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Azriel.

— Az, espera! — Azriel parou ao som da doce voz de Gwyneth. O macho havia atravessado para longe do quarto, iria compartilhar com Gwyneth quando estivesse pronto, mas agora acreditava que não estava pronto quando disse. — Diga.

Azriel sentou na grama verde, puxando Gwyneth para entre as suas pernas. O macho havia atravessado para o jardim.

— Minha mãe foi vendida pelo próprio pai Gwyneth. Dói lembrar disso, dói saber que não fiz nada. Apenas dói por que eu não posso — depois de muito tempo lágrimas voltaram a escorrer pelo rosto do encantador das sombras.

— Seria mentira se dissesse que entendo sua dor. Mas Azriel, se você não conseguiu fazer, não foi porque não tentou. — a fêmea segurou as mãos de Azriel sobre os ombros dela, acariciando ambas mãos cheias de cicatrizes.

— Mas… mas — o macho soluçou.

— Mas nada Az. Você não pode se culpar por ações que não foram suas, os culpados são seu avô, o ilyriano quem a comprou e os próprios ilyrianos por terem a ideia antiquada de que mulheres não têm voz — Azriel enterrou seu rosto nos cabelos de Gwyneth.

— É difícil. Não consigo parar com isso. — o macho murmurou na nuca da fêmea.

— Sempre que pensar que é culpado, vai dizer em voz alta que não é. Está bem? — Azriel resmungou um sim, novamente o pensamento de culpa veio sobre ele.

— Não sou culpado — ele repetiu três vezes se forçando a acreditar.

— Você está indo bem, não pare — Gwyneth se virou de joelhos e abraçou o mestre espião, o macho apoiou a cabeça em seu peito fungando enquanto repetia que não tinha culpa.

Azriel não soube quanto tempo depois, mas já havia anoitecido. Ele havia parado de chorar, mas havia ficado em silêncio enquanto olhava para o céu.

— Vou até lá.

— Vou com você.

— Não vai, pode lhe fazer mal ir a um prostíbulo. Principalmente um como aquele — o macho se levantou esticando as asas.

— Eu não pedi a sua autorização, eu vou e acabou — Gwyneth se pôs de pé ao lado do macho, ele sabia que ela não desistiria. O macho assentiu — Tudo bem, vamos à Ilyria.

Ambos atravessaram para o acampamento ilyriano. Alguns machos na rua bebiam em estabelecimentos se gabando do dia de treino. Azriel conteve a vontade de revirar os olhos.

— Gwyneth? — um macho atrás deles chamou a fêmea, a mesma virou para trás no mesmo momento em que Azriel.

— Balthazar? — Gwyn estreitou os olhos. Azriel sentiu vontade de carregá-la e voar para o mais longe possível dali.

— Sim, sou eu. Como vai? Quanto tempo! — o macho se aproximou, mantendo uma distância respeitável mas apesar disso Azriel se incomodou. — Como estão Nestha e Emerie? Tem tanto tempo que as vi.

— Ambas estão bem. É bom te ver de novo — o macho retribuiu "elogio" e se despediu de Gwyneth, ignorando totalmente a presença do encantador das sombras.

— Ele é um mal educado — Azriel resmungou caminhando com Gwyneth.

— Você estava quase rosnando para ele — Gwyneth deitou a cabeça em seu braço enquanto caminhavam. Azriel estava atento, totalmente preparado para fazer aquilo que foi treinado para fazer, aquilo que nasceu para fazer.

Matar. Matar a sangue frio qualquer dos machos que encaravam Gwyneth com ódio se eles ousassem um passo. Azriel notou que Gwyneth havia prendido uma adaga em sua própria costela, e usava o corpo do encantador das sombras para escondê-la.

Corte de laços e salvação. (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora