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Elain.

— Elain, achei que fosse minha amiga — Elain sabia que estava presa em sua mente. Provavelmente, seu corpo estava desacordado.

— Você me enganou — a fêmea murmurou. Ela estava sentada em um trono ao lado de Amarantha. A fêmea que havia dito ser sua amiga, que ajudaria a ter controle sobre seus dons e que ajudou a salvar sua irmã.

— Não enganei, eu apenas não lhe contei o que planejava ao te ajudar. Elain, não seja dramática. Não te treinei para isso. — a fêmea bebericou seu vinho.

— Você me fez enganar todos que eu amo. Me fez rejeitar meu parceiro, sabe o quanto isso doeu? Sentir a dor dele, sem poder dizer que o amo e aliviar aquela dor? — a fêmea revirou os olhos cor de ébano.

— A sua dor te fortaleceu. Assim como aconteceu comigo. Oh doce Elain, não sabe o quanto se parece comigo? — foi a vez de Elain revirar os olhos.

— Eu não pareço em nada com você — Elain chorou, a fêmea temia. Ela não queria parecer um monstro.

— Semelhante atrai semelhante. Eu já fui tão doce e delicada como você, mas vai entender que num mundo egoísta, os egoístas se dão bem. — a fêmea abandonou a taça, levantando-se do trono. — Eu tive que evoluir. Mas compreendo sua dor Elain, achei que fosse justa.

— Então nessa parte sou parecida com você, sua trapaceira — Elain se levantou. Acompanhando Amarantha até a sala atrás do trono.

— Eu diria esperta, mas obrigada — Amarantha seguiu em frente, Elain a seguia para a tão conhecida sala de treinamento. A fêmea havia passado todos os dias desde o caldeirão, indo ali e treinando com a sua “amiga”.

Foi ali que aprendeu a erguer escudos mentais, foi onde aprendeu a controlar as visões. Foi ali que Amarantha a convenceu que tinha grandes chances do encantador das sombras estar apaixonado por Elain.

— Eu conheço o seu passado, Elain. Sei a sua história, e seus sentimentos. Como boa amiga que sou vou lhe mostrar o meu. — Amarantha parou, se virando para Elain. — Não precisa ser uma daemati para entrar na cabeça de alguém. Uma ligação forte, como a nossa, pode nos proporcionar isto.

Elain sentia-se uma tola. Havia confiado tanto em Amarantha. Ela havia se apresentado com outro nome, Clythia. Disse para Elain que havia sido jogada no caldeirão pelo rei.

— Sabe Elain, deveria parar de duvidar. Meu nome não é Clythia, mas fui jogada no caldeirão, eu não estava viva, mas como pode ver ressuscitei. Apenas minha alma, mas o meu receptáculo não será mais você por muito tempo. Aproveite nosso tempo juntas — a fêmea lançou para Elain um sorriso doce. 

— Agora, veja — tudo ao redor perdeu a forma e começou novamente a ganhar.  Em um segundo, Elain encarava uma rainha de aparência cruel. No outro, encarava uma criança. Suas feições eram suaves, seus cabelos eram de um ruivo-dourado e seus olhos cor de ébano.

A jovem Grã feérica, regava flores azuis, distraída, enquanto murmurava uma canção. A voz da fêmea era linda, doce e suave como uma canção de ninar.

— Viu Elain. Eu fui como você — a jovem disse sem levantar os olhos. Elain observou a visão mudar para um castelo. Elain esteve ali. Quando foi lançada no caldeirão, mas o local de certa forma estava diferente.

Amarantha agora era jovem, parecia estar na adolescência. Seu vestido era prateado e esvoaçante. Em sua cabeça uma tiara prata, com pedras preciosas.

— Tio! — a fêmea levantou o vestido e correu, para os braços do rei de Hybern. O macho estava sentado no trono, mas se levantou para abraçar a sobrinha.

Corte de laços e salvação. (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora