Pedro Alves:
Quando entrei em casa, o silêncio acolhedor me envolveu como um abraço suave. A exaustão pesava em cada músculo do meu corpo. Mal tive tempo de tirar os sapatos antes de me jogar na cama, sem sequer me importar em trocar de roupa ou apagar as luzes. O colchão parecia engolir o cansaço acumulado, e assim que minha cabeça encostou no travesseiro, o mundo ao meu redor desfez-se em escuridão.
O sono veio imediatamente, como um alívio desesperado. Nenhum pensamento conseguiu se formar, nenhum eco da missão ou das responsabilidades. Pela primeira vez em dias, deixei tudo para trás, afundando em um sono profundo e implacável, onde o peso das minhas preocupações não conseguia me alcançar.
— Pedro, levante-se. Vai acabar perdendo o seu horário, Pedro — ouvi a voz familiar da minha mãe enquanto ela me dava um tapinha no rosto. O tom de sua voz era urgente, e logo depois veio um grito.
— Mãe, estou tão cansado. Não aguento acordar nesse horário... Lembre de me acordar daqui a meia hora — murmurei, ainda confuso, abrindo os olhos devagar. A sensação de estar preso entre o sono e a realidade me dominava, e tudo que eu queria era mais alguns minutos de descanso.
Mas então, o segundo tapa veio com mais força, me tirando imediatamente do torpor. Saltei da cama, olhando para ela incrédulo, mas já sabia que não havia como voltar atrás. A expressão de minha mãe estava determinada, como sempre.
— Acorde, Pedro! Você já dormiu o suficiente. Quanto mais você dorme, mais cansado vai ficar. E por que ainda está com esse comportamento? Sério, se apresse. Samuel já está tomando café da manhã com seu pai, esperando você para a viagem. — Sua voz era rápida e prática, o tom firme de quem não tolera preguiça. Enquanto falava, ela pegou um livro de língua chinesa que havia comprado recentemente, enfiei-o na minha mala sem cerimônia. — Isso vai ajudar o Samuel, afinal, você prometeu ensiná-lo outra língua, lembra?
Eu mal tive tempo de reagir. Dormir parecia tão tentador depois de ter chegado em casa na madrugada, completamente esgotado. Meu corpo inteiro doía, cada músculo implorando por mais algumas horas de repouso.
— Ainda pensando na vida? — minha mãe continuou, sem paciência. — Vamos, Pedro! Samuel vai acabar dizendo que você não cumpre suas promessas! — Ela jogou algumas roupas sobre mim com pressa. — Vá se arrumar, agora!
Suspirei, sabendo que argumentar era inútil. Levantei e fui direto ao banheiro para fazer o básico. Quando terminei, mal tive tempo de respirar antes que minha mãe abrisse a porta novamente, me puxando pelo braço.
Corremos pelo corredor, e a risada de Samuel ecoava pela casa, vindo da cozinha. Quando entramos, ele e meu pai se viraram para me encarar. Samuel estava com um sorriso largo, e meu pai, com sua expressão severa de sempre.
— Finalmente decidiu levantar da cama — meu pai disse, sua voz carregada de reprovação. — Te criei para acordar com o sol, não quando já está no alto.
— Sim, eu sei... — resmunguei, pegando uma xícara de café. — Tive um problema com meu horário por causa de papeladas da empresa e... ser um bom espião tem seus custos. Preciso lidar com os vilões e tudo mais.
Samuel, sempre atento e curioso, arregalou os olhos, cheio de entusiasmo.
— Pai, como foi sua missão? — perguntou, deixando a colher de lado e empurrando a tigela de cereal para longe. — Você teve que socar a cara de alguém?
Eu percebi recentemente que Samuel ficava animado demais quando eu contava histórias de missões. Para ele, as partes mais interessantes sempre envolviam o uso de força bruta, mesmo que eu evitasse esses detalhes.
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Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família Alves
Любовные романыConnor Wessex em um certo dia, depois de sair para resolver alguns assuntos da empresa do seu pai, conhece um garoto adorável e o salvou. Foi assim que se viu entrando na vida da família e construindo um relação de amizade com o pai do garoto e lent...