Capitulo 29

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Perdendo a aposta, horas depois do jantar eu estava na casa de Carina aguardando no sofá enquanto ela - surpreendentemente para mim - arrumava a coisinha dela para dormir.

-Vamos, dê boa noite para Maya - disse Carina e um pequeno trequinho de cabelo loiro em pijamas azuis com estampa ds ursinho passou correndo até mim, se jogando em meu colo.

Passei os braços ao seu redor para segura-la por puro instinto e a vi sorrir para mim muito de perto, suas covinhas a mostra.

Meu coração se acelerou, meu rosto queimou em vermelho.

-Oi? - murmurei, tão consciente de tudo a minha volta que podia sentir Carina encostada na parede próxima de braços cruzados, nos observando.

-Mama quer que eu vá dormir - cochichou como se me contasse um segredo.

-Ah... é que está na hora de dormir mesmo.

Ela brincou com a gola da minha blusa, abaixando um pouco a cabeça e me permitindo ver o biquinho que fazia enquanto pensava.

-Mas você está aqui agora... - sua voz soou fininha.

-E vou estar aqui de manhã. Vou dormir aqui.

A menina ergueu os olhos subitamente e sorriu.

-Mesmo?

-Mesmo.

-Legal! Vou dormir com você!

O que?

A risada de Carina invadiu o ambiente e ela puxou a criança do meu colo, atacando seu rosto com beijos e a fazendo rir.

-A senhorita vai dormir no seu quarto para mostrar a Maya como é uma mocinha crescida.

-Mas eu não tenho sono.

-Ele está te esperando na cama. Vamos. Dê boa noite para Maya.

-Boa noite, Maya - disse, se ajeitando no colo da mãe e encostando a cabeça em seu ombro e bocejando.

-Boa noite, pestinha.

-Já volto, May - Carina disse, se retirando e me deixando sozinha em sua sala de estar cheia de fotos.

Foquei em uma em especial. Nela, Carina estava com Dahlia em pé sobre o colo e as duas riam, jogando as cabeças para trás. Dava para sentir a sintonia entre as duas através daquela imagem. Eu podia ouvir o som de suas risadas. Elas eram lindas juntas. Perfeitas.

Eu poderia ter ficado contemplando aquela imagem por horas com o peito aquecido por ela, mas após alguns minutos me retirei da sala e caminhei até o corredor, encontrando uma porta entreaberta e Carina sentada a cama com a praguinha deitada de olhos fechados enquanto ela dizia alguma coisa.

Ao me ver, Carina sorriu, olhou para baixo e cobriu melhor a filha, deixando um beijo em seu rosto e vindo em minha direção.

Parou a minha frente e pousou as mãos em meus ombros e me guiou para fora com um sorriso tímido.

Aguardei que a porta se fechasse para dizer qualquer coisa.

-Achei que fôssemos passar um tempo com ela - admiti e Carina negou com a cabeça em um gesto sereno e perigoso demais para meu coração.

-Hoje a noite é nossa - murmurou enquanto ganhavamos o corredor.

Misericórdia.

Sabe o que é ter a noção de ter Carina Deluca entregue em seus braços com um olhar selvagem em sua direção?

With All My HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora