Capítulo Vinte e Nove

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Pedro Alves:

Vejo como Samuel estava se divertindo enquanto fazíamos compras. Ele fazia questão de nos manter próximos, sempre entrelaçando suas mãos às nossas, caminhando entre mim e Connor, como se quisesse garantir que estivéssemos todos juntos. Eu não conseguia evitar sorrir ao ver o quanto ele se empenhava nisso, e cada vez que olhava para Connor, que caminhava ao meu lado com aquele sorriso que só parecia crescer a cada segundo, meu coração acelerava.

Era um momento tão simples, mas ao mesmo tempo tão cheio de significado. Eu podia sentir o quanto esse pequeno ato – fazer compras juntos – se transformava em algo especial para nós três.

— Então, já pegamos o frango e os ingredientes. Está faltando mais alguma coisa? — Connor perguntou, olhando para mim com aquele olhar sempre atento, antes de voltar sua atenção para Samuel, que estava completamente encantado por um bolo de chocolate branco que viu na vitrine da padaria.

— Que tal levarmos o bolo para a sobremesa? — perguntei em voz baixa, me abaixando um pouco para ficar na altura de Samuel, cujos olhos brilharam ainda mais quando se voltaram para mim.

— Podemos mesmo? — ele perguntou, claramente surpreso, o que fez Connor soltar uma risada suave. — Quero dizer, doces são para pessoas que se comportam bem, certo?

Eu olhei para Connor, que estava claramente se segurando para não rir mais, e voltei minha atenção para Samuel, apertando seu ombro com carinho.

— Você se comportou bem, e como vamos ter um convidado especial para o jantar, acho que seria uma boa ideia levarmos uma sobremesa — falei, piscando para ele, o que fez um sorriso enorme surgir em seu rosto. — Mas, lembre-se, isso é só dessa vez. Das próximas vezes em que o Connor vier passar a noite, não vamos exagerar nos doces, certo?

— Concordo plenamente! — Samuel disse, animado, quase saltando de alegria.

Connor riu, pegando o bolo e colocando-o no carrinho com um sorriso nos lábios.

— Então, quer dizer que você está planejando me ver mais vezes — Connor comentou, me lançando um olhar divertido. — Está me convidando para dormir mais dias na sua casa, é isso?

Eu sorri, um pouco envergonhado, mas ao mesmo tempo feliz com o rumo da conversa.

— Bem, pode ser o início de algo, não é? — respondi, deixando um sorriso surgir no meu rosto também. Não pude evitar quando Connor se inclinou e me deu um beijo suave na bochecha.

— Então vou aceitar seu plano — ele respondeu, com aquele brilho travesso nos olhos, enquanto empurrava o carrinho. Samuel, logo atrás dele, já estava tagarelando sobre como seria a receita para o jantar, discutindo os ingredientes com Connor como se fosse um pequeno chef.

Enquanto os observava, não pude evitar me sentir completamente envolvido por aquele momento. A leveza, o humor, e o jeito natural como tudo estava acontecendo entre nós. Não era apenas sobre o que estávamos fazendo, mas sobre a sensação de pertencimento, de estar criando algo que ia além de uma simples refeição ou sobremesa. Era sobre estar juntos, construindo algo com cada pequeno gesto, cada risada, cada troca de olhares.

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Enquanto dirigíamos de volta para casa, minha mente começou a vagar para um tempo antes de Samuel, antes de Connor, e antes de me envolver com Kara. A casa onde eu morava sozinho naquela época era um lugar frio, vazio, onde as coisas tinham pouco a ver com "viver". Sempre gostei de manter tudo arrumado, mas a verdade é que era um espaço essencialmente funcional, sem alma, sem propósito real além de ser um abrigo.

Kara, porém, trouxe pequenos raios de luz para aquele vazio. Ela sempre aparecia com acessórios, bonecas, ou pequenas lembranças, enchendo o lugar com coisas que pareciam destoar completamente da frieza do meu apartamento. Ela sempre perguntava, de forma meio descontraída, meio crítica: "Por que as pessoas vivem em lugares tão desolados?" Era uma pergunta que me fazia pensar, mas na época eu não tinha uma resposta. Eu simplesmente vivia.

Espião Amoroso (MPreg) | Livro 1 - Família AlvesOnde histórias criam vida. Descubra agora