Capítulo Vinte e Dois

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Pedro Alves:

Depois de meia hora conversando com Alice, consegui finalmente acalmar as coisas. Ou pelo menos diminuir sua vontade de matar Caio, o que já era um progresso. Agora eles podiam ficar no mesmo espaço sem que eu temesse um cenário de batalha.

— Pronto, já fiz a minha parte acalmando uma das feras da nossa família. Agora, pode ir me dizendo o que Dylan falou — Vincenzo disparou, apontando o dedo na minha direção. Era claro que ele estava ansioso, quase impaciente, para saber mais sobre a conversa com Dylan.

Antes que eu pudesse responder, Caio, sempre com o comentário na ponta da língua, retrucou de onde estava sentado, o mais distante possível de Alice.

— Ainda apegado a esse rapaz, hein? Pelo visto, ele te pegou mesmo de jeito — disse, soltando uma risadinha, e Alice apenas o olhava de canto, em silêncio.

Vincenzo, tentando manter a pose, fingiu desprezo. — Só estou curioso para saber o que alguém sem graça como o Pedro tem para falar com ele — disse, com um tom desdenhoso que me fez querer socá-lo no momento.

Respirei fundo, tentando me manter calmo. — Ele disse que está precisando de ajuda com as informações do trabalho, e também pediu para que eu te avisasse para parar de ligar pela manhã ou enviar mensagens. Aparentemente, todos os pensamentos dele sobre você são... errados. — Respondi, entregando o celular para que ele pudesse ver por si mesmo.

Vincenzo pegou o celular, com o rosto um pouco mais pálido. Analisava cada palavra na tela com uma seriedade incomum, enquanto tremia de raiva silenciosa. Nesse meio tempo, Caio e Alice explodiram em risadas, incapazes de se conter.

— Ah, é ótimo ouvir isso! — Alice disse, já voltando ao seu tom habitual, com um sorriso que parecia iluminar a sala. — Vincenzo incomodando alguém com as mensagens, que novidade!

Ela se levantou e veio até mim, espiando a tela do celular, aproveitando o momento para ver algumas das mensagens trocadas. Alice balançou a cabeça em incredulidade.

— Sério, Vincenzo, você está mais doido do que o normal — ela disse, com um misto de preocupação e diversão.

Vincenzo abaixou a cabeça, parecendo um pouco perdido. — Tá, tudo bem. Eu vou parar com isso... — Ele parecia genuinamente arrependido, mas nós sabíamos que essa fase passaria rápido. — Só que... ele disse que eu tenho essa mania de levar diferentes pessoas pra cama porque eu tento compensar algo.

De repente, memórias antigas começaram a voltar. Vincenzo não era sempre assim. Houve um tempo em que ele era um garoto apaixonado, antes de tudo virar essa confusão. Ele tinha se apaixonado por um rapaz que, segundo todo mundo, tinha uma personalidade peculiar. Sempre usava as mesmas roupas e falava o mínimo necessário, mas era incrivelmente talentoso na empresa onde trabalhavam. Esse rapaz foi o primeiro a rejeitar Vincenzo de forma tão brutal, dizendo que os sentimentos do meu irmão não eram correspondidos, e que ele não era o tipo de pessoa para se envolver. Depois disso, ele desapareceu da empresa, e Vincenzo nunca mais foi o mesmo.

— Pronto, pronto — Vincenzo murmurou, ainda em voz baixa, com as sobrancelhas franzidas. — Já disse que sinto muito. Agora, por favor, podemos parar de falar sobre esse assunto?

Todos nós ficamos em silêncio por um momento, surpresos com a reação dele. Vincenzo raramente mostrava vulnerabilidade, e vê-lo assim, tão abatido, era um choque. Ele nos encarou de volta, confuso com nossas expressões.

— O que foi? Nunca me viram agir assim antes? — ele disse, tentando soar irritado, mas sem muita convicção. — Vão fazer algo de útil nas vidas de vocês!

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora