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(comentem bastante em nome do caldeirão)

Morigan.

Morrigan observava a queda das estrelas. Ou ao menos fingia, a fêmea não tirava os olhos de Emerie. Morrigan não podia impedir os pensamentos de vagarem de como seria o gosto dela. Como seria esfregar-se contra ela, corpo-a-corpo. Sentir aquelas mãos ásperas devido ao treino e trabalho, passeando de maneira pecaminosa em seu corpo.

Azriel passou correndo ao seu lado. Xingando e amaldiçoando tudo e todos que via pela frente.

— Az, o que houve?

— Agora não, Mor. Não estou a fim de conversar.  — Morrigan se pôs no caminho do macho, ele exalava fúria.

— Az, fale comigo. O que está sentindo? — ela colocou a mão em seu peito.

— Falar? Falar o quê? Hoje quer me deixar falar? Não finja que se importa com o que eu sinto — a fêmea recuou um passo. O que diabos estava acontecendo com Azriel?

- Estou tentando ajudar, entender. Eu me importo de verdade — a fêmea colocou sua taça de vinho sobre a mesa. Indo atrás de Azriel, que seguia em disparada para a floresta. — Mas você está sendo a porra de um babaca. Um verdadeiro cuzão!

Azriel riu, aquela risada baixa e fria sempre direcionada aos inimigos em um campo de batalha, agora direcionada a Mor.

— Está falando sério? — o macho virou-se, para encará-la. Morrigan não recuou, encarou os olhos cor de avelã. —  Não venha me dizer nada sobre ser um babaca ou um cuzão. Que moral tem para isso?

Mor piscou, surpresa. Azriel nunca havia dito nada assim para ela. Nunca usou esse tom com ela. Azriel não era exatamente o tipo de macho carinhoso, mas nunca fora rude com ela.

— Quer saber o que eu sinto, Morrigan? Você quer a verdade? — ele a olhou nos olhos. Mor passou as palmas suadas sobre o vestido de seda vermelho. — Então, aqui está ela. Oh grande senhora da verdade! Eu passei a porra dos meus 500 anos inteiros apaixonado por você.

- Tem noção do quanto é difícil para mim me abrir? Nem meus irmãos me conhecem totalmente, mas eu quis vencer a porra do meu medo por você, por sua causa! E quando o fiz, você fugiu, me rejeitou. A ideia, de eu ser apaixonado por você, era tão terrível que preferia dormir com Cassian? Ao me deixar falar, entregar a você o que pensei que merecia, a verdade.

Pela primeira vez, desde que o macho tentou se abrir. Mor viu, emoção em seu olhar. Tristeza, mágoa. Aquela era a verdade nua e crua diante de seus olhos.

— Az, não é bem assim... — as lágrimas inundaram os olhos de Mor, a fêmea tentou se aproximar, erguendo a mão, mas Azriel desviou do toque.

— Você queria a verdade, aí está ela. Seu dom é a verdade, aceite-a agora. Durante anos você preferiu mentir para mim. Escondeu seja qual for a verdade.

— Eu não queria te machucar— a fêmea sussurrou.

— Mas machucou! Por anos, você foi tudo o que pensei, tudo o que sonhei. Mas você mentiu, quando tudo o que quis foi te entregar a verdade do que eu sentia. Irônico não? A dona do dom da verdade, mente.

— Eu gosto de fêmeas. — a fêmea chorou. — Me desculpe pelo que fiz com você. Azriel você nunca foi indigno do meu amor, sempre te amei como família, como irmão. Eu via como me olhava, sabia que se eu fizesse com você o que fiz com Cassian, significaria para você mais do que o que significou para ele.

— Essa era a verdade que escondeu de mim? — Mor acenou com a cabeça, cobrindo o rosto com vergonha. Mas Azriel se aproximou dela, rodeando os braços em torno dela — Mor, eu teria ficado magoado no início. Não magoado, chateado. Esta é a palavra certa. Mas a verdade teria me libertado do sentimento que nutri por você. Eu teria sido livre, não me iludiria acreditando que um dia me amaria, que um dia você iria me querer tanto como eu a queria.

Corte de laços e salvação. (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora