Quando somos crianças, nos ensinam a distinguir entre um herói e um vilão, o bem e o mal, um salvador e uma causa perdida. Mas e se a única diferença real for apenas quem está contando a história?
Cinco anos se passaram desde a fatídica noite de 24...
"Eu quero me apoiar em seu ombro Eu queria estar apaixonada, mas eu não quero causar qualquer dor E se eu estou me sentindo como se eu fosse má, não temos nada a ganhar Eu não quero dizer que o seu amor é um jogo de espera".
- waiting game, banks.
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Pânico.
O sentimento de pânico parece se alastrar dentro de mim conforme corro pelas ruas movimentadas da cidade, o coração mais acelerado que nunca.
Eu sabia que esse dia chegaria. Que meu passado voltaria pra me assombrar. Mas, não estava nem um pouco preparado pra isso. Não pra dar de cara com a irmã dela. Era quase como se eu estivesse de frente pra um fantasma.
Gotas de suor escorrem pelo meu rosto e eu me forço a parar. Minha visão está turva pelo cansaço e eu mal consigo respirar. Tenho a sensação de que vou surtar a qualquer momento.
— Bom dia, Bonitão. — Rosita me recebe com um sorriso, mas assim que me encara, faz uma careta. — Você tá um lixo.
Sorrio sem humor pra ela.
— Obrigado.
— O que aconteceu? Parece que viu um fantasma. — Ela deixa o balcão do carrinho de churros e se senta ao meu lado, em um dos banquinhos.
— Você já sentiu como se uma parte do seu passado que quis deixar pra trás estivesse sempre tentando voltar?
— Ah, sim. — Ela concorda pensativa. — O meu ex marido Fred todo mês pedindo pra voltar. Aquele homem não morre nunca.
Solto uma risada.
— Não se preocupe, rapaz. — Ela toca meu ombro tenso. — Tudo acontece por uma razão. Seja lá o que esteja acontecendo, você sempre terá uma saída. E os meus churros divinos.
Sorrio genuinamente, encarando seu rosto pacífico, já marcado pelas rugas da idade, me sentindo mais relaxado.
— Obrigado, Rosita. — Aperto sua mão delicadamente. — Não sei o que seria de mim sem você e os seus churros.
Ela sorri convencida.
— Provavelmente morreria de fome.
🏹
Mesmo depois da conversa com Rosita, eu não consegui me concentrar em nada. A imagem de Natalie não saía da minha cabeça e eu não conseguia parar de criar teorias sobre o que ela estava fazendo aqui. Me sentia extremamente apavorado com cada uma delas.
Quando o meu último aluno da manhã saiu e eu vi Regina e Emma entrado apressadas, me permiti respirar fundo.
— É melhor que seja uma emergência mesmo, eu abri mão de ficar fazendo nada no meu horário de almoço. — Regina disparou assim que estava perto o suficiente.
