Capitulo 27

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Caminhava a passos largos pelas ruas de Utah, a temperatura de Salt Lake City fria o suficiente para usar casacos grossos e sentir as pontas dos dedos gelados, mas eu não poderia esperar menos, já que o fim de ano se aproximava apressadamente.

Ao telefone, meu chef, era colocado a par da situação da empresa ao qual eu era responsável.

-Não, senhor. Eu troquei a equipe depois do último incidente e devo dizer que eles são muitíssimo mais competentes.

-Espero que sim, Bishop . Não esperava menos de você, que sempre foi devidamente cautelosa.

-Obrigada, Senhor.

Sabia que meu jeito cauteloso havia sido o que fez minha carreira crescer aceleradamente. Eu tinha três vezes mais cuidado que os outros funcionários e isso fazia com que meus trabalhos fossem mais precisos e acertivos.

-No próximo mês devo passar uma semana em Utah para acompanhar a produção e quero que você e a senhorita Hughes tenham os relatórios prontos.

-Eles estarão, chefe.

Parei em frente a porta de vidro da Cookies n Coffee, já podendo sentir o clima agradável que vinha de dentro.

Despedimo-nos e entrei, o cheiro doce invadindo meus sentidos. Olhando no celular, vi que estava quase no horário de Carina chegar com a menina, mas o que vi me surpreendeu.

Carina estava detrás do balcão, recostada sobre a bancada em frente a uma mulher alta e esguia de cabelos lisos presos em um coque. Eu podia ver que usava um avental e tinha o cenho franzido para a mulher que aparentava ser poucos anos mais velha e lhe dizia algo que parecia ser realmente sério.

-Maya! - uma voz fininha ao qual já estava acostumada me gritou e me virei a tempo de senti-la se chocar contra meus joelhos e agarrar minhas pernas.

A puxei para o colo, soltando um breve gemido ao sentir seu peso.

-Ei, coisinha. Chegou cedo da escola hoje, hm?

-É porque eu chorei e a tia chamou a mama - explicou e franzi o cenho, avaliando seu rosto a partir de sua voz dengosa.

Ela tinha a expressão de pura manha. Estranhei. Até onde sabia a menina gostava de ir a escola.

-E por que você chorou?

-Porque eu queria a mama - fez bicou e levou uma mão fechada ao olho direito, o coçando.

Convincente. Eu também queria a mama dela, mas chorar não a faria me levar embora do trabalho.

Eu acho...

Talvez eu devesse tentar um dia.

Lancei um olhar para Carina, que observava minha interação com a filha.

-Muito bem, vamos esperar sua mãe. Acho que ela está um pouco ocupada.

Olhei em volta e localizei uma mesa no canto bem visível a quem estivesse no balcão e exatamente onde haviam papéis e lápis coloridos espalhados.

Me aproximei com a menina e sentei com ela em meu colo.

-Tudo bem, vamos guardar isso para irmos lá para casa.

Estendi a mão para juntar os papéis, mas o trequinho segurou meu braço em um abraço apertado. Olhei para baixo e flagrei seu olhar agoniado.

-Não, Maya ! - chiou.

Franzi o cenho. Aquilo tudo era muito estranho.

-Ei, o que foi?

-Quer ficar com a mama.

With All My HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora