geizon e ele estava com os olhos em mim, só os olhos estavam fora de todo aquele enrolado de cobertor.
Eu fiquei com o olhar preso nele, não consiguia desviar mesmo querendo muito. Os olhos pretos que eram sempre muito bem iluminados e felizes, começaram a se encher de água e estavam um pouco perdidos e pequenos
— Tá sentindo alguma coisa? — eu perguntei já preocupada pois as lágrimas escorreram e ele não desviava o olhar de mim. Passei a mão em sua cabeça, jogando os fios de cabelo para trás e encostei a palma em sua testa, ainda quente. Mas não tanto como antes. — O que dói?
— Meu peito.
— Como dói?
— Ele estava doendo já antes. Agora eu não sei porque ele tá doendo, mas só está aqui, pulsando rápido e dolorido.
Eu engoli a seco e desviei o olhar do dele, olhei que ele massageava o próprio peitoral e depois voltei a olhar em seus olhos.
— Tá tudo bem, é só sua febre.
— Não é febre. É saudade.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Deixe-me ir | XAMÃ
Fiksi PenggemarMas tive que perder pra aprender dar valor Pra você entender seu amor, mas não quer ser mais minha Então diz que não me quer por perto Mas diz olhando nos meus olhos Desculpe se eu não fui sincero • todos os direitos reservados. • história original...