Capitulo 14

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A única decisão ao qual tive coragem de tomar aquela manhã foi de ir tomar café na Cookies, porque eu precisava de algo que adoçasse meus pensamentos e porque lá era o lugar mais familiar ao qual conseguia pensar.

Então o plano era: me arrumar, ir na Cookies, comer e não tomar nenhuma decisão com meu psicológico de merda.

Sendo assim, tudo o que eu precisava era não encontrar Carina e me tornar um caos maior ainda, certo?

Certo.

E sendo assim, o que aconteceu quando eu dobrei a esquina do quarteirão foi justamente a oportunidade de observar uma cena: Carina agachada diante da filha, que tinha uma pequena mochila vermelha nas costas e uma lancheira da mesma cor em mãos.

A menina parecia entediada com seu discurso, mas Carina  continuava falando enquanto pais iam e vinham deixando seus filhos na entrada da escolinha.

Irônico que ela fosse estudar tão próxima a minha casa e mais ainda que eu as tenha encontrado justamente quando havia decidido não ser o momento.

Então era início de aulas? A menina parecia estar lidando melhor com isso que Carina.

Meus pés ganharam vida própria e se aproximaram a medida em que a coisinha se despedia com um beijo no rosto da mãe e um abraço e corria para dentro da escola.

Para partir meu coração, Carina se levantou e cobriu o rosto com as mãos, então eu sabia antes mesmo do sacudir de seus ombros que ela estava chorando.

-Carina - a chamei e ela baixou as mãos, me lançando um olhar triste que me fez automaticamente abrir os braços para abriga-la - hey, Cá...

Carina não me abraçava de volta porque suas mãos haviam voltado a cobrir o rosto cuja testa se apoiava em meu ombro, mas meus braços estavam em torno dela e minhas mãos vagavam por suas costas no que imaginei ser uma carícia tranquilizadora.

Era bizarra a inversão de papeis onde, ao invés da criaturinha chorar pela ansiedade de separação, quem o fazia era Carina.

Ela se separou com delicadeza de mim e respirou fundo, afastando as mãos para limpar o rosto molhado.

-Desculpe - murmurou - eu sofro toda vez que precisamos nos separar.

-Isso não acontece muito, então?

Carina  negou com a cabeça.

-Eu a levo comigo para onde puder - falou - a deixava com minha mãe quando fomos para a Suíça e tinha muita reunião no começo. Mama foi comigo por pouco mais de um mês para que eu pudesse resolver tudo e depois eu pude ficar com Cake sem problemas. Às vezes a deixo com Amélia  e Andy , mas não gosto de me separar dela. Isso é difícil.

Carina suspirou.

Eu não sabia o que dizer. Não tinha ideia do que era passar por isso, mas não parecia nada facil.

Até onde me lembro, Carina  não era muito de chorar, então flagra-la assim era uma surpresa.

As unicas vezes que a tinha visto chorar foi quando a vi brigar com Amélia  e quando a mandei embora.

Um gosto amargo subiu por minha boca ao lembrar.

-Venha, acho que você precisa de um doce - a chamei, estendendo a mão e sentindo a dela me envolver - estava indo para a Cookies. Andy está na cozinha hoje?

Carina  negou.

-Está de folga. Hoje é meu dia - fez uma pausa onde pareceu se animar ligeiramente - vamos, quero lhe preparar um chocolate quente.

With All My HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora