Capítulo Quarenta e Sete

253 57 0
                                    

Pedro Alves:

Senti uma enorme vontade de socar meus irmãos naquele momento. Onde diabos estavam quando era hora de seguir o meu plano, que envolvia entrar aqui em completo silêncio, sem chamar atenção? Tudo tinha sido minuciosamente pensado, e agora, cá estávamos, com uma entrada barulhenta digna de filme de ação.

Eu sabia que eles sempre optariam pela força bruta, mas não podia deixar de sentir aquela frustração subir pela minha espinha. Respirei fundo, tentando acalmar os nervos. Não era hora para brigas internas. Eu precisava me concentrar em tirar Connor e os outros daqui, sãos e salvos.

O som de vidro e pedaços de gesso ainda ecoava na sala, e o caos ao redor me fez lembrar que não tínhamos muito tempo. Soldados estavam se espalhando, gritos ecoavam pelos corredores, e o ar cheirava a tensão e poeira. Vincenzo e Caio, meus irmãos, estavam ali com aquele sorriso vitorioso de sempre, prontos para arrebentar qualquer um que cruzasse o caminho deles.

— Vocês não conseguem entrar como pessoas normais, não? — murmurei, mais para mim do que para eles, enquanto pegava uma arma caída no chão e a preparava. Precisávamos fazer isso rápido.

Abaixo de nós, vi Lilly com sua expressão calma, aquele ar natural de quem sempre tem um plano na manga. Então, como se para provar que eu estava certo, ela sorriu de canto, e sua voz ecoou com uma intensidade que fez a parede ao nosso redor estremecer.

— Soltem minhas criaturas! Peguem esses idiotas também! — ela gritou, e o som foi seguido de um tremor ainda maior do que o causado pela explosão que meus irmãos haviam provocado minutos atrás.

Por um momento, tudo ficou em silêncio, como se o tempo tivesse parado. Mas logo em seguida, notei algo se movendo. Criaturas grotescas, deformadas, começaram a emergir de uma pequena porta no canto da sala, como sombras que caíam do céu. Pareciam pássaros enormes, mas à medida que se aproximavam, percebi que não eram aves. Eram algo muito pior.

Essas coisas, com asas de couro rasgado, cabeças triangulares e bocas cheias de dentes serrilhados como os de um tubarão, avançavam diretamente para nós. As garras brilhavam ao refletir a luz fraca do ambiente, afiadas como lâminas prontas para rasgar qualquer coisa que se interpusesse em seu caminho.

Um dos monstros pegou uma arma dourada e subiu em uma pedra, preparando-se para atacar. Quando ouvi o disparo da arma, Caio já estava em ação. Ele atacou o primeiro monstro que chegou perto de nós com sua faca, cortando o topo do crânio da criatura como quem corta a casca de um ovo. O grito agudo da besta foi ensurdecedor, e ela caiu no chão, suas asas se debatendo em espasmos.

Mas isso apenas enfureceu as outras. Um segundo monstro avançou contra Vincenzo, deixando garras profundas em seu corpo. Gritei, impulsionado pela adrenalina, e avancei com tudo, puxando meu equipamento para combater o próximo. Mas antes que eu pudesse fazer algo, uma das criaturas mergulhou sobre mim com a velocidade de uma flecha. Suas asas batiam com força, e quando ela se aproximou, percebi que não tinha olhos, apenas entalhes em ambos os lados do crânio.

Eu lutei contra ela, disparando e tentando enfiar a adaga em seu peito. Cada golpe era uma batalha para manter o controle, até que, com um último esforço, cravei a adaga no peito da criatura. Ela caiu no chão com um baque surdo, e eu me levantei rapidamente, olhando para onde Connor estava.

Ele ainda era mantido como refém por um soldado que o segurava pelo pescoço. Minha raiva aumentou, e antes que pudesse agir, um garoto surgiu por trás do soldado e mordeu seu pescoço, forçando-o a soltar Connor.

— Ora seu... — murmurei, disparando contra a perna do soldado, que caiu ao chão, gemendo de dor.

O garoto cuspiu sangue enquanto se levantava, um caco de vidro cravado em sua panturrilha. Ele o puxou sem hesitar, jogando-o no chão. Um outro rapaz se aproximou e ajudou Connor a se levantar, mas não pude deixar de notar algo estranho. O sangue do garoto brilhou com pequenas faíscas de eletricidade. Talvez ele fosse um dos soldados de Lilly, mas, pelo visto, estava fora do controle dela agora.

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora