Quando somos crianças, nos ensinam a distinguir entre um herói e um vilão, o bem e o mal, um salvador e uma causa perdida. Mas e se a única diferença real for apenas quem está contando a história?
Cinco anos se passaram desde a fatídica noite de 24...
''todas estas palavras sussurradas em meu ouvido contam uma história que eu não aguento ouvir só porque eu disse isso não significa que era de verdade'' - rumor has it, adele.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
CHRISTOPHER MADDOX.
Jason não olha na minha cara há 3 dias. Na verdade, não estamos olhando na cara um do outro, considerando o fato de que eu estou muito mais chateado e desapontado com ele do que ele parece estar comigo. Não posso dizer que não é justo.
Não foi ele quem precisou ver Emma chorar por umas 3 horas seguidas sem poder fazer nada para diminuir a dor dela. Não foi ele quem precisou ver o olhar magoado dela, o brilho de animação lentamente se esvaindo de seus olhos e sendo substituído por uma sombra decepcionada e sem vida.
O pior de tudo foi ver ela agindo normalmente no dia seguinte, como se nada disso estivesse machucando-a e partindo seu coração. Quando tentei tocar no assunto, ela me cortou imediatamente - o que eu já esperava, e sendo um bom amigo, decidi dar o tempo que ela precisa para lidar (explodir) com isso.
No quarto dia seguido ignorando Jason, nos esbarramos na cozinha quando estou saindo para minha corrida matinal e ele está entrando de fininho. Ele parece um adolescente que fugiu de casa no meio da noite e aprontou. Pela sua expressão cansada e satisfeita, sei que foi exatamente isso.
- Vamos nos evitar pra sempre? - Ele indaga atrás de mim quando passo direto.
Paro onde estou, respirando fundo algumas vezes antes de me virar. Espero encontrar sarcasmo e indiferença em seu olhar, mas a única coisa que vejo é culpa. Nossa, eu realmente não esperava por isso.
Continuo com a expressão vazia, encarando-o diretamente.
- Eu... eu sei que fui um babaca e devia ter te escutado.
- Não é pra mim que você tem que pedir desculpas.
Ele fecha os olhos momentaneamente e solta uma longa respiração.
- Eu sinto que devo. Você tentou me alertar, tentou fazer com que ela não se machucasse, até guardou um segredo que não tinha obrigação nenhuma de manter. - Um singelo sorriso surge em seu rosto. - Você foi um bom amigo e eu estraguei isso. Então, sim, eu te devo um pedido de desculpas também.
Ele está sendo sincero, apesar do grande esforço que parece estar reunindo para falar. Aposto que passou o caminho todo ensaiando.
- Belas palavras, devo admitir.
- Obrigado, eu passei o caminho todo ensaiando. - Ele sorri orgulhoso de si mesmo.
Me contenho para não cair na gargalhada. Ainda o conheço melhor que ninguém.
- Desculpas aceitas, mas só vamos ficar bem mesmo quando a Emma disser que vocês estão de bem.
- Tudo bem, já entendi. - Ele levanta as mãos em um sinal de redenção.
