🟦 ̶N̶ã̶o̶ Ache Maneiras de se Aproximar
Passei o marca-texto verde por cima da questão e retornei para o início da apostila contando todos os acertos e depois repeti o mesmo processo contando os erros. Era noite de quinta-feira e tentava colocar como hábito resolver um simulado durante a tarde e corrigí-lo a noite.
Os simulados que eu tinha eram Pérola que me passava, pois baixava na plataforma da escola e encaminhava para mim, eles faziam parte do material didático da escola Maria das Graças e eu meio que burlava o sistema deles usando-os.
Risquei a meta do simulado no planner e observei o vácuo que existia daquele horário até o momento de dormir, isso significava que tudo estava ordenado e feito, portanto, poderia matar o tempo com qualquer coisa que quisesse.
Mas não tinha nada em mente, estava meio enjoada das redes sociais, na tv não passava nada de bom e minha mãe ainda não tinha voltado do trabalho. Fiquei perambulando pela casa, vasculhando a geladeira atrás de sobras, ora comendo, ora mexendo nos papéis de minha mãe no mini escritório que tínhamos. Foi em uma dessas inspeções que achei uma pilha de livros no canto da prateleira, por trás de alguns porta retratados e papéis amassados.
Guardei os papéis na gaveta da escrivaninha e encarei as fotografias expostas, em especial uma que mostrava eu, mainha e painho na beira do rio, eu pequenina parecendo um tomate nos braços de meu pai, minha mãe ao seu lado sorrindo e apoiando-se em seu ombro. Aquilo que tínhamos se perdeu em algum momento do percurso até aqui, a Alice de agora já não tinha mais os mesmo pais da mini-eu e perceber isso me entristecia dando uma pontada no peito como se alguém me atingisse ali com um objetivo afiado. Abri o porta retrato e retirei nossa foto, queria deixar ela mais perto de mim, guardaria em meu quarto.
Tirei as outras duas molduras que atrapalhavam o caminho até os livros e pude ver os títulos inscritos em suas laterais, nada parecia muito interessante, porém, um deles eu conhecia pelas aulas de literatura do colégio, se tratava de Dom Casmurro. Puxei ele do meio daquela pilha empoeirada e abri, não sem espirrar por duas vezes, o escritório de minha casa estava precisando de uma faxina urgente.
Detentora da foto e do livro, me deitei na cama depois de ter colocado a fotógrafia entre as páginas do planner. Era um local provisório para ela, procuraria outro, mas naquele momento estava curiosa sobre o livro.
Não que eu fosse uma leitora, não era. Se eu tinha lido algum livro havia sido há anos atrás por obrigação da aula de literatura para fazer avaliação. Mas estava decidida a princípiar por esse hábito que muitos se gabavam por possuir. Pelo menos, era assim que eu justificava aquele interesse repentino pela leitura, mas na verdade, estava fazendo aquilo por influência de Benjamin.
Era certo que não teríamos mais nada, isso já estava claro e se tornava cada vez mais robusto em minha mente, ocupando muito espaço e me concientizando do fim de algo que nem tinha começado. Mas enfim, queria ter algo para conversar com ele e o livro parecia uma boa desculpa já que, durante a viagem, Benjamin me disse que sua missão se tratava de me ajudar a encontrar o livro ideal. Não sei se eu acreditava muito nisso, mas estava disposta a tentar só para me manter perto dele.
Abri o livro com cheiro de velho e sua capa fez um barulho tipo creck e isso me fez pensar que ele não era aberto fazia tempo. Fui direto para a página do capítulo um que dizia "Do Título".
Li também o segundo capítulo e já possuía comigo as informações do personagem para sua escolha por fazer aquilo. A linguagem não me cativou, era rebuscada, mas a forma como o personagem conversava comigo, me fez pensar em terminar a história.
Porém, faria isso em outro momento porque dois capítulos tinham sido suficientes para mim. Voltei para o escritório e fiquei vasculhando os papéis sobre a mesa, as gavetas da escrivaninha, não procurava nada em especial, na verdade, torcia por encontrar algo interessante, qualquer coisa que me distraísse por mais tempo do que Dom Casmurro tinha conseguido.
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Como ̶N̶ã̶o̶ Se Apaixonar Pelo Professor
RomanceQuando as coisas em nossa vida saem dos trilhos e somos arremessados as consequências, fica difícil de lidar e aceitar, ainda mais se você é uma adolescente de dezesseis anos. Os pais de Maria Alice se divorciaram, a mãe perdeu o emprego e o pai, b...