Regra Número 15:

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🟦 ̶N̶ã̶o̶ Beije Ele

Desde pequena o céu sempre me encantou, as vezes sentava na varanda de casa e passava horas contando as estrelas até minha mãe reclamar o suficiente pra eu ir escovar os dentes e dormir, mais ainda assim, esperando sonhar com o céu noturno.
Encarei minhas mãos lembrando que mainha sempre dizia que meus dedos iriam se encher de verrugas por contar estrelas. Nunca encontrei lógica nisso aí, por isso que só perdi o hábito de vislumbrar o céu, bem... Acho que foi quando ganhei meu primeiro celular.

Naquela noite, porém, tinha deixado o smartphone no quarto e talvez por sua falta, o céu se apresentava para mim, majestoso, sem nuvens, repleto de estrelas que cintilavam sobre minha cabeça.

O vento espalhava o cheiro de grama molhada pelo pátio enquanto estavamos sentados formando um círculo pelo chão, um dos colegas de classe tinha levado seu violão para a viagem - muito criticado por Groselha, diga-se de passagem - e naquela noite trouxe toda uma cor e sabor de final de viagem. As músicas de Legião Urbana dominavam, pois a própria coordenadora sempre pedia alguma - hipócrita, não?

O dia tinha sido longo e cheio de descobertas, visitamos o Museu do Homem Americano onde conheci o crânio de Zuzu, o segundo fóssil mais antigo do Brasil, sua aparência não era das melhores, é claro, ele teria vivido há mais de 9 mil anos atrás, já era muito incrível poder ver seu esqueleto.

O ambiente era escuro e frio, somente as peças recebiam uma iluminação artificial que, naturalmente, atraia nosso olhar sobre si. Em uma das salas estavam expostas várias urnas funerárias, em uma eu até consegui ver o esqueleto lá dentro, foi uma sensação de estranheza boa ao poder vizualizar de tão perto tudo aquilo.

Saímos de lá emocionados, eu particularmente fiquei, mesmo não sendo tão devota desses temas, mas ninguém ganhava para o professor de história que demonstrava uma verdadeira devoção ao percurso da humanidade através dos anos.

O restante do dia girou em torno de comentarmos sobre o museu e suas características. Eu e as meninas passamos algumas horas no nosso quarto trocando informações sobre as anotações e tal, já estávamos preocupadas com as redações que deveriam ser entregue assim que voltássemos, antes das férias de junho que se aproximavam.

Porém, assim que a noite preguiçosa de domingo apareceu, resolvemos fazer um luau de despedida, colocamos os lanches que ainda nos restavam no centro do círculo, uma mistura de salgadinhos, biscoitos recheados, sucos de garrafinha e refrigerante. Metade do pessoal queria pedir pizza e debatia com a coordenadora sobre a possibilidade.

A vibe era muito boa, como Mateus tinha dito uma vez: não perderia a resenha da viagem por nada! E estava certo, tudo era incrível, mas aquele início de noite com o corpo cansado ainda do dia anterior, pessoas com sentimentos e perspectivas semelhantes juntos em um só lugar, parecia algo que aconteceria raríssimas vezes ao longo de minha vida.

- Bora! - Gritou o pessoal que tentava convencer Groselha a pedir as pizzas. - Pega o celular aí para pedir!

Verifiquei meus bolsos para ver se tinha levado dinheiro comigo ou precisaria voltar ao quarto para pegar, mas por sorte, tinha a quantia exata para ajudar na compra.

As vozes foram se aquietando quando o menino do violão começou sua próxima canção: "Deixa eu descobrir o que te faz sorrir/ Deixa eu me perder em você"¹...
Encarei minhas pernas cruzadas diante de mim enquanto escutava aquela canção e tentava não pensar em um certo alguém específico. Mas tinha se tornado difícil depois da ajuda que ele me deu para encontrar o planner, senti seu respeito e cuidado com aquele objeto que era importante para mim, além das explicações dele sobre as pinturas rupestres, seu sorriso e o brilho dos seus olhos ao ver as peças no museu. Algo me atraia em Benjamin e começava a se tornar não só um crusheamento, mas uma vontade, vontade de beijar ele, abraçar...

Como  ̶N̶ã̶o̶  Se Apaixonar Pelo ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora