Andressa 🍭
Quando cheguei na casa do Coronel, fui direto beber água e ele se jogou no sofá. Não deu nem se quer cinco minutos que havíamos chegado e a porta bateu, ele foi abrir e eu me sentei na sala, quando ouvi a voz da Beatriz respirei fundo e ao ver o Coronel entrar com a Clara nos braços me fez encarar ele.
Andressa: De novo? - Questionei.
Coronel: Ela tá ajudando o pai na cirurgia.- Justificou.
Andressa: E por que você, cara? Já que você adora bancar luxo pra ela, deveria bancar uma babá também.- Falei me levantando.
Só havia se passado dois dias que estávamos juntos, ontem foi o dia da ultrassom da Luana e amanhã de tarde ela iria embora com o Gaspar, mas eu pensava seriamente em ir junto.
Eu estava irritada e incomodada, havia tido uma leve conversa com o Coronel e descobri que ele dava dinheiro pra Beatriz, pra o que ela dizia ser pra menina. Mas me deixava bolada, porque ele sabe que não é filha dele, se nega a fazer a merda do teste, e continua bancando a mulher.
Coronel: Eu não banco luxo de ninguém, eu só dou dinheiro pra minha...-Parou de falar aos poucos.
Andressa: Pra sua o que, Coronel? Você sabe mais do que eu que essa criança não tem seu sangue correndo nas veias. Se você quer bancar ela e a mãe dela por pura caridade ou seja lá o que for, pode fazer... Mas eu não vou assistir e aplaudir isso.
Coronel: Se tu tivesse oportunidade de ajudar uma criança não ia ajudar? - Falou colocando a menina sentada no sofá, que olhava pra gente sem entender nada e eu acabei me acalmando por causa do olhar dela.
Andressa: Se você comprasse as coisa pra ela, eu entenderia. Mas você dá dinheiro nas mãos da Beatriz e nem você acredita no papo que é pra comprar as coisas pra essa criança. Você faça o que você quiser quanto a isso, só não vou tá aqui pra prestigiar.
Coronel: É como se eu não tivesse perdido minha filha, como se o máximo de experiência sendo pai que eu tive foi de cinco minutos.- Falou quando eu abri a porta.
Andressa: Você já perdeu uma filha? - Parei, olhando pra trás.
Coronel: Uma filha e uma mulher, eu nem cheguei a dar um nome pra criança.- Falou se sentando no sofá e pegando a Clara.- Toda essa história que a Beatriz inventou mexeu comigo de alguma forma, porque as vezes eu só queria que fosse verdade. E desde que a Clara chegou, tem melhorado muito bagulho aqui.
Andressa: Não é como se substituísse, você não pode querer curar o vazio de uma com a outra.- Fechei a porta, respirando fundo e sentei no sofá novamente.
Coronel: Daqui uns dias ela vai embora, tudo volta ao normal.- Respondeu seco.
Andressa: E se ela não for? Se você se apegar a ela? - Apontei pra ela que tava com o brinquedo de morder na boca.- Você só vai aceitar e assumir? Ela e a mãe dela, como se você pudesse usar isso pra cobrir o que aconteceu no passado?
Coronel: Eu não vou assumir a Beatriz, eu estou com você, Andressa.- Falou sério.
Andressa: Mas e a Clara? - Toquei nos cabelos ralo da menininha de dois anos fazendo ela me encarar.- Você assumiria ela?
Coronel: Eu já fiz o teste, assim que ela chegou aqui. Não falo pra ninguém porque não gosto de justificar esses bagulhos, nem deveria tá falando pra tu! - Me olhou.- Assim que o pai da Beatriz tomar rumo na vida, ela vai meter o pé daqui.
Andressa: Dá pra ver que ela gosta de você, não é justo você deixar ela se apegar sabendo que logo ela vai ter que ir embora.- Me referi a Clara.- Eu não quero que você ache que eu tô com ciúmes de uma garotinha de dois anos, se parece isso é péssimo...- Ele me olhou concordando com a cabeça.- Você só tem que pensar nas consequências do depois.
Ele se calou olhando pra Clara que tava tentando ficar em pé, ele ajudou ela mas logo suas pernas dobraram e ela deitou no peito dele ficando quietinha e fechando os olhos, ou tentando lutar pra não dormir.
Coronel: Ainda vai embora? - Falou um tempo depois, baixo.
Andressa: Se você quiser continuar com tudo isso eu prefiro ir com a Luana amanhã, mas se você quiser resolver tudo como tem que ser resolvido, eu fico...- Falei olhando pro nada.
Coronel: Eu tô perguntando de hoje, de agora.- Falou sério me fazendo revirar os olhos.
Andressa: Você gosta dela? - Ele ficou calado.- Da Beatriz.- Coronel continuou calado me encarando.
E assim se fez, ele passou longos minutos me olhando enquanto esperava uma resposta. Era impossível eu usar "quem cala, consente." com ele, porque o seu silêncio me dizia mil coisas e ao mesmo tempo nada.
Coronel: Eu gosto de você.- Falou um tempo depois.- Eu tô com você, dividindo a parte mais fudida da minha vida contigo, não acho que isso deveria ser uma dúvida depois de eu te contar o que só duas pessoas sabem.
Andressa: Mas é isso que os casais fazem, conversam, se entendem, compartilharam traumas e tá tudo bem. Isso tudo me deixa com um medo fudido, começamos agora e eu não quero errar com você, nem estragar o nosso nós que está bonito até agora.
Coronel: Eu não quero que esse bagulho acabe. Tu não tá ligada no quanto esse sentimento tá sendo sincero aqui, no papo mais transparente que eu posso te dar! - Falou olhando pra Clara, que tava dormindo.
Andressa: Quando lá na praia, você me disse que não pensava sobre ter filhos, era verdade ou só prefere evitar pra não ficar mal?
Coronel: Prefiro não abrir o bico pra não lembrar, martelar a cabeça com coisa errada! É por isso que eu falei, a Clara me fez pensar sobre isso, porque antes eu não conseguia nem me imaginar abrindo um espaço pra isso.
Concordei com a cabeça olhando pra ele observar a Clara dormindo, me aproximei dele dando um beijinho no seu rosto e tudo que eu quis expressar com aquele beijo foi: "Obrigada por confiar em mim a ponto de me contar isso, eu sei o quão duro e complicado deve ter sido, quando quiser conversar sobre, eu vou estar aqui a qualquer momento." E foram essas minhas palavras que passearam da minha boca até o ouvido dele, que me olhou me dando um sorriso.
O que eu amava, e mal via.
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Química Bandida
RomanceHistória do Coronel e Andressa. Ele sempre foi fechado, na dele, odiava tudo aquilo que tirava ele do seu conforto. Já ela, sempre amou ser atenção, sempre amou se sentir visualizada. Talvez opostos demais para ficarem juntos e indecisos demais pa...