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As duas fêmeas, Gwyneteh e Elain, estavam temerosas. Mas ambas não deixavam transparecer para as pessoas ao seu redor, Elain auxiliava alguns machos a montarem acampamento enquanto Gwyneteh organizava as moças da biblioteca.

Havia muito tempo desde que esteve ali e, de certa forma, para Gwyneteh foi libertador sair de lá. Surpresa tomou conta de Gwyn quando seus olhos pousaram na fêmea de cabelos brancos e olhos do crepúsculo, dona de uma beleza única.

— Gwyneteh. — a fêmea chamou, passando as mãos nas vestes do sacerdócio. — Meus parabéns, você conseguiu vencer o seu medo.

Gwyneteh ergueu as sombrancelhas em surpresa. Se perguntando o que, em nome do Caldeirão, havia acontecido com Merril. Ninguém poderia julgá-la, Merril havia sido terrível com ela, um verdadeiro pesadelo por assim dizer.

— Não a culpo por essa expressão. Eu fui uma megera com você. Mas não conhece minha história e não pense que exigia tanto apenas por diversão. — Gwyneteh cruzou os braços sobre os seios, eles estavam diferentes, a fêmea notou.

— Conte a sua história. — inclinou o pescoço.

— Meus estudos sempre foram sobre as valquírias, elas são minhas ancestrais.  Entre elas, eu seria chamada desonrada. Não lutei. Me escondi. Fui abusada e vim parar aqui, me escondendo. Mas, apesar de tudo, tentei me redimir para que, onde quer que estejam, possam me perdoar pela covardia. — Gwyneteh não esperava, ninguém esperava por esta revelação. Mas esta era a verdade sobre a fêmea.

Ela deveria ter lutado na última guerra das valquírias, morrer ao lado de suas irmãs deveria ter sido seu destino. Mas sua escolha foi tirada dela pela sua própria mãe que a escondeu a impedindo de lutar.

O que levou ao seu destino nas mãos dos machos cruéis que a estruparam. Merril não era alguém cruel, era amargurada. Uma fêmea que carregava nas costas o peso de ser uma desonra.

Lucien aguardava Elain terminar suas orações num campo de dentes de leão, podia sentir a insegurança nela. Ele conversara com Nestha sobre como poderia ajudá-la, a fêmea o aconselhou a não deixar Elain sozinha depois da guerra, e nem durante ela.

O macho compreendeu, ela havia tido traumas depois da guerra, afinal. Elain também teria agora, e precisaria de ajuda. A fêmea se levantou do chão, diferente.

Feyre viu de longe, todos viram. A fêmea olhou para sua irmã, Elain, aquela com os olhos de corsa, e natureza calma. Mas não foi os olhos calmos de um animal inocente o que ela viu. Elain não era mais a corsa, ela tinha os olhos selvanges do lobo cinza.

Algo brutal nasceu em Elain, a fêmea sentiu. A doce Elain estava em si, mas por cima havia uma guerreira, uma grã senhora pronta para lutar por seu povo e pelo seu parceiro.

— Vamos marchar! — declarou com a voz tão fria quanto o inverno que enfrentou com suas irmãs.

Merril olhou para Gwyneteh, deixando transparecer a admiração que tinha pela fêmea. Ela havia vencido e lutaria de novo por amor ao seu povo, à suas irmãs, à família.

A fêmea, dona dos cabelos brancos, ergueu suas mãos. Um chamado ecoou pelo vento e, então, o bater, não só de uma, mas de centenas de asas soaram. Pégasos.

— Eles escolhem as valquirias e são leais até a morte. — Os animais pousaram, direcionando-se cada um para uma fêmea. Ao chegar se curvavam. — Este é meu. Se chama Aquiles. Cuide bem dele, Gwyneteh Berdara.

A fêmea passou para Gwyneteh o animal selado. Gwyn assentiu e montou no animal. Dois pégasos haviam chegado e se curvado para Nestha e Emire. Ambas fêmeas ficaram encantadas com seus animais.

Corte de laços e salvação. (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora