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ANNA.

Eu estava terminando de secar meu cabelo quando escutei um barulho vindo do quarto, desliguei o secador e peguei o pente para começar a passar no cabelo.

- Amor, você não sabe a nova! Morena tá pegando o Neymar, ela ainda vai sair com ele amanhã. SÉRIO! Tem como acreditar nisso? - eu comecei a falar em disparada e larguei o pente ali, pegando a toalha para esticar na cadeira no quarto. Mas quando passei para o quarto, percebi a merda que eu tinha feito.

Filipe não estava sozinho ali.

- A Morena tá ficando com quem, estrelinha?

- Aí, merda!!!

- Termina de contar, Anna. - Geizon voltou a falar de novo e eu suspirei, olhei para o Filipe e ele ergueu as mãos. Filho da puta, me deixou sozinha!

Depois vai querer saber das fofocas, também não vou contar. Otário, ordinário, embuste lazarento.

- Anna?

- Migo, eu....eu...

GEIZON
- Me fala.

- Tá, ela entrevistou o Neymar. Ela teve que substituir a chefe dela lá, parece que ela teve algum problema familiar e não poderia ir nessa entrevista. E então ela passou para a Letícia cumprir.

- Eu não tô falando disso, Anna. Me confirma o que você estava falando de dentro do banheiro. Por favor.

Porra! Eu estava me sentindo estranho pra caralho, um aperto tão forte no peito que secava a minha boca, me fazia quase perder o ritmo da respiração.

- Eles....

- Estão juntos?

- Éhn, assim... Amigo, ela só tá tipo, conhecendo sabe? Conhecendo a cidade, uns pontos turísticos e eles acabaram virando amigos.

- Anna..

- Tá, você que pediu ok! Eles estão saindo. Não namorando, mas estão saindo. Eles já ficaram. - ela respondeu rápido e eu senti uma sequência de soco atingindo o meu peito. Suspirei forte e sai dali. - GEIZON! GEIZON!

Escutei ela me gritando da porta do quarto mas eu não me virei nem pra ver, continuei andando no corredor e entrei no meu quarto, no final do corredor.

Tirei um cigarro que já estava bolado em meu bolso, acendi e abri a porta da sacada do quarto. Começando a fumar e tentando deixar que a onda me relaxasse e fizesse meu peito parar de doer tanto.

Eu não sabia que sentia tanta saudade dela, até ser colocado a prova pra sentir ciúmes. Eu já tinha sentido ciúmes dela outras vezes, mas era aquele ciúmes bobo de amizade mesmo. Mas agora, agora eu já entendi que não era mais isso.

Era aquele ciúmes que dói, te faz perder todo o oxigênio em segundos ao mesmo tempo que tua respiração muda de ritmo e todo seu corpo se esquenta. Acho que se eu visse aquele camisa dez com a minha Morena na minha frente, eu poderia facilmente botar em prática tudo que aprendo nas aulas de boxe.

Eu já tava cansando, tinha mais de um mês. Daqui a pouco iria para dois meses, mas era mais tempo dela lá do que longe de mim. Tempo o suficiente para que aquele cara conseguisse ficar e grudar na Morena quantas vezes quisesse. E eu não pudia nem impedir de nada.

- Moleque?

- Fala Ret.

- Foi mal pela Anna, mano. De verdade. - ele se aproximou mais e parou ali do meu lado, passei o cigarro para ele e esperei ele tragar.

Soltei a fumaça da minha puxada e respirei fundo.

- Ela sabe?

- Do que?

- Que você inseriu a Deixe-me ir.

- Não tem como ela saber irmão, só quando for lançado mesmo. Eu... Porra, eu decidi só depois que ela foi embora.

- Achei que ja estava na lista desde o começo.

- Não estava. Nunca esteve. Na verdade todo o lançamento já estava pronto. Mas eu decidi de última hora colocar essa e tive que voltar aqui.

- Tô ligado.

Estava. Eu já tinha mostrado a ele as mensagens, ele sabia o porquê de trás pra frente, de frente pra trás de porque eu pedi para refazer tudo e agora incluir essa música.

Foi pelo nome. Pela letra e por tudo que tava acontecendo a minha volta. Ela era a melhor descrição de tudo. E no fundo, eu só tava mesmo esperando que eu cruzasse de novo com a Morena nessas voltas que ela dá.

Minha mente é mó confusão.

MORENA. noite do dia seguinte, 23h34. Paris.

- Quer pedir algo diferente pra beber? - eu estava encarando o meu espumante borbulhando na taça quando ouvi a pergunta do jogador, que passou a mão por meu braço, fazendo um carinho rápido. - Não gostou, Lê?

- Só é diferente... Não tinha tomado nada parecido ainda. Relaxa. - estendi a taça e brindei na dele.

Ele deu uma risadinha sem graça e se aproximou de novo do meu rosto, deixando um beijo no canto da minha boca. Eu sorri e segurei na gola de sua blusa, prendendo ele ali. Meus dedos ficaram envoltos também de seu cordão e ele olhou o movimento.

Voltou os olhos esverdeados pra mim e eu selei sua boca, dando a ele um sinal completo que queria que ele me beijasse e assim ele fez. Com todo o cuidado. Passou um dos braços no meu quadril e me prendeu mais nele. Deixando o beijo mais forte, a língua brigava para ocupar espaços na minha boca, eu subi a mão para sua nuca e deixei ali para arranhar com cuidado. Ele encerrou o beijo me selando duas vezes e abriu um sorriso lindo pra mim, de um jeito que os olhos ficaram ainda menores, quase sumindo.




Deixe-me ir | XAMÃ Onde histórias criam vida. Descubra agora