Capitulo 11

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Um gritinho irritado se fez ouvir surgido do nada e de repente, nada mais que de repente, uma criança vestida só em uma calcinha azul passou pela sala de Andy e me puxou pela mão.

-O que?! - perguntei, olhando confusa para Andy enquanto o trequinho tentava me fazer levantar.

-Cake! - ouvimos Amélia chamar - volte aqui! Se eu deixar você só de calcinha nesse ar condicionado sua mãe me devora com leite e biscoitos!

-Ajuda! Ajuda! - a menina me pedia.

-Vamos lá - Andy me chamou e levantei, acompanhando a menina que tentava me arrastar a frente com pressa.

-O que...? - perguntei ao encontrar Amelia no quarto segurando uma peça de roupa de cor azul.

-Titia quer por azul, mas não pode, Cake não quer! - a menina reclamou em um só fôlego.

Franzi o cenho para sua frase desconexa.

Eu tive a impressão de que ela falava certinho...

-E qual você quer? - perguntei e a menina correu para a pequena mochila da Moranguinho e esvaziou o conteúdo até puxar uma jardineira jeans de lavagem escura com desenho de uma casquinha de sorvete com uma bola rosa ao lado de uma amarela e uma bola verde em cima das duas enfeitada com uma cereja.

-Ficar bonita para a mama dar sorvetinho - explicou e ri de sua lógica, sentindo os olhares confusos das duas adultas ao nosso redor.

-Amélia , ela não quer a porcaria da roupa - expliquei, a vendo fazer uma expressão indiganada.

-Como não? É um vestido lindo! - reclamou e dei de ombros.

-Ela quer vestir aquela coisa - apontei para a mini peça de roupa que a menina ainda segurava.

Era uma graça que ela encarava Amélia com um biquinho irritado enquanto esperava que eu explicasse.

-Argh! - fez Amélia, fechando a cara e largando a roupa na cama - mas essa é melhor!

Olhei para Dahlia, que olhou para mim, ainda na mesma expressão irritada.

-Por que você apenas não veste ela com a porcaria da roupa? - sugeri - se ela quer...

-Ela parece a Carina, não entende nada de moda - resmungou, se abaixando e procurando até encontrar uma blusinha amarela e chamar a menina desconfiada com a mão - vem cá.

O trequinho me encarou e eu assenti, saindo do quarto quando ela finalmente se aproximou de Amelia com a roupa que queria.

-Vocês tem um grave problema de comunicação - comentei a passar por Andy, que me seguiu.

-Não tenho culpa de não falar a língua dela.

-Nem ela de não falar a de vocês - disse, certa da minha teoria de que ela não entendia nada do que diziam.

Sentamos novamente ao redor do balcão da cozinha.

-Cake, espere aí! - ouvimos Amélia gritar e a criaturinha passou correndo por nós e escorregou no chão liso, não se detendo nem por um segundo quando viu a baixinha surgir com um laço na mão e levantou para se jogar no sofá e se esconder debaixo das almofadas.

Peste.

-Amor, deixe - Andy pediu e Amélia soltou um suspiro frustrado antes de voltar para o quarto, guardar as coisas e seguir para a cozinha.

-Eu tento fazer dela uma princesa, mas ela não facilita - Amélia resmungou enquanto puxava uma travessa do armário.

Andy riu.

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