Quando somos crianças, nos ensinam a distinguir entre um herói e um vilão, o bem e o mal, um salvador e uma causa perdida. Mas e se a única diferença real for apenas quem está contando a história?
Cinco anos se passaram desde a fatídica noite de 24...
"é um novo começo é um novo dia é uma nova vida para mim e eu estou me sentindo bem"
— feeling good, nina simone.
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— Você está com uma cara péssima.
Jason me encara por uma fração de segundo antes de voltar a atenção pro celular.
— Estamos em uma situação de merda. Por que você está brilhando como a porra de um unicórnio? — Ele questiona mal humorado.
Ah, eu estou mesmo. Pigarreio tentando disfarçar.
— Charlie fez panquecas com gotas de chocolate ontem. Você não sabe o que perdeu.
— Passei a madrugada maratonando a quinta temporada de Friends.
— Com sorvete de baunilha?
— Com sorvete de baunilha. — Ele concorda com um sorriso divertido.
— E você? Já falou com a Natalie hoje?
Idiota, cala a boca.
— Não. — Jason franze o cenho. — Por que?
— Por nada.
Pego a xícara de café e tomo um grande gole pra que ele não veja minha cara de culpado. Quase cuspo tudo quando o líquido fervente queima minha língua.
— Vou pro Arsenal ajudar a Valerie. — Mudo de assunto, tentando aguentar o ardor insuportável. — Temos muito o que investigar.
— Não quero me estressar com isso hoje. Vou só dar minhas aulas e voltar pra casa.
— Você está chateado, mas não é só por causa do Lagdon.
Ele solta um longo suspiro.
— A Nat me dispensou. — Ele dispara irritado.
— Quer falar sobre isso? — Pergunto incerto.
— Não. — Ele sorri cético.
— Okay...
— Maddox, não sou um adolescente sentimental de coração partido. Eu sempre soube que era errado pensar nela dessa forma. Que bom que ela percebeu isso também.
Sorrio fraco. Se ele soubesse o real motivo que levou ela a dispensá-lo, não estaria tão conformado assim.
— Então, por que você está tão chateado?
— Eu não sei. Acho que não esperava que ela me rejeitasse.
— De qualquer jeito, não poderia dar certo mesmo.
Em resposta, ele sorri fraco em concordância.
🍰
Me sento no banco de cabeça baixa, com meus óculos escuros servindo de escudo contra a percepção infalível de Emma.
