"Ninguém nunca escuta, este papel de parede brilha
Um dia, eles verão o que se passa na cozinha
Lugares, lugares, vão para os seus lugares
Vista seu vestido e coloquem seus rostos de bonecas
Todos pensam que nós somos perfeitos
Por favor, não deixe eles olharem através das cortinas"- Dollhouse, Melanie Martinez.
CHRISTOPHER MADDOX.
- Mamãe?
A voz de Hope me tira do transe surdo e perturbador. Tento mexer minhas mãos, mas a única coisa que consigo é um tremor nos dedos.
Meu coração bate em um ritmo doloroso, e uma dor de cabeça infernal começa a martelar no fundo da minha mente. Fomos envenados.
Usando um grande esforço, consigo mover minha cabeça pro lado. Todos estão paralisados, cheios de expressões assustadas.
O pânico se alastra dentro de mim quando percebo que Hope parece ser a única a não ter sido afetada. E ela está sozinha, desprotegida e vulnerável.
- Hope, está tudo bem, querida. Você não precisa ficar com medo, okay? - Minha voz sai arrastada e cansada.
- Precisamos agir. - Jason diz ao meu lado.
Não me viro pra encará-lo. Estou preocupado demais com a garotinha assustada vagando pela sala de jantar.
- O que está acontecendo? - Charlie é o primeiro a se manifestar. - Por que nós...
- Vocês todos estão sentindo isso? - Ariel parece em pânico.
- Fiquem calmos, não é tão ruim quanto parece. - Jason intervém.
- Tio, eu estou com medo. - Sinto os bracinhos finos de Hope se agarrarem em mim. Não consigo me mexer.
- Está tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem. - Sussurro, torcendo pra que seja verdade.
- Ah, isso sim é uma reunião de família.
Meu corpo gela ao reconhecer a voz fria. De pé, bem no centro da mesa, Vincent Lennox surge como um demônio na escuridão.
- Lennox. - Eu e Jason lamentamos em uníssono.
O sorriso de escárnio dele se abre lentamente enquanto passa os olhos por cada um na mesa, nos analisando. Hope se agarra ainda mais em mim.
- Embora, eu deva admitir, a presença da pestinha não seja muito conveniente.
- Hope, meu amor, eu preciso que você ajude o titio, tudo bem? Nós vamos jogar um novo jogo.
- Eu não quero jogar agora, titio. - Ela soluça com o rosto enterrado em meu braço.
Eu devia protegê-la.
Devia proteger sua inocência e nunca deixar ela correr nenhum perigo.- Eu preciso que você jogue, meu amor. Por favor.
Mas ela é uma Martinelli.
Ela nunca vai deixar de correr perigo.- Eu preciso que você vá lá pra cima e se esconda o melhor que puder, okay? Você só vai poder sair quando eu for te buscar.
- Eu não quero, titio, eu quero ficar com você. - Sua voz sai abafada. - Você prometeu que ia se cuidar, prometeu que ia cuidar dele.
A culpa me esmaga.
- Eu sei, querida, eu sei. E eu prometo que nós ficaremos seguros, eu prometo. Mas você precisa ir lá pra cima e se esconder. Por favor, Hope.
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Knockout #2
DragosteQuando somos crianças, nos ensinam a distinguir entre um herói e um vilão, o bem e o mal, um salvador e uma causa perdida. Mas e se a única diferença real for apenas quem está contando a história? Cinco anos se passaram desde a fatídica noite de 24...