Regra Número 32:

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🟦 ̶N̶ã̶o̶ Dê Desculpas Para Ele

Κρόνος, essa palavra de escrita estranha não me saia da cabeça. Benjamin tinha me contado sobre ela outro dia enquanto trocavamos mensagens. Ela é diferente porque está em grego, mas traduzindo significa Cronos, que na mitologia é o deus do tempo. Não lembro ao certo se era só o tempo em si - horas, minutos e segundos, quero dizer - que ele controlava ou, também, algo mais, tipo destino.

A verdade é que Benjamin parecia conhecer muito bem a mitologia grega e, sempre que tinha oportunidade, me explicava um pouco sobre ela, mas, aqui para gente, eu achava tudo aquilo tão confuso e sem nexo. Porém, lia cada uma das mensagens com bastante atenção e instigava-o a continuar, pois a animação dele ao falar sobre aquele assunto era linda.

Na semana em que algo inesperado aconteceu, Cronos parecia engolir as horas dos primeiros dias muito vagarosamente, degustando-lhe os sabores, porém, a partir da quinta-feira, as horas se passavam com velocidade voraz. Não que fosse ruim, a maioria das pessoas iria gostar muito que o tempo corresse justamente em direção ao fim de semana, eu também adoraria isso, caso o que aconteceu na sexta-feira depois da aula, não tivesse ocorrido.

Minha mãe, desde quando me lembro, sempre repetia que nada durava para sempre - ao menos, quanto a isso, ela não era incongruente, mas isso não tem importância agora. Dona Lívia falava além de relacionamentos amorosos, ela dizia sobre ideias, conceitos... Mas eu sempre associei às relações: amigos que se afastavam, amores que partiam.

Eu tinha passado muito claramente pela experiência dos amigos que tinham se afastado, mas aquela altura, já não me importava tanto assim, pois quem era para ficar, ficaria e pronto. Apenas Pérola ficou e estava tudo bem, isso mostrava que ela era a única amiga de verdade, a única que se importava comigo verdadeiramente.

Mas também, eu tinha encontrado novos amigos dos quais eu gostava imensamente, me sentia acolhida por eles. Claro, estou falando de Rafaela e Mateus, meu grupinho mais que especial da escola.

Pelo menos, era o que eu achava. Mas também, não tinha como pensar outra coisa se tudo que tinha vivido com eles até ali tinha sido bom. No entanto, parafraseando novamente Dona Lívia Maria, minha mãe, nada dura para sempre.

Era manhã de quinta-feira quando, ao fim das aulas, Rafaela disse que queria conversar comigo. Meu estômago embrulhou no mesmo instante, sentia que não viria coisa boa por ali.

Sentamos no nosso banco habitual do pátio, embaixo da algaroba. Mateus não estava conosco, tinha faltado. Rafaela se endireitou no banco tentando ficar de frente para mim, quando, enfim, julgou que estava confortável, me encarou por alguns segundos.

- O que foi?

Rafaela bufou olhando ao redor, como se aquilo fosse difícil ou cansativo para ela.

- Alice, eu gosto muito de você.

Assenti.
- Não fique chateada comigo... Promete que não vai ficar?

- Não sei o que você vai dizer, então fica difícil prometer... Acho que depende.

- Ta bom, mas o que vou dizer é puramente porque me importo com você, ok? Mesmo que você não goste, saiba que é porque me importo.

Assenti novamente, a essa altura tudo que eu queria era que ela falasse logo de uma vez.

- Você é inteligente, admiro demais sua desenvoltura e tal... Mas também é ingênua, amiga.

- Oi? - Perguntei sem compreender o que ela queria dizer com isso. Eu não era ingênua, pensava tanto e avaliava tudo que não poderia ser, não é?! Para mim, Rafaela que era a ingênua com alguns sonhos de contos de fadas.

Como  ̶N̶ã̶o̶  Se Apaixonar Pelo ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora