Pedro Alves:
Olhei atentamente para Caio e Vincenzo, ambos de pé como se estivessem compartilhando uma piada interna. A situação parecia surreal, quase cômica, e eu tive que lutar contra a vontade de dar um tapa na nuca do meu irmão mais novo por sequer pensar em algo tão absurdo. Ele realmente achou que essa era uma boa ideia? Meu Deus, às vezes eu me pergunto como ele chegou até aqui.
— Espera aí, deixa eu ver se entendi. — Cruzei os braços, tentando conter o misto de frustração e descrença que borbulhava dentro de mim. — Você roubou o soro do laboratório da agência... pra interrogar o Rocky por conta própria... em vez de simplesmente capturá-lo e entregá-lo direto pra gente? Sério, Caio? Tem algum problema na sua cabeça?
Caio só deu de ombros, como se eu tivesse acabado de perguntar algo trivial, tipo se ele queria pizza pro jantar. O que só me deixou mais irritado. Eu queria uma explicação, algo que fizesse isso tudo ter o menor sentido possível.
— Caio, — insisti, minha voz ficando mais firme. — Eu realmente preciso de uma explicação agora. Você, por favor, poderia me contar tudo?
Ele olhou pra mim, tão relaxado quanto sempre, pegou o copo da minha mão como se estivéssemos em um almoço casual de domingo e não no meio de uma confissão de crime. Derramou um pouco mais de água no copo, me devolveu com um sorriso e, com a mesma calma desconcertante, serviu um copo pra si mesmo.
— Claro, claro. Vou contar tudo. — Ele falou com uma gentileza que só aumentava a minha vontade de arrancar respostas mais rápidas.
Eu não conseguia acreditar no quão despreocupado ele parecia. Vincenzo, ao meu lado, olhava para Caio com aquela expressão que só irmãos mais velhos têm quando observam o irmão caçula fazer algo estúpido, mas de um jeito tão descarado que era difícil não achar um pouco engraçado — se não fosse tão sério, claro.
— Sabe, — continuei, tentando não perder a compostura enquanto Caio bebia água calmamente, — você tá agindo como se não tivesse roubado um dos nossos maiores recursos do laboratório. Pra interrogar alguém que deveria estar preso, não no seu porão improvisado!
Vincenzo apenas suspirou, balançando a cabeça enquanto observava Caio, incrédulo com a ousadia. Nosso irmão mais novo parecia completamente alheio à gravidade da situação. Ele não estava só relaxado, ele estava folgado, como se isso fosse um detalhe insignificante do dia. E, honestamente, essa calma dele estava me irritando mais do que o próprio ato de roubar o soro.
— Caio, você usou um soro da verdade misturado com um tranquilizante no Rocky, que por acaso é aliado de uma das nossas maiores inimigas, e você acha que está tudo bem? — continuei, meu tom de voz subindo uma oitava sem eu nem perceber.
— Qual parte disso te pareceu uma boa ideia?
Caio, é claro, apenas deu outro gole na água antes de responder.
Caio soltou um suspiro vitorioso, como se tivesse acabado de fazer a revelação do século:
— Tivemos uma resposta. — Ele disse com aquele ar de quem se acha um gênio. Eu contei até vinte mentalmente para não bater na cabeça dele, mesmo que a vontade fosse absurda. Como ele podia ser tão inconsequente?
— Seu pequeno... — murmurei, quase rindo de nervoso enquanto minha paciência se esgotava. — Quem eram aqueles caras? Onde estão agora?
Voltei meu olhar para meus dois irmãos, como se estivesse esperando que algum milagre caísse do céu com uma explicação mais sensata. Mas, claro, esse milagre não veio.
— Se está falando dos irmãos, Synkie e Pierre, Synkie era um assassino de aluguel, enquanto Pierre faz qualquer coisa por dinheiro, igualzinho ao irmão. Eles são leais à Lilly, que os enviou para vigiar o Rocky e matá-lo, caso algo saísse do controle. — Caio respondeu, como se estivesse comentando o clima, ignorando completamente a gravidade da situação. — Mas, graças à minha incrível agilidade de leopardo, capturei os dois antes que tivessem a chance de se suicidar para evitar cair na nossa custódia.
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Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família Alves
RomanceConnor Wessex em um certo dia, depois de sair para resolver alguns assuntos da empresa do seu pai, conhece um garoto adorável e o salvou. Foi assim que se viu entrando na vida da família e construindo um relação de amizade com o pai do garoto e lent...