A APOSTA

CAPÍTULO ONZE

Fiquei esperando debaixo da água com os braços bem apertados em volta do meu peito e nas minhas parte intimas. Ele cuspiu, bochechou, cuspiu de novo e depois a porta se fechou. Eu me enxuguei,me sequei o mais rápido possível, vestir a camista e um short, coloquei os óculos e penteei o cabelo. Vi o hidratante de uso noturno que mew tinha levado até o banheiro e não conseguir conter um sorriso. Ele era atencioso e quase gentil quando queria.

Mew abriu a porta de novo.

_ Anda logo, 🌻! Vou apodrecer de tanto esperar aqui!

Joguei meu pente nele, mas ele conseguiu desviar, fechando a porta e rindo sozinho até chegar ao quarto. Escovei os dentes e fui arrastando os pés pelo corredor. No caminho, passei pelo quarto de boat.

_ Boa noite, gulf - disse mild no escuro.

_ Boa noite, mild.

Hesitei antes de bater duas vezes, suavemente, na porta do quarto de mew.

_ Entra, 🌻. Não precisa bater.

Ele abriu a porta e eu entrei. Vi a cama de ferro preta disposta paralelamente as janelas do outro lado do quarto. Nas paredes não havia nada além de um sombrero acima da cabeceira da cama. Eu meio que esperava que fosse igual a ele rodado kkkkk. A cama era preta; o carpete, cinza, e tudo o mais no quarto era branco. Parecia que ele tinha acabado de se mudar.

_ Gostei do pijama - disse mew ao me ver com o meu short e uma camiseta grande. Ele se sentou na cama e deu uma batidinhas no travesseiro a seu lado - bem, pode vir. Não vou te morder.

_ Não tenho medo de você - falei, indo até a cama e largando o livro de biologia ao lado dele. _ Você tem uma caneta?

Ele apontou com a cabeça pra mesa de cabeceira.

_ Na gaveta de cima.

Eu me estendi até o outro lado da cama,  abri a gaveta e achei três canetas, um lápis, um tubo de KY e um pote de vidro do qual transbordavam diferentes marcas de camisinha. Revoltado, peguei a caneta e fechei a gaveta com força.

_ Que foi? Mew quis saber, virando uma página do livro.

_ Você assaltou um posto de saúde?

_ Não, por quê?

Tirei a tampa da caneta, sem conseguir esconder a expressão indignado.

_ Por causa do seu suprimento de camisinhas pra uma vida inteira.

_ É melhor prevenir do que remediar certo?

Revirei os olhos. Mew se voltou às páginas, e um sorriso zombeteiro surgiu em seus lábios. Ele leu as anotações pra mim, ressaltando os pontos principais enquanto me fazia perguntas e, com paciência, me explicava o que eu não entendia.

       Depois de uma hora, tirei os óculos e esfreguei os olhos.

_ Estou acabado. Não consigo memorizar nem mais uma macromoléculas.

Mew sorriu e fechou o livro.

_ Tudo bem.

Parei um pouco, sem saber como dormiriamos. Mew saiu do quarto, cruzou o corredor e falou algo ininteligível pra boat no quarto dele antes de ligar o chuveiro. Virei as cobertas e puxei-as até o pescoço, ouvindo o barulho agudo da água no encanamento e na parede do banheiro.

    Dez minutos depois, a água parou de correr e ouvir o assoalho ranger sob os passos de mew. Ele entrou no quarto com uma toalha enrolada nos quadris. Tinha tatuagens nos dois lados do peito, e tribais em preto cobriam ambos os ombros salientes. No braço direito, linhas negras e símbolos se estendiam do ombros até o pulso. No esquerdo, as tatuagens terminavam no cotovelo, com uma única linha manuscrita na parte de baixo do antebraço. Fiquei de costa pra mew enquanto ele deixava a toalha cair na frente da cômoda e vestia a cueca. Depois desligou a luz e deitou na cama ao meu lado.

_ Você vai dormir aqui também? Perguntei, me virando pra olhar para ele.

_ Bem, vou. Aqui é minha cama.

_ Eu sei, mas eu....

Parei de falar por um instante. Minhas únicas opções eram o sofá ou a cadeira reclinavel.

Mew abriu um sorriso e balançou a cabeça.

_ Não confia em mim ainda? Juro que vou me comportar muito bem - disse, levantando os dedos de um modo que tenho certeza de que os escoteiros nunca consideraram usar pra fazer um juramento.

     Não discutir, simplesmente me virei e descansei a cabeça no travesseiro, enfiando as cobertas atrás de mim a fim de criar uma barreira clara entre o corpo dele e o meu.

_ Boa noite, 🌻 _ ele sussurrou no meu ouvido.

Eu podia sentir seu hálito de menta na minha face, o que fez cada centímetro do meu corpo arrepiar. Ainda bem que estava muito escuro e ele não pôde ver minha reação embaraçosa, mais embaixo das minhas coxas, ou o rubor que tomou conta do meu rosto logo em seguida...