Regra Número 1:

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Naquela manhã, fechei o caderno de exatas da Lady Ink, guardei na mochila e peguei o de humanas de uma bonequinha aleatória, porém, bonita. Tinha descoberto isso de separar os cadernos por áreas de conhecimento na escola antiga, que frequentei até o ano passado, quando as condições financeiras de minha família ainda conseguiam arcar com a mensalidade exorbitante de uma das melhores escolas da cidade. Agora, por outro lado, lá estava eu sentada na primeira fileira de uma escola pública que, infelizmente, julgava precária, se fosse comparar.

E eu iria, é claro, só para evidenciar as diferenças e mostrar para mim mesma que não estava errada sobre a insatisfação com a troca de escolas. Aquela era minha segunda semana e já tinha passado por aulas vagas, o que era horrível, ainda mais para mim que estava focada no vestibular, mas ficava ainda mais chato, veja bem, já tinha visto tudo que eles estavam dando no ano anterior e isso estava sendo meio frustrante, pois não aprendi nada de novo, me sentia estagnada.

Acho que deveria ser uma filha incompreensiva, porque me perco nas contas de quantas vezes debati com meus pais para fazerem um esforçozinho e me manterem em uma outra escola particular, já que a antiga era muito cara. Mas eles foram sempre muito claros ao dizer: Alice, não é questão de esforço, estamos no vermelho, não dá!

Fazer o quê?! O que me restava era aceitar e continuar na esperança de que iria sair dali, porque desejava demais isso!
Ficava tão perdida pensando no quanto não queria estar lá, que nem percebi quando o professor entrou, quando dei por sua presença ele já estava bastante disposto escrevendo no quadro seu próprio nome e o da sua disciplina. Através dessa apresentação foi que lembrei que ele era um dos professores irresponsáveis que já começaram faltando na primeira semana de aulas, isso que é empenho, julgava.

- Bom dia, turma, me chamo Benjamin Alencar e serei o professor de história geral e história da arte. Bom, estou aqui como contratado, então, quando o efetivo decidir voltar, provavelmente serei substituído, mas rezemos para que não aconteça tão cedo!

A turma riu. Eu estreitei os olhos, "contratado e ainda faltando? Que audácia!", pensava.

- Queridos alunos, vamos começar? - ele bateu uma mão na outra e fez um som oco. - Iniciaremos pela Revolução Inglesa, mas, antes precisamos conhecer seus antecedentes! - e escreveu antecedentes no quadro manchado e desgastado.

Rever alguns conteúdos até que era bom, confesso, mas rever tudo em história? Seria uma tortura pela qual precisaria passar, porque, só para começar, sempre achei essa matéria um tédio, em segundo, me lembrava de quase tudo e isso fazia com que eu não precisasse me empenhar tanto. Escrevi a data, o nome da disciplina e do professor no caderno, mirei o quadro quando ele começou a explicar o primeiro tópico, mas não me contive, precisava interrompê-lo, de maneira educada, é claro.

- Professor, perdão por interromper, mas o senhor esqueceu de colocar o subtópico "impostos", porque estavam muito altos e isso causava insatisfação na população.

- Sim, sim, você está certíssima, mas está precipitada! - Disse apontando para mim com ar dramático - eu vou falar sobre isso, mas deixei dentro do subtopico Carlos I. Nós vamos chegar lá! - Disse animadamente e sorrindo.

Eu aceitei e continuei anotando os tópicos. Deixava um breve espeço entre eles para as anotações do que o professor dizia.

Como  ̶N̶ã̶o̶  Se Apaixonar Pelo ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora