Capitulo 16

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Sexta feira, faltavam cinco minutos para as sete horas e eu me encarava no espelho há pelo menos dez minutos, indecisa quanto ao que estava usando.

-Bom, Maya , ao menos não tem uma barriga gigantesca no meio do caminho - resmunguei para meu reflexo tentando soar otimista.

Alisei o tecido leve de cor azul com as mãos suadas, respirando fundo enquanto tentava não jogar o cabelo para o lado mais uma vez.

Tinha que estar ótimo, já que Carina já tinha me visto em estados bem mais deploráveis.

Esse era um ponto positivo, certo?

A batida na porta me avisou sua chegada e tremi da cabeça aos pés em expectativa antes de a atender.

Perdi o fôlego.

Ela estava linda como sempre, dessa vez em um vestido vermelho de saia rodada até pouco acima dos joelhos como o meu e o que parecia ser costas nuas pela forma que o tecido abraçava seu pescoço.

Carina sorriu, o mínimo de maquiagem delineando seus olhos combinava com a minha que destacava meus lábios em um vermelho escuro. Isso era uma surpresa, já que assim como eu ela não era de usar maquiagem e parecendo constatar a mesma coisa, Carina riu.

-Você está linda, Maya - disse e sua voz rouca e risonha me fez virar gelatina, portanto, apenas sorri e assenti, a fazendo rir novamente - vamos?

Assenti novamente e Carina deu um passo atrás para me deixar passar e fechar a porta.

-Você está linda, Carina - consegui dizer enquanto fechava a porta e não a olhava.

-Obrigada. Aqui parece ser um bom prédio - comentou e me virei a ponto de vê-la olhando pelo corredor - eu prefiro casas, mas parece ser um bom lugar.

Enlacei nossos braços vencida pela saudade de estar perto dela e caminhamos para o elevador.

-Você parece o tipo de pessoa que mora em uma casa com um quintal enorme e vários cachorros - disse e Carina fez uma careta fofa - o que foi?

-Não sei o quão chato você acharia sair comigo e falar sobre criança, mas todos os dias Cake me pede um animal diferente - disse - por enquanto ela está satisfeita em ganhar pelúcias, mas quando essa onda passar devemos ter um cachorro.

Então ela não tinha planos de falar sobre a menina.

Fiquei sem saber o que achar sobre isso, porque por um segundo parecia uma chance ao nosso "eu" sozinho que nunca pode ter vez.

Mas era adorável o modo como Carina falava sobre a filha.

-Ah, eu vi como ela é louca por animais - comentei e Carina riu, negando com a cabeça.

-Desde que era recém nascida Cake tem essa coisa - contou enquanto segurava a porta da entrada do prédio para que eu passasse - Maya, eu meio que ainda não uso carro, mas aonde vamos é pertinho, tudo bem?

Ai, Deus! Só Carina para me fazer andar.

-Ok - murmurei e Carina riu.

-É perto, juro - me assegurou.

-Perto quanto?

-Atravessando o parque em diagonal - falou, indicando com a mão estendida.

Suspirei.

-Ok, vamos lá.

Carina riu baixo, demonstrando mais uma vez como estava risonha aquela noite.

-Vamos - disse, me dando um empurrão leve ombro a ombro.

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