Regra Número 2:

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🟦 ̶N̶ã̶o̶ Seja Monitora de Disciplina

Bendita quarta-feira que chegastes com boas notícias! Retornei da escola e encontrei minha mãe ao telefone, percebi que era importante, então fui tomar um banho, vestir uma roupa leve para, mais tarde, montar alguns materiais para a monitoria do dia seguinte. Estava animada, pelo menos algo mais desafiador e menos repetitivo havia para fazer. Tomei um banho com água geladinha e gostosa, antes não optaria por isso por causa do meu vício em banhos quentes mesmo que a temperatura para aquele dia estivesse alta. Naquele momento, porém, como não tínhamos mais chuveiro elétrico, tive que acostumar com os banhos de água fria e foi um mal que veio para o bem, minha pele e meus cabelos estavam melhores. Mas voltando, sem chuveiro e sem várias outras mordomias que tínhamos, a vida financeira na minha casa estava péssima se comparada ao que já fora. Com o divórcio, meu pai se limitava a dá uma pensão para mim, mas também, as lojas de material de construção dele já não vendiam lá essas coisas e, para completar, minha mãe estava desempregada.

Peguei uma toalha menor para enxugar meus cabelos e comecei a penteá-los de frente para o espelho, as madeixas ruivas caindo sobre meus ombros como ferrugem. Há, sim, eu sou ruiva e odeio isso, o cabelo fino e alaranjado, a cara cheia de sardas e a pele clara demais para alguém que vive no sertão nordestino. Além disso, chama atenção, as pessoas ficam olhando, pelo visto, tinha uma aparência atípica para a região onde morava e não era fã disso.

Minha mãe entrou no quarto quase pulando e me fez cócegas que quase me levaram ao chão de tanto rir e me contorcer. Minha mãe de tão bom humor? Raridade desde o divórcio.

- Consegui um emprego! - Berrou alegre. - Gerente, galeria de arte que abriu no centro! Imagina? Achei chique demais!

Apertei o nó que tinha dado na toalha, pois estava afrouxando e sentei na casa para saber mais sobre o novo emprego, essa notícia me deixara tão contente, sinal de que, talvez, lá para o segundo semestre eu conseguisse retornar para a antiga escola e meus amigos que vivo diariamente com saudades.

- Quando a senhora começa? Quanto vai ganhar? - Metralhei, tão animada quanto ela.

Minha mãe estreitou os olhos e sorrindo, disse: mas tu é curiosa, Alice, já quer saber meu salário! - dei de ombros e passei a escova pelos meus cabelos já penteados. - Começo na próxima segunda e já vi que os donos da galeria são exigentes, mas eu dou conta, quer dizer, vou dá o meu melhor. E quanto ao meu salário... É um bom valor. - disse ela misteriosamente. Ergui uma sobrancelha e ela riu.

Nessa tarde montei uma folha de redação da maneira que dona Helga tinha me dado instruções, imprimi dez delas, porque só tinham se inscrito na oficina de redação nove pessoas, coloquei uma a mais para mim, eu também quero praticar. Estudei um pouco também sobre as regras, macetes que eu poderia passar para meus monitorados. É assim que se fala: "monitorados"?!

Enfim, na tarde da ofina de redação cheguei a escola às 15h30 e fiquei caminhando pelo pátio imenso cheio de árvores. Não entendia o conceito daquele espaço, só era um bom lugar para se esconder e não ir as aulas que, inclusive, era uma táctica muito utilizada e isso me espantava já que a coordenadora, tão cheia de si e de sua gestão da qual vivia se gabando, não percebia ou simplesmente não se importava.

Dona Helga chegou pouco depois de mim e, claro, pendendo para um dos lados do corpo por causa do peso da sua bolsa. Acho que ela sempre andava com tudo ali, até o que seria improvável de precisar. Segui pelo corredor de salas bem atrás da professora e tive vislumbres breves das aulas que aconteciam naquele momento para as turmas verpertinas.

- Acho que essa serve, não é minha filha? -Perguntou me encarando com a porta de uma sala pequena aberta diante de si.

Concordei e organizamos o espaço, as pessoas eram para chegar às 16h. Enquanto exercitavamos esse trabalho, ela me perguntava se eu estava bem, se estava gostando da escola e coisas do tipo. É claro que eu mentia dizendo que estava gostando sim, para não chateá-la, ela era uma professora que se esforçava.

Como  ̶N̶ã̶o̶  Se Apaixonar Pelo ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora