MORENA.
— Tia, esse ar quente não dói? — Akasha me perguntava pela décima vez desde que disse que passaríamos um pouco de secador em seu cabelo.— Dói não, é bem tranquilo. E vai ser rapidinho, seu cabelo é pequenininho assim. — sinalizei com os dedos e ela riu concordando. — Agora fica quietinha que a tia vai secar teus cachinhos aí.
— Tá bom. — eu sentei ela na tampa do vaso e ela começou a sacudir as perninhas enquanto me observava mexer em algumas coisasa.
Sequei seu cabelo em menos de cinco minutos e acabou que ela já estava era quase dormindo com o barulho do secador. Chegava fechar os olhos e a cabeça ir tombando pra frente, até que uma hora ela apoiou o rosto em mim e passou os braços por uma das minhas coxas e acabou dormindo assim. Geizon precisou me ajudar, pegando ela e a botando para o quarto.
Eu voltei para o banheiro, arrumei toda nossa bagunça e desliguei a luz dali. Geizon estava deitado do lado da Akasha, que tinha despertado um pouco e ele a ninava e falava algo baixinho com ela. Eu deixei os dois no momento deles e fui para a sacada, me sentando num sofá redondo que ficava ali e fiquei mexendo em meu celular.
Estava concentrada na minha conversa com a Monalisa que mal percebi em qual momento Geizon se sentou na ponta do sofá. Percebi sua presença quando senti ele alisando minha coxa e descendo o carinho para a batata da perna.
— Quer conversar agora? — perguntou por cima dos ombros e eu arfei baixinho, bloqueei meu celular e ele se virou. — Hum?
— Geizon, eu me precipitei ok, não combinamos nada de prioridade... Na verdade, de exclusividade. Conforme foi que você faz suas coisas e eu as minhas. Eu não deixo de ficar com ninguém por pensar em você e nem você faz o mesmo.
— Eu já sei toda essa parte de có e salteado e na moral? Acho que erramos nesse bagulho aí. — eu tirei minha perna de seu carinho e ele girou o corpo ficando agora de frente pra mim, as costas encostada no parapeito da varanda.
— Não acho.
— Tem certeza?
— Eu só fiquei incomodada e você sabe bem o porquê. — eu engoli a seco e mexi em meu cabelo, apenas para ter o que fazer. Segurei um cacho na mão e fiquei focada em esticar e o enrolar de volta. — Eu não sei exatamente quando aconteceu e talvez eu nem me lembre. Mas eu tô apaixonada por você, completamente.
— Morena...
— Me deixa falar isso, pelo menos isso.
Pedi baixinho e o olhei, ele assentiu, respirou fundo e ficou quieto, me esperando.
— Talvez eu tenha me apaixonado pelo seu jeito. Por seu sorriso ou por sua risada alta e grossa. Eu não sei, Geizon. Eu não sei em qual dia ou em qual momento. Eu só sei que isso foi crescendo dentro de mim, sabe? E me deixou tão maluca em ver que você deixou de passar a virada comigo pra ficar com ela. — eu mordi meu lábio, tentando segurar um choro e desviei o olhar do dele. — Eu te esperei, esperei até a última hora. Até me sentir mal o suficiente quando percebi que você não viria. Que tudo que eu montei roteiramente dentro do minha cabeça não iria acontecer. Eu só... Eu só queria que você tivesse vindo.
Eu sorri sem graça e sequei rápido a lágrima que escapou.
— Não faz isso comigo... Não chora, não.
— Tá tudo bem, Geizon.
— Eu não sei como te explicar, não sei como me desculpar com você e tô tentando não fazer ainda mais merdas.
— Agora não importa mais, não temos como mudar nada.
— Eu tô me sentindo um merda em te ver assim e falar todas essas coisas pra mim...
— Eu sei, você não sente o mesmo. E tá tranquilo, eu não posso mandar em nada dentro de você. Não posso te obrigar a nada. Eu só posso ter me apegado e me apaixonado rápido demais. No fundo, pode ser só sentimentalismo passageiro porque eu tô magoada contigo.
— Eu gosto de você. Você é especial pra mim. Eu curto todo nosso lance e o caralho, mas... Merda! Caralho!
Eu desviei o olhar de seu rosto, não conseguia mais olhar pra ele. Me sentei na ponta, ao seu lado e encarei o chão, balançando meus pés devagar.
— Eu não sei definir a parada que eu sinto por você.
Meu coração pareceu parar por cinco segundos e quando voltou, batia tão forte que eu sentia as veias do pescoço latejarem disparadas. Minha boca estava seca e quase me faltou ar. Eu precisei puxar todo o oxigineo de volta. Assenti devagar, com para resposta para ele. Eu não pudia olhar-lo. Ou todo o choro que eu estava prendendo na garganta iria rolar sem piedade de mim.
— Eu preciso dar uma volta. Não precisa se preocupar comigo, eu vou dormir com a Maria. — eu falei baixo depois de longos minutos sentindo ele me encarando, puxei meu celular e levantei dali. Calcei o meu chinelo e o vi de canto de olho se jogar no sofá e passar o braço pra cima do rosto, deu uma suspirada longa e eu saí logo do quarto, antes que me desmontasse na frente dele.
Seria ainda mais humilhante do que só o ouvir dizer que não existe reprocidade alguma.
05 de janeiro
Já estávamos de volta ao Rio, chegamos ontem de tarde. Depois daquela conversa com o Geizon o clima entre a gente ficou um pouco desconexo. Eu não sei nem mesmo se ainda iríamos voltar a ficar juntos.
Eu não sei, estava tudo muito estranho e perdido.
Eu ainda estava magoada, claro. Mas não posso obrigar a ninguém a me amar de forma igual da qual eu sinto. Não é justo. Nem comigo nem com ele.
— Conseguiu se decidir?
— Ah, oi. — eu sorri sem graça me despertando dos meus pensamentos. E olhei a minha melhor amiga. — Eu ainda não sei o que fazer, Anna.
— Eu ainda não entendi muito bem o que tá te impedindo de ir. Mas independente da tua decisão, eu tô contigo aqui ou você estando em Paris na próxima semana. — eu assento devagar e ela me abraçou forte.
Acabei decidindo ir na casa da minha mãe, eu ainda tinha mais dois dias de folga e usaria eles para ficar com ela e a minha irmã. Quem sabe assim pensar melhor na minha proposta e já ir para o estágio daqui dois dias, já decidida.
Maratona ativada
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Comentem muito, logo volto.
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Deixe-me ir | XAMÃ
FanfictionMas tive que perder pra aprender dar valor Pra você entender seu amor, mas não quer ser mais minha Então diz que não me quer por perto Mas diz olhando nos meus olhos Desculpe se eu não fui sincero • todos os direitos reservados. • história original...