Capitulo 08

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Olá. Como estamos?


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Esqueci de comprar Nutella e minhas bananas acabaram.

Não entendo como bananas acabam tão rápido.

Assim, eu poderia viver tranquilamente sem Nutella, mas nunca sem bananas.

E o que isso queria dizer? Que eu tinha que ir no mercado mais uma vez naquele mês.

Processo básico para sair de casa: verificar se está levando a porcaria do dinheiro ou cartão.

É sério.

Eu havia levantado da cama, feito o café da manhã, me arrumado - o que aqui significa que troquei o pijama com estampa de pôneis cor de rosa por algo mais coerente com minha idade - calçado um chinelo e saído de casa.

E o que aconteceu assim que pus os pés no mercado?

Lembrei que havia deixado o celular e o cartão em casa.

Então tecnicamente aquela seria a segunda vez no dia que eu estava indo fazer compras, mas não duvide que eu precise voltar uma terceira por ter esquecido de levar algo como as verduras ou minha própria cabeça.

Conferi meu carrinho apenas para me certificar que havia mesmo colocado as cenouras ali e não no carrinho de compras de um estranho, como aconteceu com a bandeja de ovos.

Parecia tudo certo.

O mercado estava cheio para uma quarta feira. Era como se todos na cidade tivessem comido tudo o que estava na dispensa ao mesmo tempo.

E eu quase atropelei uma idosa com minhas compras, porque estavam todos ali. Os velhinhos com suas bengalas, os caras olhando confusos as listas de compras, as mães segurando seus filhos pelos pulsos os arrastando para longe dos doces. Eu até podia as ouvir gritando e chorando.

Aí está mais um motivo para não ter filhos.

Imagine ir no mercado e sua cria começar a fazer cena se jogando no chão e berrando como aquela...

Aquela não era a filha de Carina?

Ih, era ela mesmo jogada no chão, gritando e chorando como uma louca.

Olhei ao redor procurando a mãe daquela criatura abominável, mas ela estava sozinha.

Quem é que deixava a filha de três anos sozinha em um mercado lotado?

Oh, calma aí.

No fim do corredor, parecendo se esconder para observar a cena, a mãe louca daquele trequinho balançava a cabeça negativamente para mim.

Ah, então o plano educativo dela era deixar a menina se esgoelando até a morte?

Seria sensato se não fosse tão incomodo.

Mas ok, a mãe era ela, afinal.

Me voltei para as prateleiras procurando a Nutella enquanto tentava ignorar os gritos, mas de canto de olho vi um senhor se aproximar da criança e me distraí completamente esperando Carina surgir do nada dando uns golpes de caratê.

Ela não surgiu, mas o homem não chegou a falar com a menina.

Assim que o viu, a criaturinha se pôs em pé e olhou ao redor.

O que ela viu?

Eu.

O que ela fez?

Correu em minha direção e se jogou - dessa vez de propósito - contra minhas pernas.

With All My HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora