capítulo 31.1: casa de bonecas

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"Ninguém nunca escuta, este papel de parede brilha
Um dia, eles verão o que se passa na cozinha
Lugares, lugares, vão para os seus lugares
Vista seu vestido e coloquem seus rostos de bonecas
Todos pensam que nós somos perfeitos
Por favor, não deixe eles olharem através das cortinas"

- Dollhouse, Melanie Martinez.

CHRISTOPHER MADDOX.

- Mamãe?

A voz de Hope me tira do transe surdo e perturbador. Tento mexer minhas mãos, mas a única coisa que consigo é um tremor nos dedos.

Meu coração bate em um ritmo doloroso, e uma dor de cabeça infernal começa a martelar no fundo da minha mente. Fomos envenados.

Usando um grande esforço, consigo mover minha cabeça pro lado. Todos estão paralisados, cheios de expressões assustadas.

O pânico se alastra dentro de mim quando percebo que Hope parece ser a única a não ter sido afetada. E ela está sozinha, desprotegida e vulnerável.

- Hope, está tudo bem, querida. Você não precisa ficar com medo, okay? - Minha voz sai arrastada e cansada.

- Precisamos agir. - Jason diz ao meu lado.

Não me viro pra encará-lo. Estou preocupado demais com a garotinha assustada vagando pela sala de jantar.

- O que está acontecendo? - Charlie é o primeiro a se manifestar. - Por que nós...

- Vocês todos estão sentindo isso? - Ariel parece em pânico.

- Fiquem calmos, não é tão ruim quanto parece. - Jason intervém.

- Tio, eu estou com medo. - Sinto os bracinhos finos de Hope se agarrarem em mim. Não consigo me mexer.

- Está tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem. - Sussurro, torcendo pra que seja verdade.

- Ah, isso sim é uma reunião de família.

Meu corpo gela ao reconhecer a voz fria. De pé, bem no centro da mesa, Vincent Lennox surge como um demônio na escuridão.

- Lennox. - Eu e Jason lamentamos em uníssono.

O sorriso de escárnio dele se abre lentamente enquanto passa os olhos por cada um na mesa, nos analisando. Hope se agarra ainda mais em mim.

- Embora, eu deva admitir, a presença da pestinha não seja muito conveniente.

- Hope, meu amor, eu preciso que você ajude o titio, tudo bem? Nós vamos jogar um novo jogo.

- Eu não quero jogar agora, titio. - Ela soluça com o rosto enterrado em meu braço.

Eu devia protegê-la.
Devia proteger sua inocência e nunca deixar ela correr nenhum perigo.

- Eu preciso que você jogue, meu amor. Por favor.

Mas ela é uma Martinelli.
Ela nunca vai deixar de correr perigo.

- Eu preciso que você vá lá pra cima e se esconda o melhor que puder, okay? Você só vai poder sair quando eu for te buscar.

- Eu não quero, titio, eu quero ficar com você. - Sua voz sai abafada. - Você prometeu que ia se cuidar, prometeu que ia cuidar dele.

A culpa me esmaga.

- Eu sei, querida, eu sei. E eu prometo que nós ficaremos seguros, eu prometo. Mas você precisa ir lá pra cima e se esconder. Por favor, Hope.

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