7- Não quero conversar

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Jiwoo

— Hyeju… - Jungeun não continuou porque Hyeju a interrompeu:

— Eu sou a filha dela, ela deveria me amar, né? - Jungeun estava em pé de costas para mim, parecia trocar o bebê, e Hyeju estava sentada na cama olhando fixamente para sua tia, as sobrancelhas dela estavam levemente franzidas e ela também estava com um biquinho nos lábios.

— Tenho certeza que ela no fundo ama muito você, só não sabe demonstrar.

— Você acha que ela me ama mesmo? - Vejo os olhinhos de Hyeju brilharem e sua boquinha se abrir em um sorriso. Me escondo atrás da parede para elas não me verem e solto um suspiro.

Hyeju nunca chegou a me perguntar diretamente se eu a amava, acho que por medo da resposta, então ela sempre perguntava para os outros - minha mãe, Jungeun e Jungwoo - se achavam que eu amava ela, os outros sempre respondiam que sim e isso a enchia de esperanças. Isso fazia eu me sentir culpada e me destruía. Me fazia sentir culpa por não amá-la e por às vezes me desfazer dela tratando ela meio mal… Sei que Hyeju não tem culpa de nada, mas tem dias que ela me lembra muito ele e eu não tenho vontade nenhuma de olhar para a cara dela. E me destruía porque ela ficava cheia de esperanças e eu não queria isso, não queria que ela ficasse com esperanças de que eu algum dia viria a dar qualquer sinal de amá-la, ou de ao menos falar para ela as três palavras que ela mais queria ouvir vindo de mim. Essas palavras agora são complicadas para mim e perderam totalmente o significado depois dos meses que passei as pronunciando com nojo. Ele me obrigava a falar e eu sentia como se Hyeju, mesmo que sem saber, estivesse me obrigando a falar para ela também.

— Princesa, eu já falei lá na cozinha que não posso falar por ela… - Jungeun responde cautelosamente. Sei que ela não quer mentir para Hyeju falando diretamente que eu a amo. Jungeun sabe que depois eu vou acabar magoando Hyeju, mesmo sem querer, e vai acabar sobrando para ela. Já tinha acontecido uma vez, só que no lugar de Jungeun tinha sido Jungwoo. Ele havia falado para Hyeju que eu a amava bem na minha frente, no dia eu estava muito irritada e acabei discutindo com ele falando que ele era um mentiroso e que Hyeju não deveria confiar nele. Eu me arrependo amargamente de ter falado aquelas coisas na frente de Hyeju, isso fez com que ela começasse a chamar o Jungwoo de mentiroso e demorou muito para ela voltar a ter confiança nas palavras dele. Pelo menos depois disso tudo todos começaram a ter cautela para falar nesse assunto quando Hyeju perguntava, e felizmente essa pergunta começou a não ser tão frequente quanto era antes quando ela tinha 3 anos.

— Pode sim, tia! Ela é sua irmã, você conhece bem ela - Hyeju insiste.

— Eu não sei o que se passa na cabeça dela, Hyeju… - Jungeun faz uma pausa. Olho para dentro do quarto e vejo Hyeju agora com a cabeça baixa brincando com seus dedinhos, ela fazia isso quando estava pensando. Jungeun passa uma de suas mãos nos cabelos lisos dela para chamar sua atenção - Olha princesa, eu conheço a Jiwoo, mas cada um sente uma coisa, não dá para eu falar o que ela sente.

— Dá sim!

— Você por acaso sabe o que eu sinto? - Jungeun coloca as mãos na cintura. Por Jungeun ainda estar de costas para mim não dá para eu ver o seu rosto, mas tenho certeza que ela está com uma sobrancelha arqueada, fazendo uma cara engraçada para Hyeju.

— Sei!

— Sabe?! - Hyeju da risada e balança a cabeça para confirmar - Então o que eu sinto?

— Você sente amor ué - Ela aponta com seu dedinho indicador para o bebê deitado à sua frente na cama - Pelo Seungmin.

— É, você sabe o que eu sinto - Jungeun pega o bebê e dá um beijo na bochecha gordinha dele, depois o coloca de volta na cama - Mas você sabe o que a Jiwoo sente?

(Des)amar é Fácil ⑅Chuuves⑅Onde histórias criam vida. Descubra agora