Regra Número 17:

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🟦 ̶N̶ã̶o̶ Dance com Ele.

"Ela só quer, Só pensa em namorar" repetia a canção enquanto Rafaela e eu dançavamos no pequeno pátio que ficava entre o restaurante e a lanchonete da universidade. O lugar estava iluminado por lâmpadas amarelas que iam de um lado a outro do espaço acompanhadas pelas bandeirolas coloridas, o cheiro de caldo de macaxeira com carne e o alegre trio de senhores que tocavam forró passava a sensação de estar no interior da cidade, em um povoado distante onde o céu fica ainda mais lindo de ser contemplado.

Mas não, estávamos praticamente no centro da cidade dentro de um campus universitário aproveitando a festa de são João beneficente dos estudantes. Já completava quase duas semanas que estávamos de férias e isso significava que eram duas semanas sem ver Benjamin também.

Rafaela me rodopiou no pátio e Mateus, aproveitando a oportunidade, me tirou dela para uma dança. Rafaela, frustrada, foi se sentar no batente da calçada da lanchonete enquanto continuei no pátio sendo humilhada pela facilidade de meu amigo para dançar forró.

Ficamos sabendo daquela festa por meio dos próprios universitários que foram divulgá-la no Otacílio, antes do início das férias. Marcamos de ir, depois desmarcados e, por fim, fomos.

Cansada de acompanhar o ritmo de meu amigo, me sentei, ofegante, ao lado de Rafa. Mateus se jogou do outro lado, as pernas estendidas a frente de seu corpo em uma pose desleixada enquanto bebericava o refrigerante de guaraná que havia acabado de comprar na quermesse. Entre um gole e outro, confessou para gente que tentava passar a imagem de que bebia cerveja no lugar do guaraná, para os universitários. Eu ri, como sempre fazia das graças que ele soltava, porque sabia que a maioria de suas falas se tratavam de tentativas para arrancar risos de nós e, na verdade, arrancavam mesmo. Eu parecia uma boba sempre que estava conversando com ele e, instigado pelo meu riso, ele falava mais e mais.

Por algum motivo, meu amigo queria manter os ânimos de todos ao seu redor sempre altos e alegres, falhando raramente nessa tarefa.

A cada hora que se passava o pátio diante de nós ficava mais cheio, boa parte das pessoas naquele espaço, eu conhecia, pois moravam pelas redondezas, próximas a mim e, vez por outra, me cumprimentavam ao cruzar comigo.

Senti o celular vibrar no bolso e atendi antes do fim do primeiro toque, era minha mãe e eu sabia que se demorasse a atender, talvez, ela me mandasse ir embora mais cedo do que o combinado, pois começava a ficar preocupada. Mas se eu fosse atenciosa com ela, respondendo suas mensagens e suas ligações de maneira rápida, ela ficava tranquila e me deixava mais livre. Isso era curioso, mas com tantos anos de convivência, acabei aprendendo algumas estratégias para lidar com a minha mãe coruja.

O trio forrozeiro tocava cada vez mais alto e de maneira mais intensa como para convidar as pessoas a dançar. Avisei meus amigos que me afastaria para atender a ligação e fui caminhando pelo campus na direção oposta a festa para conseguir atender a chamada.

- Como está aí? - Perguntou. - Não se esqueça de me ligar quando quiser vir embora.

- Tá tudo bem, mãe, fique tranquila! - Disse calmamente - Ligo sim, mas não precisa vir me buscar, vou com Mateus e Rafa.

Sentei em um banco de madeira que ficava de frente para a biblioteca e um cachorro que estava deitado embaixo saiu, como quem não gostou de minha presença ali.

- E eles vem te deixar aqui na porta? - Questionou.

- Vão sim, mãe, não se preocupe. - Disse observando o cachorro se deitar do outro lado, encostado a parede. - Qualquer coisa é só me ligar, estou atenta.

Como  ̶N̶ã̶o̶  Se Apaixonar Pelo ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora