Regra Número 14:

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                 ☑️ ̶N̶ã̶o̶  Deixe Ele te Ajudar

Encarei a placa que mostrava uma sereia, ou era um ET, não sei ao certo, mas tal imagem chamou atenção de toda a turma que ria e fazia piadas do tipo: tem ets pela trilha?! Confesso que não entendi o conceito da placa, talvez fosse apenas para chamar atenção, porém, ela estava fincada bem no início do percurso que faríamos e, querendo ou não, era intrigante.

Passava das 14h da tarde, o sol em toda a sua fúria castigava o alto de nossas cabeças e, por sorte, lembrei de pegar o boné antes de ir. Meu corpo estava fatigado, pedia um descanso pós almoço que não seria possível ter.

Ao lado da fábrica de cerâmica, a segunda que visitavamos naquele dia, possuía um restaurante maravilhoso em todos os seus aspectos, desde os pratos de cerâmica em formato de folha até o tempero. Porém, tudo tem seu lado bom e seu lado mal, não é mesmo? Pois bem, apesar da comida deliciosa, assim que saímos já precisamos voltar para o ônibus e subir pela estrada em direção ao lugar onde iniciariamos a tão propagandeada trilha.

De pé, próximo a placa da sereia-et eu e o pessoal recebíamos as informações necessárias para começar o passeio: nada de fazer barulho para não assustar as abelhas africanas e os outros animais que viviam naquela região,  além de evitar atrair onças.
Quando o guia mencionou as onças, Rafa, Mateus e eu nos entreolhamos assustados, mas logo fomos tranquilizados com o discurso de que era só para precaver, elas ficavam afastadas da trilha e daria tudo certo.

Além disso, não poderíamos levar nada do lugar, nem sequer uma pedrinha, pois o parque era preservado, assim como os sítios arqueológicos. E, nesses termos, começamos a trilha, primeiro só se via a caatinga exuberante ao nosso entorno, alguns pássaros tímidos e os nossos próprios sussurros porque ainda estávamos com medo das tais onças, no entanto, o guia falava em um tom normal e isso fazia Mateus roer as unhas e só me restava rir das graças de meu amigo.

Lembro que peguei o planner para fazer algumas anotações sobre a fauna e a flora para colocar na redação e garantir meu pontos, mas depois disso, não me lembrava o que tinha feito com o caderno, ele simplesmente não estava mais comigo quando o procurei para anotar informações do Boqueirão da Pedra Furada. Olhei na mochila e nada, então busquei ao redor por Rafa e Mateus, pois era possível que eu tivesse entregado a um deles, mas o retorno foi negativo, provavelmente tinha perdido meu planner, o lugar onde organizava todas as minhas rotinas e metas a serem cumpridas, isso me deixou frustrada.

Estava tão desapontada e com raiva de mim mesma por ter perdido o planner que não conseguia acompanhar as informações que o guia nos passava sobre datação e carbono-14, mas também, de que adiantaria? Não tinha mais onde anotar, de qualquer modo. Porém, pelo esforço que estava fazendo para lembrar onde poderia ter deixado o bendito, lembrei de uma possibilidade... Talvez ele tivesse ficado alguns metros atrás quando parei para amarrar meus tênis. Mas voltaria sozinha? Queria, mas aquele lugar de caatinga fechada não me era tão convidativo para explorar atrás de uma agenda.

Mas não é qualquer agenda, Alice! — debatia internamente.

Pela falta de coragem de voltar pelo trajeto sozinha, convenci Mateus e Rafa, apesar de relutantes, a irem comigo. Precisávamos ir rápido para não nos perdermos do grupo, mas ao mesmo tempo prestando bastante atenção, pois não sabia exatamente onde ele poderia estar.

Quando alcançamos uma distância considerável da expedição, Rafa e Mateus se recusaram a continuar a busca, pois estavam com medo de nos perdermos — uma justificativa meio tola já que só havia uma única trilha principal por ali —, tentei insistir um pouco, mas fui vencida, afinal eram dois contra uma e começamos a subir novamente pelo caminho ingrime.

Como  ̶N̶ã̶o̶  Se Apaixonar Pelo ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora